Com a chegada de julho, vem também o Julho Amarelo, mês dedicado à conscientização e combate às hepatites virais. A campanha, que ocorre anualmente, busca alertar a população sobre os diferentes tipos de hepatite (A, B, C, D e E), suas formas de transmissão, sintomas, diagnóstico e tratamento. A iniciativa é fundamental para reduzir a incidência dessas doenças que, muitas vezes silenciosas, podem causar sérios danos ao fígado e até levar à morte se não forem detectadas e tratadas a tempo.
No Brasil, as hepatites virais representam um desafio significativo. Estima-se que milhões de pessoas vivam com a doença sem saber, contribuindo para a sua propagação e para o avanço dos casos mais graves. A falta de informação e o estigma associado a algumas formas de transmissão são barreiras importantes que o Julho Amarelo procura quebrar, incentivando a testagem e o acesso aos serviços de saúde.
Durante este mês, diversas ações são promovidas em todo o país, como palestras, mutirões de testagem rápida e distribuição de materiais informativos. A mobilização visa desmistificar a doença e mostrar que a prevenção e o diagnóstico precoce são as ferramentas mais eficazes para o controle das hepatites virais.
Como surgiu?
A campanha “Julho Amarelo” foi instituída no Brasil pela Lei nº 13.802/2019 e tem por finalidade reforçar as ações de vigilância, prevenção e controle das hepatites virais.
A doença é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.
Nem sempre a doença apresenta sintomas, mas quando aparecem, estes se manifestam na forma de cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Bento Gonçalves
De acordo com a Enfermeira Adriana Cirolini, coordenadora do SAE/CTA – Serviço de Atendimento Especializado e Centro de Testagem e Aconselhamento. “Estes testes podem ser os testes rápidos, que estão disponíveis em todas as Unidades de Saúde e no SAE/CTA. Não é necessária requisição médica, apenas a intenção de realizar o exame. E claro, sempre que o diagnóstico ocorre, o paciente é acompanhado no SAE/CTA para tratamento adequado do seu tipo de hepatite B e/ou C”, explica.
De acordo com Adriana, a faixa etária predominante em 2022 e 2023 das pessoas com hepatites foi de 40 a 59 anos. “As formas de transmissão ou exposições atribuídas são o uso de drogas inaláveis, injetáveis (16,07%), sexual (13,4%) e não preenchido/ignorado/não sabem (36,6%)”, esclarece.
Segundo ela, a testagem é uma oferta contínua e acessível à população, independentemente da idade ou de outras condições de saúde. “São vários os momentos em que realizamos ações extramuros com a unidade móvel, levando os serviços diretamente à comunidade”, explica a enfermeira. Além disso, os testes rápidos estão sempre disponíveis em diversas frentes de atendimento nas unidades de saúde. “Oferecemos os testes rotineiramente em atividades como as de saúde da mulher e do homem, e também em consultas clínicas em geral. Realizar esses exames é fundamental”, reforça.

Transmissão e Prevenção
A transmissão das Hepatites Virais B e C ocorre através de:
- Relações sexuais sem camisinha;
- De mãe para filho durante a gestação ou o parto;
- Compartilhar material de higiene pessoal que possam ter sangue: lâminas de barbear e depilar, escovas de dente, alicates de unha ou outros objetos que furam ou cortam;
- Tatuagem e colocação de piercings em locais inadequados;
- Uso de drogas (seringas, agulhas, cachimbos) devido ao compartilhamento destes materiais que podem ter sangue;
- Por transfusão de sangue contaminado (antes de 1992);
Já a prevenção para as hepatites B e C inclui: - Vacinação para hepatite B (está no calendário de vacinação da criança; adultos não vacinados devem procurar a Unidade de Saúde mais próxima);
- Uso do preservativo também é uma forma de prevenção para as hepatites;
- Atentar para local que realiza tatuagem, piercings e compartilhamento de materiais de uso de drogas;
De acordo com a enfermeira, a hepatite A é transmitida pela via oral-fecal, ou seja, pelo consumo de alimentos e água contaminados com fezes de indivíduos infectados. A prevenção é simples e eficaz, baseada em: - Lavagem frequente das mãos, especialmente antes de preparar alimentos e após usar o banheiro;
- Higienização correta dos alimentos, principalmente aqueles consumidos crus;
- Vacinação: A vacina contra a hepatite A faz parte do calendário infantil e é uma das formas mais seguras de proteção.
Números do boletim da Vigilância Epidemiológica:
Hepatites – 2022
B – 35
C – 34
2023
B – 13
C – 30
2024
B – 24
C – 27