Pequeno, com estradas de chão e poucas residências. Assim era o bairro Licorsul antigamente, segundo os moradores. Entretanto, com o passar dos anos, além de novas casas, o bairro também ganhou diversas empresas, de pequeno a grande porte, tornando-se um bairro misto: residencial e comercial.
Grande parte das empresas do Licorsul são de famílias que perceberam lá a oportunidade de empreender. É o caso da Cátia Bagnara, 32 anos e da irmã, Aline Bagnara, 31 anos. Há seis anos, quando uma antiga padaria do bairro foi colocada à venda, decidiram juntas apostar no negócio. “Com muita coragem decidimos assumir essa responsabilidade. E está dando certo, do nosso jeito, com simplicidade”, conta Cátia.
As irmãs, que nasceram e cresceram no bairro, já eram conhecidas da maioria dos vizinhos e sempre tiveram boa relação com todos. “Os clientes são quase sempre os mesmos. Criamos uma amizade com todo mundo. A gente se dá muito bem aqui”, afirma Aline.
Cátia, que já foi festeira da Igreja Santa Catarina, afirma que o pessoal do bairro é muito unido, principalmente quando é em prol de uma boa causa. “A maioria dos moradores do bairro são participativos. Fazíamos três festas por ano para ganhar dinheiro e investir na igreja, que é linda porque o pessoal se empenha bastante”, conta.
Bairro que emprega
Quando Ederson Alex Pessali, 31 anos, nasceu, a empresa já existia. O pai, Alceu Pessali, 64 anos, mecânico por formação, comprou uma área de terra no bairro e decidiu apostar no segmento de reparo automotivo. “Naquela época tinham poucas pessoas fazendo esse tipo de serviço, então ele teve a ideia de ampliar e deu certo”, relata.
A empresa, que hoje já tem 32 anos, expandiu. Além de Ederson e do pai, o irmão Ednardo Pessali, 37 anos, também trabalha nela. Contudo, ainda que seja um empreendimento familiar, eles empregam 16 funcionários.
Embora tenha nascido no bairro Borgo, Ederson cresceu no Licorsul. Em relação as principais mudanças do local, ele afirma que o maior destaque é na parte estrutural. “A parte do asfalto, a pracinha também foi revitalizada”, menciona.
Família unida no mesmo ramo
Morando no Licorsul há 15 anos, Édile de Bastiane Tonello, 48 anos, junto com o marido, Jaime Tonello, 52 anos, decidiram empreender no bairro porque a na residência em que moram, havia espaço para investir em um negócio.
Para abrir a empresa, em 2010, foi preciso cautela. O casal dava um passo por vez para poder tornar o investimento uma realidade. “Começamos comprando máquinas e pagando, para ter uma segurança. Hoje a família inteira trabalha aqui: meus três meninos e a menina”, acrescenta.
Nesse tempo em que a família mora no Licorsul, Édile aponta como principal mudança, o crescimento. “Foi muito rápido, expandiu bastante. Aqui na nossa rua só tinha nossa casa e agora tem várias”, observa.
De moradora a empresária
Elisangela Muller também nasceu e cresceu no Licorsul, motivo pelo qual afirma ter grande carinho pelo bairro. Anos depois, junto com o marido Rafael, escolhera, o bairro para empreender. “A empresa já existia, mas quando começou a ampliar, precisávamos de um local maior e com movimentação semelhante. Então, viemos para cá. Na época, tinha poucas empresas aqui. Depois, abriu-se um comércio enorme por aqui. A rua e o movimento de todo bairro cresceram muito”, analisa.
Embora perceba o grande crescimento do bairro, Elisangela acredita que ainda tem espaço para ser explorado. “O Licorsul expandiu muito, cresceu bastante de moradores, mas também na área comercial e industrial. Acredito que tem espaço para se desenvolver mais, até porque temos muitos terrenos livres na região”, assegura.
Conquistas por meio do trabalho
O morador Henrique Castoldi, 32 anos, nasceu no bairro Botafogo, mas ainda criança, foi morar no Licorsul. Lá, a família abriu uma lavagem, que é de onde tiram a renda para o sustento. “Tudo que temos hoje é fruto desse negócio. Às vezes, tivemos um pouco de sorte, mas com certeza foi mais pelo esforço. Se tenho algo hoje, foi por causa dos meus pais e, obviamente, da lavagem”, afirma.
Henrique conta que o pai, Loreno Castoldi e a mãe, Elizete Castoldi, sempre trabalharam muito, sem folgas ou descansos. “De segunda à sábado, começavam de manhã e iam até de noite, até conseguir comprar um terreno e construir a casa para saírem do aluguel”, conta.
Com tanto esforço, o resultado apareceu e os pais ficaram conhecidos no bairro inteiro. Hoje, eles são chamados também de ‘o casal da lavagem’. “Quando vem alguém aqui, já perguntam do meu pai e da minha mãe, eles nem sabem quem eu sou, mas sabem quem são os meus pais”, orgulha-se.
Local certo para investir
O casal Sendi Carelli, 31 anos e William Bruno Dias da Silva, 32 anos, tem uma empresa no Licorsul há dez anos. “Estávamos em outro endereço antes, mas viemos para cá porque é um bairro com industrias que a gente atende, então facilita muito para nós e para os nossos clientes”, conta.
Outro fator que motivou a escolha do bairro, foi porque ambos perceberam que lá não havia nenhum outro empreendimento no ramo de ferramentas. “Então a gente viu a possibilidade de crescer mais também”, afirma Sendi.
Em relação ao bairro, além de considerarem ideal para o negócio, Sendi diz que gosta muito da tranquilidade do local. “Mesmo que esteja crescendo, ainda assim é um bairro tranquilo. Os moradores são muito família, são moradores muito antigos”, afirma.
Empresários pedem mais segurança
Embora o bairro seja muito elogiado pelos moradores e pelos empresários, o que todos querem é mais segurança, seja para morar com tranquilidade ou para trabalhar. Ederson Pessalli conta que a empresa já sofreu furtos diversas vezes, inclusive durante o dia. “A gente não vê policiamento passando aqui na rua. Pequenos furtos é uma coisa que acontece seguido e incomoda bastante”, relata.
Elisangela Muller tem o mesmo pedido. “Nós já sofremos dois assaltos aqui, arrombamentos, mesmo tendo monitoramento. Apesar de ter a brigada aqui perto, acho que segurança é algo que não temos nem morando do lado da delegacia”, relata.
A empresária Cátia também pede por mais segurança para o bairro. “Nunca vi policiamento passando por aqui, para fazer a segurança do nosso bairro”, queixa-se.