Durante visita oficial, nesta terça-feira, 5 de dezembro, do presidente da Bolívia, Evo Morales, ao presidente Michel Temer, representantes dos dois países assinaram acordos para combate ao crime organizado e também na área de transporte.

Embora considere um golpe o impeachment de Dilma Rousseff, que levou Temer ao Planalto, Morales manteve contato por questões comerciais — o Brasil é o principal destino das exportações bolivianas, 19% do total.

Na área de segurança foi assinado um acordo de cooperação policial para prevenção e combate ao crime organizado transnacional e qualquer outra manifestação criminosa. O objetivo é estabelecer cooperação policial para prevenir e combater também crimes como terrorismo, tráfico de pessoas, de entorpecentes e de armas de fogo, roubo de veículos, lavagem de dinheiro, crimes cibernéticos e delitos comuns de fronteira.

Foi assinado também um memorando sobre o corredor ferroviário bioceânico de integração, com o objetivo de criar condições para ampliar o tráfego ferroviário entre o Brasil e a Bolívia.

Antes da assinatura dos acordos, Temer e Morales reuniram-se com ministros do Brasil e da Bolívia. Do Palácio do Planalto, os presidentes e as comitivas seguiram até o Palácio do Itamaraty, sede do MRE (Ministério de Relações Exteriores), para almoço oferecido em homenagem a Morales.

De acordo com o MRE, a visita de Morales tem ainda o objetivo de fortalecer a coordenação bilateral em temas como energia, desenvolvimento fronteiriço, integração da infraestrutura física, temas migratórios e consulares, comércio e investimentos.

O presidente boliviano vem ao Brasil também com interesses comerciais relacionados à venda de gás natural. A Bolívia quer expandir seus parceiros comerciais de gás e vender o excedente de produto que não está sendo consumido atualmente pela Petrobras, comprador do gás boliviano. A intenção já havido sido manifestada pelo país vizinho, no início do ano.

Atualmente, o Brasil é o maior parceiro comercial da Bolívia. É também o principal mercado de destino das exportações bolivianas (19%). Em 2016, o intercâmbio bilateral alcançou US$ 2,8 bilhões. A pauta de exportações brasileiras para a Bolívia é diversificada e composta principalmente de manufaturados.

Diferenças

A reunião, no Palácio do Planalto, acontece depois de ter sido adiada duas vezes em razão das cirurgias às quais Temer foi submetido nas últimas semanas.

Aliado dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Evo Morales criticou por diversas vezes o processo de impeachment de Dilma.

No dia em que Dilma foi afastada pelo Senado, por exemplo, ele publicou uma mensagem no Twitter na qual afirmou que o processo de impeachment era um “golpe” parlamentar.

Dois dias antes de Dilma ser destituída do cargo pelo Senado, Evo voltou a comentar o impeachment na rede social.

Ao se dirigir à “irmã Dilma”, o presidente boliviano afirmou que o objetivo do “injusto” processo era “expulsar os pobres, os negros e as mulheres” do poder.