Conhecido pela calmaria e segurança, residentes gostam de morar no bairro. Porém, suas maiores reivindicações são a melhoria com a infraestrutura do local e desenvolvimento do comércio

O Imigrante faz divisa com os bairros Fenavinho e São Bento. Moradores mais antigos relatam que quando chegaram, o bairro ainda era muito similar a colônia, contando com poucas casas e muitos parreirais. Hoje em dia, a localidade cresce por meio de loteamentos que estão sendo criados, mas os residentes sentem falta de melhorias na infraestrutura e a ausência de um Posto de Saúde.

Tranquilidade é sinônimo

Vinda de Ijuí, cidade localizada no noroeste do estado, Leonilda Gramigna veio para Bento após o marido conseguir um emprego, e desde então vive no bairro Imigrante. “É muito bom, gostamos de viver aqui. Ficamos próximos ao Centro, é tranquilo, os vizinhos são legais, nunca tivemos problemas com segurança. E é isso que importa, porque conseguimos ter uma vida tranquila”, realça.

Sua única reclamação tem a ver com o transporte público, que fora os dias úteis, tem deixado a desejar. “O maior problema é o ônibus, nos feriados e finais de semana tem muito pouco transporte. Quem tem carro vai e a pessoa que depende do ônibus acaba se prejudicando nesses dias, ainda mais quem precisa sair para trabalhar”, expõe.

Teresinha Marcolin chegou aos 13 anos no bairro e nunca pensou em se mudar, justamente por gostar muito do local, mas entende que o desenvolvimento no bairro é necessário e o aumento de comércios facilitaria a vida dos moradores. “Ao mesmo tempo que acho que o comércio poderia crescer mais, ter farmácia, posto de saúde, isso são aspectos necessários para atender os moradores do bairro e que faz muita falta”, esclarece.

Relembrando o passado

Neide Del Magro, técnica em enfermagem aposentada, passou a morar no bairro após os pais se mudarem de São Pedro há mais de 40 anos, por conta disso, ela relembra que ao chegar o local era muito diferente do que é atualmente. “Gosto de morar no imigrante, hoje é mais agitado ainda sim é tranquilo, antigamente era mais calmo. Essas casas que existem eram todos parreirais, dos dois lados. Agora melhorou bastante, cresceu muito. Só tinha três residências quando cheguei, foi bom para o bairro este crescimento e isso está resultando em mais loteamentos”, traz.

Neide Dal Magro mora no Imigrante desde a infância e afirma que a tranquilidade é um dos pontos altos

Ela rememora alguns momentos em que viveu no bairro, como a falta de asfalto que se fez presente durante a maior parte de sua vida. “Asfaltaram a rua faz uns dois anos, melhorou bastante. Quando não tinha asfalto sofri muito, ainda mais quando eu estudava. Ia para a escola com dois calçados, porque era puro barro. E demoraram muitos anos para asfaltar, foi um período difícil”, lembra.

Necessidades do bairro

Ijalino Araldi é aposentado, já foi dono do mercado do bairro, e hoje em dia vive a tranquilidade do lugar. Se mudou da colônia para Bento ainda na juventude, e relembra ter sido um dos primeiros moradores dali. “Quando cheguei tinham poucos moradores, havia potreiro, não tinha rua e era puro mato e parreirais. Hoje em dia, em comparação, cresceu muito, mas ele não tem mais tanto espaço assim para crescer”, explica.

Ijalino Araldi viu o bairro se desenvolver, e alega que é necessário melhorias na infraestrutura do bairro

Além disso, ele sente necessidade de algumas melhorias ao longo do bairro, e se preocupa com a possibilidade de acúmulo de água. “A praça e a quadra de futebol ao lado precisam ser mais cuidadas, é o lazer das crianças e o dos moradores. E também, começaram a abrir o loteamento lá em cima onde tiveram problemas com a água. Tem ruas onde não tem esgoto para a água descer e isso pode prejudicar as casas”, alerta.

Renata Simonetti e a mãe Neiva moram no Imigrante, chegaram até ir para Caxias por alguns anos, mas decidiram voltar para Bento e morar no bairro que tanto gostavam. “O sossego daqui é muito bom, quem é daqui pode sair, mas volta. O pessoal gosta muito de viver no bairro, a maioria dos moradores são idosos e viveram toda a vida aqui, o restante chegou depois, mas foi ficando”, exalta Renata.

Neiva compartilha dos mesmos pensamentos da filha em relação ao Imigrante, mas há aspectos que ela gostaria que mudassem. “Sentimos falta do Posto de Saúde, precisamos ir até a Fenavinho para poder consultar o médico. Gostaríamos que funcionasse aqui, facilitaria muito para nós moradores. Outro problema é que nos feriados simplesmente não tem ônibus, e poderia passar mais durante os dias da semana, eles geralmente funcionam horário de pico”, explica.

Nelson Fanton é coordenador da equipe administrativa da comunidade do Imigrante, e mora no bairro há 39 anos, por conta disso, é um grande admirador do lugar. “É uma ótima localização, próximo a tudo. Acredito que o bairro é muito completo, tudo o que precisamos tem ou então o deslocamento é fácil. Os vizinhos são muito legais, e é aqui que me sinto em casa”, indica.
Ele acredita que o que precisa melhorar é a infraestrutura do lugar que não está tão boa, principalmente os locais de acesso dos moradores. “A praça precisa de cuidados porque ela está muito abandonada. Precisa-se definir quem cuida da dela, se é a prefeitura ou a associação dos moradores. Então é necessário ver esta parte para termos este local conservado e bem cuidado”, propõe.

