Em fase de acabamento, a obra do novo Presídio Estadual deverá ser concretizada no início de 2019. Uma realidade cheia de esperança e de dúvidas. As mudanças que essa obra trará para a cidade é indiscutivelmente promissora. Com uma superlotação de 300%, o presídio atual é deficiente em segurança, recursos e a localização é facilitadora no que diz respeito à fuga, entrada de produtos ilícitos e aparelhos celulares, visto que constantes ocorrências são registradas na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) apontando para a apreensão de materiais que são jogados para o pátio da casa prisional, hoje, localizada na área central de Bento Gonçalves.
Os dados do Ministro da Segurança Pública mostram que a população carcerária brasileira aumenta 8,3% ao ano. Nesta perspectiva, o país deve fechar o ano com 841 mil presos, e, até 2025, deverá ser maior do que a população das cidades de Goiânia e Belém. Afirmação forte, porém, realista, visto que de 420 lugares no Novo Presídio Estadual, 320 já estão ocupados. Sem a certeza de que apenados que estão fora, retornem, o aumento ou não deste número vai depender da nova administração da Susepe, assim como vários fatores de suma importância, que serão definidos somente após o novo secretário de segurança ser anunciado.
A obra foi construída para evitar esses problemas que são tão recorrentes no prédio atual. Conforme as autoridades, o novo presídio foi formatado com um sistema automático de abertura e fechamento das celas, com o intuito de evitar, teoricamente, alguns problemas como a chave cair nas mãos de detentos, e também para oferecer maior segurança aos carcereiros – que precisarão intervir somente em casos de desobediência, o que agravaria a situação em gênero, número e grau. Além de contar com um pátio totalmente cercado pelo prédio, e um terreno de difícil escavação, as intenções de fuga são quase nulas.
Apesar de ser a realidade da maioria dos outros presídios, a nova localização será um ponto de dificuldade, que deverá ganhar atenção. Por mais que as famílias visitantes tenham, segundo o Secretário Marinho, o transporte público regular – ainda sendo negociado com as empresas, fazendo com que as linhas que vão até a praça do Barracão passem no novo presídio – e um local destinado a elas na chegada, essa mudança levará tempo para tornar-se adaptável. A sociedade precisa fazer esses questionamentos: há previsão de quantas linhas de ônibus, as famílias terão de pegar, até chegar ao presídio? Como será a recepção dessas pessoas, visto que hoje fazem fila no portão, ocupando a noite da rua Assis Brasil, com seus acampamentos?
Precisamos estar otimistas com a concretização dessa obra, que levou anos para que saísse do papel. Apesar dos inúmeros benefícios que a obra trará para a cidade, paira a incerteza de planos e resoluções que estão mais no papel e nas mãos de um novo governo. No entanto, como sociedade que paga o seu imposto, devemos cobrar também dos governantes, medidas que apontem para a solução da causa e não apenas do problema. Fiquemos na expectativa, aguardando o desenrolar dos próximos capítulos que deverão iniciar no dia 1º de janeiro de 2019, quando entra um novo governo, uma nova equipe, torcendo para que novas incertezas fiquem apenas nos pensamentos e que soluções definitivas sejam encontradas para ofertar à Bento Gonçalves sentimentos de segurança e prosperidade.