Em meio à polêmica, prefeito, vice, secretários, vereadores e funcionários do quadro efetivo terão aumento a partir de 1º de maio
O reajuste salarial de 8,02% para os servidores efetivos do município de Bento Gonçalves e de 7,23% para prefeito, vice, secretários e vereadores foi aprovado por maioria de votos na Sessão Ordinária do Legislativo na última segunda-feira, 17. A votação ocorreu em meio à polêmica após apresentação de duas emendas, uma por parte do vereador Agostinho Petroli, líder do MDB, e outra por parte do vereador Rafael Fantin – Dentinho, líder da bancada do PSD. Tais emendas propunham, por parte do primeiro, a exclusão dos vereadores do reajuste e, por parte do segundo, suprimindo o aumento a prefeito, vice, secretários e vereadores.
De imediato, o líder da Bancada dos Progressitas, Andreson Zanella, solicitou a palavra destacando que os vereadores deveriam ter apresentado as emendas a tempo de serem analisadas pelas comissões. “Tem que ter muito cuidado quando se faz emenda verbal para querer ganhar politicamente. Porque tinha tempo durante a semana para apresentar Emenda nesta Casa. Temos que ter cuidado para não prejudicar uma classe inteira de trabalhadores que está desde janeiro aguardando pelo reajuste, pela reposição da inflação. Tem que ter muito cuidado em fazer política e fazer politicagem”, disse. Os proponentes não concordaram com as colocações, pois nenhum estaria prejudicando todo o funcionalismo público.
O presidente da Câmara, Rafael Pasqualotto, buscou remediar a situação, enfatizando que, caso acatasse as emendas, o projeto seria retirado da Ordem do Dia para voltar à análise das comissões, sob o risco de que na próxima semana ocorressem outras apresentações de emendas, como também nas semanas subsequentes. “O projeto foi protocolado numa quinta-feira, 6 de abril. Então, daquele dia até hoje ele teve alguns dias para o protocolo de emendas e para ser apreciado. Se fosse um projeto protocolado ontem nós até aceitaríamos uma emenda verbal, que é uma coisa rápida. Mas ele está desde 6 de abril na casa”, destacou.
Colocada em votação a inserção das emendas sem os devidos pareceres no Projeto de Lei número 42/2023, foi reprovada, uma vez que apenas os vereadores proponentes, Rafael Fantin e Agostinho Petroli, além dos Progressistas Edson Biasi e Eduardo Pompermayer, aprovaram a inclusão.
Na votação do Projeto em si, de concessão do aumento salarial para os entes políticos no percentual de 7,23% e para servidores do quadro efetivo no percentual de 8,02%, houve aprovação por maioria de votos, com discordância dos vereadores Agostinho Petroli e Rafael Fantin, tendo ambos se manifestado favoráveis à concessão do reajuste aos servidores, mas contrários ao aumento salarial ao prefeito, vice, secretários e vereadores.
Já o Projeto de Lei número 43/2023, que visou conceder reajuste ao servidores inativos e pensionistas, sem paridade, retroativo a 1º de janeiro de 2023, foi aprovado por unanimidade de votos, como também o Projeto de Lei número 36/2023, de autoria do vereador Thiago Fabris (Progressistas), denominando via pública a rua Adolfina Domingas Donadel Carraro.
Vereador Dentinho
Contra aumento do próprio salário
“Fica difícil botar no mesmo balaio aqueles que dedicam suas vidas, que são os servidores de carreira, e os agentes políticos que foram eleitos, que daqui um ano podem não estar mais nos cargos”, disse o vereador líder da Bancada do PSD, Rafael Fantin – Dentinho, ao defender seu voto contrário ao reajuste dos salários, da forma como o Projeto foi apresentado. “Eu tenho uma convicção que é minha, com todo respeito a quem pensa diferente. No momento em que me coloquei à disposição para concorrer, sempre falei que não queria o carreirismo político. Sempre me coloquei aqui como um vereador independente, por mais que alguns me taxem como oposição, ou muitas vezes dizem que pareço situação”, enfatizou.