E cobra um melhor acesso a ligação ao bairro Fenavinho, que atualmente conta com uma estrada sem asfalto e bastante limitada. “Seria interessante uma melhora na rua que há ligação com a Fenavinho, porque ela foi aberta, mas está em uma situação muito ruim. É importante porque desafoga o trânsito, sem falar que nós dependemos do Posto daquela localidade e este acesso não é bom”, admite.

Comércio no bairro

O comércio no Imigrante não é tão vasto, já que ele conta com uma lancheria, um bar e um mercado. Alguns moradores pedem por mais locais, já outros acreditam que o que já tem é suficiente e que o restante é possível chegar de carro. Ademir Casagrande é dono de um destes comércios, o principal e único mercado do bairro está há 13 anos com ele e a esposa. “Não conhecia o Imigrante, havia passado algumas vezes só de passagem. Mas é um bairro bom, gente muito boa, pessoal muito pé no chão, porque tem muitos lugares onde as pessoas não cooperam muito. Mas nos adaptamos bem no bairro”, analisa.

Sobre a economia, Casagrande não vê um bom momento, e nota que vem sentindo está dificuldade há alguns anos. “Estamos sobrevivendo, a pandemia dificultou muito. Fora os mercados grandes que nos tiram clientes, baixou bastante o faturamento. Sentimos muito que deixamos de vender, as grandes redes fazem promoções boas e nós não conseguimos alcançar. Hoje, todo mundo tem carro, então se deslocar para outros mercados não é um problema, e as promoções valem a pena, justamente pela situação financeira do povo eles têm que aproveitar. Mas nós não temos como nos igualar nestas promoções”, salienta.

Uma situação chata que está acontecendo são as mudanças de trânsito que ocorreram em frente ao mercado, proibindo o estacionamento de carros na frente do estabelecimento. “Temos clientes que estão deixando de vir, quem estaciona aqui na frente está sendo multado, porque não tem como estacionar. Do outro lado está sempre cheio, e aqui na frente eles levam multa. E isso é muito negativo para nós, porque somos um comércio e afasta as pessoas. Vou ir até o DMT para tentar resolver, pedir uma placa de quinze minutos e aí vai facilitar para todos”, avalia.

Lourdes Invernizzi, atualmente, ajuda o filho com o bar da esquina que está aberto há sete anos. Ambos vieram do interior de Muçum e vivem no bairro já há 40 anos. “Achamos um lugar bom para morar, desde que chegamos nunca mais saímos. O bairro cresceu desde que passamos a morar aqui, quando viemos tinham três, quatro casas. Mas ainda temos poucos estabelecimentos. Acredito que seja porque ele é pequeno, não é um lugar com muitos moradores. Os maiores frequentadores são os residentes daqui”, constata.

E assim como Casagrande, Lourdes não está vendo o ano ser muito bom para quem trabalha com vendas. “As expectativas eram maiores e não foram alcançadas. Acredito que o maior motivo foi o reflexo da pandemia, os preços subiram muito, e isso tudo acaba dificultando para quem tem comércio “, lamenta.

Tamara da Silva e Dieison da Rosa decidiram juntos investir no bairro e abrir o seu comércio

Diferente dos outros estabelecimentos que existem já há alguns anos no local, Tamara da Silveira e Dieison da Rosa decidiram investir no local e abriram sua lancheira há três meses. “É um bairro bom, tem bastante a se desenvolver ainda, a vizinhança é aconchegante, então tem tudo para ser um bom lugar para montar um negócio. Nós já morávamos aqui perto, e conhecemos ele dessa forma”, revela.

Ela nota que a comunidade aderiu o novo comércio e passou a frequentá-lo assim que abriu. “As pessoas gostaram bastante da lancheria e nos acolheram bem. Eles são uma comunidade bem unida também, e nos ajudam. Muitos vêm até aqui e falam que nunca tinham entrado ali antes, porque era um bar, e agora quiseram conhecer”, esclarece.

Escola

O bairro conta com uma escola municipal de ensino fundamental, a Professor Agostinho Brun, que abriga cerca de 219 alunos do jardim até o nono ano. A diretora Érica Soledade explica o funcionamento das turmas. “Nossa escola é pequena, temos uma turma de cada. Pela manhã temos reforços, onde os alunos que sentem dificuldade têm duas aulas extras pela manhã”, explica.

A diretora conta como os estudantes tem estado nos estudos e explica a nova metodologia que está sendo aplicada nos colégios. “Os nossos alunos estão se desenvolvendo bem, a partir do ano passado recebemos aquele material do sete Brasil, que carrega o princípio de todos os colégios terem o mesmo material e se o estudante for transferido, pode levar o seu material para a nova escola. Isso não somente ajudou os estudantes, como também os professores com o planejamento das aulas”, opina.

Mas por mais que os materiais de estudo estejam cada vez mais padronizados, os atrasos vindos da pandemia ainda deixam marcas. “Nós temos sim alunos com dificuldades, mas estamos trabalhando muito com o reforço. E muitos desses atrasos estão ligados à pandemia, foram quase dois anos de ensino remoto. Mesmo que tenhamos entregado os materiais, e feito as aulas online, não é a mesma coisa. Porque a questão da alfabetização precisava do professor perto, os pais até ajudavam, do jeitinho deles e dentro da possibilidade deles”, destaca.

A diretora da escola, Érica Soledad, elogia a estrutura do colégio, mas acredita que após a ampliação ele ficará melhor

A escola já existe algumas décadas, mas Érica conta que o segredo é ir cuidando para que não precisa de grandes reformas. “Estamos sempre fazendo manutenção. Agora estamos esperando a sonhada ampliação, porque nós somos uma escola pequena, precisamos de um auditório, um laboratório de ciências, pois não temos esses recursos aqui. Por isso, a ampliação será bem importante para a escola”, finaliza.