Chuva que caiu no último sábado, dia 5, causou o deslizamento de terra em local onde a prefeitura está realizando uma obra de canalização de esgoto
Uma grande quantidade de lama invadiu diversas residências do bairro Fátima, em Bento Gonçalves, no sábado, 5. Foi a segunda vez, em menos de duas semanas, que as famílias foram surpreendidas pela enxurrada, causada pela chuva que atingiu uma obra de canalização de esgoto. Embora nenhuma pessoa tenha se machucado, famílias relatam prejuízos com móveis e eletrodomésticos, além do receio de ocorrer pela terceira vez.
A costureira Andreia Nicolini da Silva, 44 anos, não estava em casa quando o fato ocorreu. Ficou sabendo pela inquilina, que ligou desesperada. Ao chegar no local, ficou assustada com a cena que encontrou. “Foi assustador. Garantiram que não iria mais acontecer, sendo que no sábado piorou”, afirma.
A casa da Andreia foi uma das mais atingidas. A quantidade de lama foi tão grande, que só do banheiro foram retirados quatro carrinhos de mão cheios de terra. “A lama chegou na altura da máquina. O vaso continua entupido. A pia não desce água”, relata.
Para amenizar a situação, a família contou com a ajuda dos vizinhos, que se mobilizaram na causa. “Tinha muita gente ajudando, uns quinze aqui dentro, tirando a lama. Ficamos umas quatro horas em serviço, só tirando a parte grossa”, conta.
A inquilina, Fabiane Glaner, 35 anos, estava em casa nas duas vezes em que ocorreram os deslizamentos. “Vi que estava vindo água, de repente estourou a porta dos fundos e veio com tudo. Dessa vez foi estrago total. A geladeira e máquina de lavar roupas nem foram ligadas (devido aos danos causados). A estante está caindo quase”, lamenta.
De acordo com a jovem, um agente do Programa de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) já esteve no local, para ver os estragos e dar orientações. “Ele disse pra gente ver tudo que estragou, colocar no papel e pegar três orçamentos de cada e depois levar na Secretaria de Obras, para eles entrarem com um processo, dentro da secretaria mesmo para ressarcir”, relata.
Assustada, a moradora relata o receio de passar pela mesma situação de novo. “Foi um susto. Nem consigo dormir direito, fico até as duas, três horas da manhã acordada, com medo de chover de noite, imagina a gente dormindo e acontecer isso”, afirma.
Também morador do bairro, Ildomar Canton, 41 anos, conta que quando começou a ouvir os barulhos das pedras caindo, já começou a agir, para que a residência não fosse tão atingida. “Da primeira vez não aconteceu nada aqui em casa. Dessa vez eles tinham mexido, deixado a terra solta e começou a chover, caiu na boca dos tubos e trancou. Quando vi, começou a descer água e terra, saltei de enxada e os vizinhos começaram a ajudar, se não tinha entrado tudo dentro da minha casa. Até entrou na área, uns 10 centímetros”, lembra.
Agora, Canton espera que o serviço seja finalizado em segurança. “Quem não fica assustado? Tenho duas crianças, uma de 9 e outra de 2 anos, elas ficaram com medo na hora. Espero que resolvam isso”, finaliza.
O que diz a prefeitura
O secretário de Obras, Carlos Quadros, explica que a obra é uma demanda antiga dos moradores. “Canalização de uma rede de escoamento de água pluvial que liga a região alta do bairro Santa Helena com o Fátima. O objetivo é captar, transportar e drenar a água da chuva, melhorando as condições do local e preservando os recursos naturais existentes na região”, explica.
Sobre a enxurrada de lama, Quadros esclarece o que o motivou. “O grande volume de chuva concentrado em pouco tempo ocasionou o deslizamento de terra e pedras da encosta do terreno, que caíram para dentro da tubulação, obstruindo o sistema, que transbordou, ocasionando uma enxurrada de terra e lama que invadiu os terrenos abaixo do local da obra”, afirma.
Com o fim do serviço previsto para o início da próxima semana, Quadros garante que o problema não deve voltar a ocorrer. “Não houve danos estruturais nas moradias, nem mesmo no restante da rede de escoamento pluvial das ruas próximas. Com a conclusão da obra e com os recursos utilizados não haverá risco nenhum de novos deslizamentos de terra”, assegura.
Logo que o poder público tomou conhecimento do fato, equipes da Defesa Civil, Assistência Social, de Obras e servidores da Prefeitura trabalham no local, realizando a limpeza da rua e das casas.