No domingo, 8 de setembro, ocorreu a cerimônia de encerramento das Paralimpíadas, em uma edição onde o Brasil bateu o seu recorde de medalhas ganhas. No total, foram 89 conquistas por parte dos atletas brasileiros em Paris, sendo 25 de ouro, 26 de prata e 38 de bronze, superando as marcas atingidas nas edições de Tóquio em 2021 e no Rio de Janeiro em 2016, onde em ambas, o Brasil conquistou 72 medalhas.

Um dos medalhistas brasileiros é o judoca caxiense Marcelo Casanova. Atualmente com 21 anos, Marcelo é atleta do Recreio da Juventude, um clube de Caxias do Sul que oferece atividades sociais, recreativas, esportivas e culturais. O atleta possui deficiência visual em decorrência do albinismo. Começou na modalidade aos nove anos de idade. Competiu por quase toda a sua trajetória no judô convencional, chegando a fazer parte da Seleção Brasileira sub-18. Em 2021, entrou no paralímpico. No sábado, 7 de setembro, Casanova fez história ao atingir o pódio das Paralímpiadas. A conquista da medalha de bronze no judô veio na modalidade peso médio (até 92kg) da categoria J2, para atletas com limitações visuais. Casanova entrou direto nas quartas de final da competição, onde derrotou o britânico Evan Molloy. Nas semifinais, em uma disputa valendo a classificação para a decisão dos jogos, o judoca caxiense acabou sendo derrotado pelo francês Helios Latchoumanaya, número 1 do ranking mundial. Com a derrota na semifinal, Casanova foi para a disputa de terceiro lugar, onde encarou o italiano Simoni Cannizzaro. Em uma disputa emocionante, o judoca do Recreio da Juventude superou o adversário e conquistou a medalha de bronze. Um marco histórico para o esporte gaúcho e para o esporte brasileiro, que mais uma vez mostrou sua força, dando continuidade ao histórico vitorioso do país na competição.

Projeção concretizada

O planejamento anunciado em 2017 projetava que o Brasil conquistasse entre 75 e 90 medalhas em Paris, além de se firmar entre as oito delegações mais laureadas. Nos Jogos de Tóquio (Japão) o país tinha obtido 72 pódios, ficando 22 vezes no topo, o que era o recorde anterior.

Outra meta era desenvolver a participação feminina nos grandes eventos. Na capital francesa, cerca de 42% da equipe verde e amarela foi composta por mulheres. Elas foram responsáveis pela maioria dos ouros brasileiros (13 de 25). Entre os destaques da campanha estiveram as campeãs paralímpicas Mariana D’Andrea (halterofilismo), Jerusa Geber (atletismo) e Carol Santiago (natação). “Se olharmos para a China, ela estava com mais de 60% dos pódios conquistados pelas mulheres. Acredito que seguindo essa lógica de oportunizar, e criando condições, elas serão, cada vez mais, protagonistas”, disse o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), Mizael Conrado.

O desempenho brasileiro na França tem relação direta com a realização da Paralimpíada no Rio de Janeiro, em 2016. Entre 2001 a 2014, por meio da Lei Agnelo/Piva, que destinava 2% da arrecadação bruta das loterias federais ao esporte, o CPB tinha direito a 15% deste recorte (o Comitê Olímpico do Brasil ficava com os 85% restantes). A partir de 2015, um ano antes dos Jogos do Rio, com a Lei da Inclusão, o percentual voltado à entidade paralímpica foi alterado para 37,04%. No ano passado, o CPB recebeu cerca de R$ 224 milhões ao longo de 12 meses.

Quadro de medalhas ao final da competição

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