Medidas protetivas começaram a valer na segunda-feira, 4 de outubro

Nesta segunda-feira, 4, começou a vigorar uma medida em que transferências e pagamentos feitos por pessoas físicas entre 20h e 6h terão limite de R$ 1 mil. Essa restrição vale para transações por PIX, sistema de pagamento instantâneo, transferências intrabancárias, via Transferência Eletrônica Disponível (TED) e Documento de Ordem de Crédito (DOC), pagamento de boletos e compras com cartões de débitos.

Essa mudança foi aprovada pelo Banco Central ainda em setembro, com objetivo de evitar casos de fraudes, sequestros e roubos noturnos. Contas de pessoas jurídicas não foram afetadas pelas novas regras e aqueles que quiserem ter mais limite, mesmo nesse horário, podem entrar em contato com sua instituição financeira e solicitar abrangência de valor.

Bento e seus casos

Somente em 2021, em Bento Gonçalves, aconteceu um grande número de casos de estelionato. Até outubro, foram 862 registros no sistema de indicadores criminais da Secretaria da Segurança Pública do Estado, que chegaram em forma de ocorrências registradas na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento (DPPA) do município.

Parte desses delitos é praticado através de golpes em que o criminoso se passa por alguém conhecido através de um aplicativo de mensagens ou rede social e solicita dinheiro emprestado à vítima. Em situações assim, pessoas perdem mais de R$ 1 mil de uma só vez, por confiar em alguém que não deveria.

Na Capital do Vinho não faltam exemplos de pessoas que depositam ou transferem dinheiro das mais diversas formas enquanto caem em golpes cometidos por estelionatários ou hackers. No fim de setembro, em menos de duas semanas, pessoas diferentes foram vítimas desse tipo de situação.

Uma mulher de 48 anos teve um prejuízo de cerca de R$ 3 mil após ser vítima de um perfil falso de WhatsApp, no dia 23 de setembro. Alguém estava conversando com ela pelo aplicativo de mensagens se passando por seu sobrinho e solicitou duas transferências, de R$ 1.577,00 e R$ 1.400,00, na qual ela transferiu via PIX.

Já no dia 16, um homem de 55 anos verificou que em suas contas bancárias haviam sido feitas transferências via PIX sem sua autorização, totalizando quase R$ 20 mil. Em contato com o banco, foi dito que as transações foram feitas através de aplicativo de celular, porém a vítima afirma não ter realizado e nem autorizado a terceiros que o fizessem.

Mais proteção para população?

Para a delegada da 1ª Delegacia da Polícia Civil, Maria Isabel, que está em transição de cargo nesta semana, essa mudança não é suficiente por si só para aumentar a segurança nesses casos. “Toda ação que vise dificultar um pouco a ação dos criminosos é válida, mas acredito que os bandidos vão achar algum meio para o delito”, opina.

Para ela, os delinquentes poderão contornar essa barreira do horário em que o limite de valor foi estabelecido. Eles poderão aguardar o tempo para efetuar o delito e cobrar das vítimas um valor maior. Porém, a fixação da regra já serve como um caminho mais tortuoso para os estelionatários seguirem.

Para Isabel, a maior segurança ainda está na conscientização das pessoas. Todos devem sempre desconfiar da abordagem de estranhos ou ditas pessoas conhecidas, principalmente quando o assunto em pauta é documentação, fotos íntimas ou empréstimo de dinheiro.