Dias do Colono e do Motorista são comemorados hoje, dia 25
O sustento que vem da terra é a realidade de muitas famílias em Bento Gonçalves e região, que dedicam seus dias à plantar, cuidar e colher bons frutos para que a população tenha insumos de qualidade em suas mesas. Hoje, dia 25 de julho, comemora-se o Dia do Colono.
O agricultor Anselmo Rigon, 60 anos, morador de Pinto Bandeira, é um grande exemplo de trabalho árduo e muito amor a colônia. Desde os oito anos, ele lavrava as terras dos pais e também ajudava os vizinhos com o micro trator da família, além de colher uvas e outras atividades. “Sempre gostei da agricultura, desde quando ia lavrar as terras dos vizinhos com a tobata. Ia para a escola e na volta encontrava pinhões no chão, pegava para replantar”, lembra.
Esse amor também se dá pela natureza, na qual sempre dedicou atenção e cuidados para nunca a prejudicar. “Sempre preservei o meio ambiente e plantei árvores nativas, cuidei para nunca poluir os rios e fazer sempre o correto”, afirma.
Junto a sua esposa, Lucinda Basso Rigon, iniciou o plantio com apenas um hectare de terras, investindo em parreirais de uvas Chardonnay e Riesling, além do cultivo de mel, que naquela época vendia muito, até para São Paulo. “Compramos uma terra do irmão de meu pai e iniciamos o plantio de algumas uvas. Tínhamos também 38 colmeias de abelha, que foi nosso primeiro sustento”, revela.
Atualmente, vive com a esposa e seu pai João, que está com 88 anos, cultivando uvas para uma cooperativa da região e dois hectares de plantação de ameixas. Lucinda casou aos 18 anos com o agricultor e, há quase 40, o casal planta, cuida e colhe em união. “Não trocaria a colônia pela cidade, é um trabalho sacrificante, mas fui criada assim e gosto muito de estar aqui”, finaliza a agricultora.
O amor pela agricultura e pelo caminhão
Norberto Possamai, agricultor e morador da Linha Santa Bárbara, conta que seu amor pela agricultura vem do berço, seguindo a tradição de sua família. “Quando nasci meus pais e meus avós já eram agricultores, sempre tive esse amor pela função”, fala.
Desde pequeno, acompanhava o trabalho dos pais e avós, além de ser apaixonado por máquinas e veículos de grande porte. “Sempre tivemos caminhões na propriedade, sou muito apegado a eles. Apesar da minha principal fonte de renda ser a agricultura, faço fretes nos intervalos de safra”, revela.
Em parceria com o irmão, tem uma propriedade de aproximadamente 8 hectares de parreirais, além de outras plantações que geram renda ou insumos alimentares aos animais que vivem na fazenda. “Temos três hectares de uvas finas e cinco de uva comum, 1,5 de plantação de laranjas e pouco de milho que usamos para alimentar galinhas, porcos e vacas”, ressalta.
Para ele, a agricultura enfrenta vários desafios, como o de desmistificar a narrativa de que todos usam agrotóxicos excessivamente, que poluem e destroem o meio ambiente. “Sofremos um pouco de ataque de pessoas que não conhecem o nosso trabalho. Às vezes dá um desânimo, pois pessoas que não entendem, falam sobre determinados assuntos que não são do jeito que elas relatam”, desabafa.
De acordo com Possamai, quem trabalha na roça enfrenta sol e chuva, períodos de estiagem, plantam com o otimismo de poder colher, mas muitas vezes não tem para cobrir as despesas. Sempre plantam a próxima safra, pois naquela eles colocam a esperança. “Tenho muito orgulho de minha profissão, por que fazemos a diferença no mundo. Produzimos e transformamos, é um dom que o agricultor tem. O que eu produzo, vai para a mesa de alguém e faz a diferença”, finaliza.
A ajuda chega de caminhão
Nesta data, também é comemorado o Dia do Motorista, profissional que dedica sua vida ao transporte de produtos, insumos e em alguns casos, ao salvamento de pessoas. Como é o caso do soldado e motorista do Corpo de Bombeiros Militar de Bento Gonçalves, Marciano da Silva Bueno, que há 12 anos dedica-se ao salvamento de pessoas e animais no município.
O bombeiro iniciou sua carreira em 2010, como temporário na corporação e, após dois anos, passou em um concurso efetivo. “Após servir o serviço militar obrigatório, fiz um concurso para bombeiro temporário direcionado aos militares que saíram do exército. Em 2012, passei como efetivo e continuei em Bento Gonçalves”, afirma Bueno.
Segundo ele, desde a formação como novo soldado, o indivíduo torna-se combatente e, se tiver interesse, vai aprendendo com os motoristas mais velhos a função de estar no comando do veículo. “Eu tive vários anos de aprendizado com os motoristas mais experientes, que até já foram para a reserva”, revela.
Ele conta que no retorno das ocorrências, por exemplo, os veteranos dão oportunidade para os mais novos assumirem o volante, porém, sempre orientados. “Vamos para a ocorrência com quem tem mais experiência, pois a ida é sempre mais perigosa e no retorno treina-se o mais novo, que segue sempre monitorado pelo mais experiente”, diz o motorista.
A Serra Gaúcha é um local bastante perigoso quando o assunto é pegar a estrada, muitos morros e curvas dificultam o trajeto de quem tem que chegar com ajuda, diferente do restante do estado que é mais plano. Além disso, as ruas de Bento são muito estreitas e difíceis de transitar. “Passo a centímetros dos carros, algumas pessoas não sabem desviar e param o veículo no meio da rua. Há também pedestres que andam de fones de ouvido e não estão prestando atenção no momento de atravessar a rua. Tenho que dirigir rápido e ficar atento a todos os lados para garantir a segurança”, relata.
Ser motorista do Corpo de Bombeiros é uma função complicada, que necessita de muita atenção e responsabilidade para evitar acidentes. “Ao ir para uma ocorrência, temos que ir com rapidez e ao mesmo tempo com segurança, pois o motorista está conduzindo no mínimo três colegas, que estão se equipando e arrumando o material, além de estarem planejando o que vão fazer quando chegarem no local. Se sofrermos um acidente, além da ocorrência que recebemos, teremos que enviar ajuda aos bombeiros acidentados”, informa.
Bueno fica aliviado em dizer que nunca esteve presente em acidentes envolvendo o caminhão ou ambulância de sua unidade, porém, há diversos chamados de caminhoneiros que precisam de ajuda nas rodovias. “Graças a Deus nunca passei apuros conduzindo o caminhão, mas atendemos muitas ocorrências envolvendo motoristas que não conhecem muito bem a Serra”, relata.
O mais gratificante, para ele , é conduzir sua equipe até o local de resgate, ajudando e dando o máximo do conforto para as pessoas em situação de risco. “Orgulho é voltar pra casa e saber que pude fazer algo para ajudar alguém,” finaliza.
Fotos: Arquivo Pessoal