Atribuir ao governo do Estado os problemas com as rodovias da Serra, e de outras regiões também, é chover no molhado. Infelizmente é lastimável o Executivo ter subido a Serra com ações concretas somente após o descaso ter sido levado junto com os torrões de terra que desceram em novembro no quilômetro 13,5 da ERS-431.
Entretanto, é preciso louvar a coragem da direção do Daer e do secretário estadual de Infraestrutura que enfrentaram a revolta de prefeitos, vereadores e, principalmente, dos produtores de uva da região. Afinal, as ações em prol da recuperação do trecho que desabou poderiam ter sido emitidas no conforto e tranquilidade de um gabinete, sem encarar nos olhos o eleitor que, nesse momento e em tantos outros, precisa de respostas mais rápidas e enérgicas.
Estes produtores perdem o sono sem saber com segurança como, e se, conseguirão escoar a safra de maneira tranquila e segura. Os pedidos feitos por eles durante a reunião para que apenas medidas paliativas sejam feitas durante o escoamento da safra são justificáveis, afinal, após meses esperando o cacho amadurecer, nada será mais frustrante se apenas uma parte da produção chegar às vinícolas.
Porém, o diretor-geral do Daer não pode correr o risco de permitir intencionalmente a passagem dos veículos e, caso ocorra um acidente, a população se revoltará contra quem permitiu a passagem pelo local. Portanto, é importante que os moradores da região, que fazem uso rotineiro da rodovia, se adaptem com a possibilidade de utilizar desvios do trajeto. Mesmo assim caso exista a insistência em continuar utilizando, e se arriscando na rodovia desabada, é necessário ter consciência dos riscos que ela oferece. “Mas a culpa é do governo!”, muitos podem dizer. Isso é fato, entretanto, como o povo gaúcho tradicionalmente não reelege governadores, a culpa passa pelos governos A, B, C, D…, afinal, o problema da 431 acontece desde sua fundação, há cerca de 50 anos.
Se o Daer tiver um pouco de boa vontade, e não quiser armar uma guerra regional, que não seja mais investido (gasto) dinheiro com tentativas fracassadas em bloquear as duas pontas da rodovia. Afinal, os bloqueios no local têm durado apenas algumas horas.
A alternativa mais amistosa para o momento é a autarquia responsável pela estrada, instalar duas barracas com um funcionário em cada lado do buraco do descaso e, quando um veículo insistir em se arriscar na passagem, que antes de passar, os motoristas assinem uma declaração isentando o departamento de qualquer acidente. “O senhor quer passar? Antes será necessário assinar aqui, aqui e aqui. Reconhecer firma da sua assinatura. Além disso, é preciso pagar uma pequena taxa de cada ocupante do veículo”, diria o atendente do Daer. “E se mesmo assim eu rolar para dentro do buraco?”, indagaria o motorista. “Bem, caso isso aconteça, o senhor terá um desconto de até 30% no seu IPVA, porém, será necessário assinar aqui, aqui e aqui. Reconhecer firma da sua assinatura. Além disso, é preciso pagar uma pequena taxa de cada ocupante do veículo. Próximo!”.