Dentinho ainda continuou. “Com todo respeito aos servidores que merecem o seu reajuste, eu entendo que os agentes políticos não. Eles têm que ter o seu salário determinado durante os quatro anos. Eu me sinto, neste tipo de votação, legislando em causa própria. Por isso que eu fui contrário. Acho que no final do mandato deve-se pensar nisso para os próximos quatro anos. Eu não sou contra que tenha aumento, realmente, mas não no mandato corrente. Entendo que não é atribuição nossa valorizar o nosso próprio trabalho. Gostaria muito que a emenda tivesse sido apreciada, mas de igual modo agradeço aos colegas, não é nada pessoal. Os servidores públicos, que fazem um excelente trabalho para nossa cidade, merecem este aumento, mas continuo com a convicção de que os entes políticos não deveriam ter reajuste salarial”, finalizou.
Vereador Duda
Finalmente, o reajuste
O vereador Progressista, Duda Pompermayer, frisou a importância do aumento salarial para os professores, em especial, mas também para todos os servidores públicos. “Nestas últimas semanas vim tratando de dois temas, um hoje finalmente aprovado: o reajuste aos funcionários públicos. Agora temos que lutar por um aumento real, que tem que ser vinculado à bonificação por bom desempenho. Quem sabe esse seja o caminho para o funcionalismo público melhorar seu funcionamento. Precisamos de bons funcionários e bons benefícios”, disse.
Quanto a segurança nas escolas, Duda enfatizou a movimentação do Poder Executivo e das forças de segurança. “A ronda já aumentou, mais câmeras estão sendo instaladas, mas tem uma demanda muito grande dos pais no que diz respeito a todas as escolas terem um vigilante, preferencialmente armado, não só um porteiro. Os pais estão muito preocupados. Sabemos que o prefeito já disse que é muito caro, mas é um investimento que vai valer a pena, proteger as nossas crianças. Aproveito para reforçar o pedido para que as pessoas não fiquem espalhando notícias falsas ou boatos para não assustarem ainda mais as pessoas. Estamos criando um ambiente com cada vez mais medo, mas é bom saber que, pelo menos, algumas medidas estão sendo tomadas”, afirmou.
Vereador Zanella
Está custando caro
Dirigindo-se aos alunos do IFRS que foram acompanhar a Sessão, o líder do Progressistas, Anderson Zanella afirmou que a política impacta diretamente no dia a dia das pessoas. “A minha geração foi criada ouvindo que política, religião e futebol não se discute. Ledo engano. Política se discute sim, futebol se torce e religião se respeita. A política impacta na nossa vida diretamente todos os dias. Por isso, cada vez mais precisamos de pessoas do bem, comprometidas, que coloquem seus nomes à disposição para ocupar cargos públicos. Por óbvio que cargo público não é uma profissão, é um tempo da nossa vida que dedicamos para retornar à nossa cidade, ao nosso Estado, à nossa Nação, o que ela nos proporcionou, querendo uma melhor qualidade de vida. Por isso que digo que a valorização dos agentes políticos é tão importante quanto a do servidor. Quem faz carreira política é o voto, é a urna. Ninguém caiu aqui de paraquedas. Enquanto colocarmos o nome à disposição e a comunidade escolher, aqui estaremos”, afirmou.
Zanella solicitou também que se atente para o que a grande imprensa vem falando nos últimos dias, principalmente com relação à deflação. “Tive que parar para escutar atentamente porque a prática não condiz em absolutamente nada com a realidade. Deflação aonde, se os preços nas gondolas aumentam de um dia para o outro?”, questionou o vereador, que prosseguiu: “E olha que eu trabalho com alimentação e faço as compras semanalmente. Eu não vi a deflação. Só o óleo de soja e a farinha tiveram recessão. Mas e todo o resto da cesta básica?”, perguntou.
O parlamentar fez questão, ainda, de lembrar que logo adiante os pedágios que serão instalados no Estado deixarão a situação ainda pior. “Teremos agora uma taxa de pedágios para ir a Porto Alegre que, para um carro normal, vai custar R$ 38. Para um caminhão que faz Ceasa, que vai trazer alimentação para cá, vai ter um custo de cerca de R$ 200 de pedágio ao dia. Aonde vai esse aumento? Vai no preço da alface, do tomate, de todas as frutas e verduras e nós é que vamos pagar. E o que enxergamos a nível nacional assola mais ainda. É desumano o que está acontecendo com a economia brasileira. A cada ação que o Governo Federal toma, o que encontramos é um reflexo de insegurança muito grande no setor empresarial. São investimentos deixando de serem feitos, são ampliações deixando de serem realizadas, empresas demitindo. Muitos empresários não fecham porque não conseguem arcar com os custos do fechamento. Não podemos assistir a tudo isso e ficarmos calados”, bradou.
Texto: Mônica Rachele