Escolhido para presidir a Fiema Brasil 2020, que seria realizada em abril deste ano, mas foi transferida para outubro, devido à pandemia de coronavírus, Jonas Foresti Brevia acredita que há muito a se fazer para viver num mundo melhor, em todos os setores
Nascido em Bento Gonçalves, morador do Bairro Licorsul até os 29 anos, pelo qual tem muito apreço, filho de Cláudio Brevia (in memorian) e Ivalina Foresti Brevia, casado com Nicole Dornelles, o engenheiro mecânico formado pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Jonas Foresti Brevia, aceitou, há dois anos, o desafio de presidir a Fiema Brasil 2020. Ele, que perdeu o pai aos 15 anos e, juntamente com o irmão Douglas, foi criado pela mãe e pelo avô, Ciro Foresti, é sócio proprietário da Pro Ação Engenharia e Previne Engenharia de Segurança desde 2013.
Sempre vinculado à indústria, graças aos seus mentores, os tios Ivanir e Ivacir Foresti, ingressou no Senai aos 14 anos, num curso de mecânica. Isso já depois de ter iniciado suas atividades “ajudando” os tios na Moldart. Em outras empresas ocupou os cargos de Gerente Industrial e Gestor de Produção, sempre na área da mecânica. Cursou MBA em Gestão Empresarial, além de dois cursos na área de sistemas produtivos, sendo um na Alemanha e um na Inglaterra. Atualmente está finalizando o curso de Engenharia de Sergurança. Também ocupa, atualmente, o cargo de inspetor-chefe do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) em Bento Gonçalves. São 22 anos dedicados ao segmento industrial e de segurança.
Segurança no trabalho, uma área em ascensão? Como o setor empresarial encara essa pauta?
Nos últimos anos o entendimento mudou bastante. Esta é uma área técnica, onde para atuar, é necessário ser engenheiro ou, pelo menos, ter um curso específico. Existem leis que exigem profissionais deste gabarito liderando a segurança no trabalho dentro das empresas. Na verdade, sempre foi uma pauta exigida. A procura por profissionais é grande, a remuneração é boa. Agora, com a pandemia, os equipamentos de proteção individual (EPIs) são ainda mais demandados. E eles são primordiais para a segurança não só dos trabalhadores, mas para a saúde da empresa no contexto geral.
E como os empregados se comportam mediante tantas regras?
O treinamento e a exposição da necessidade são extremamente importantes. Muitas fezes, a partir do momento em que eles têm a noção do risco, fica mais fácil absorver que é preciso utilizar os equipamentos. O difícil é o desconforto até acostumar, mas como é obrigatório, ou a pessoa acostuma, ou parte para outro trabalho. É importante também que se reforce que as doenças ocupacionais não vão aparecer na hora. Então, a aceitação é boa sempre que os empregados forem bem orientados e fiscalizados. Não basta apenas fornecer. É um exercício diário de conscientização por parte do empregador e consciência por parte do empregado. Dinâmicas diferenciadas também são realizadas para que a utilização se torne um hábito, para que as regras sejam cumpridas.
Qual sua visão a respeito do entendimento das pessoas no que tange questões ambientais?
Moramos num planeta onde tudo provém da natureza. A consciência precisa existir, mas também temos que entender que o mundo precisa funcionar. A oportunidade de poder produzir de maneira responsável deve ser inerente a todos os seres humanos. A indústria, o comércio e até mesmo os prestadores de serviços estão percebendo cada vez mais que as questões ambientais são um negócio. Assim, as situações começam a funcionar de maneira engrenada. A sustentabilidade é um conjunto. Então, temos que começar pelas crianças, mas tudo tem que ser feito com responsabilidade. Em nosso país, pela sua extensão e pelas suas culturas, cada região tem um diferencial, mas a escola básica deveria fortalecer essas ações.
O meio ambiente e os recursos naturais renováveis. Sua avaliação.
Este é o maior exemplo para criar a tão sonhada sustentabilidade. A necessidade é viver numa situação de extremo desenvolvimento, sem agredir o meio ambiente. Isso passa por sistemas econômicos com uma performance maior, como veículos elétricos, painéis fotovoltaicos, entre outros produtos e equipamentos que podem melhorar, e muito, todas as questões ambientais.
O que precisa ser feito para que possamos voltar, literalmente, a respirar aliviados, para reduzir a poluição ambiental?
A utilização das energias renováveis é um dilema. Com o carro elétrico, por exemplo, discute-se muito o descarte de peças. Acredito que o grande segredo seja dar isenção para as empresas desenvolverem ou utilizarem novos sistemas, não apenas obrigar a fazer. É necessário que o incentivo seja dado a empresas que, comprovadamente, diminuam seus níveis de poluição. Toda a indústria que receber incentivos certamente vai desenvolver sistemas interessantes e menos agressivos ao meio ambiente.
Como você vê a preservação em Bento Gonçalves?
Pelo que acompanhamos e vemos, o grau de responsabilidade é muito bom, mas sempre pode melhorar. Por incrível que pareça, Bento Gonçalves é uma das cidades do Brasil que mais recicla seus resíduos. Se analisarmos num contexto de 100%, digo que ainda é pouco, mas consideravelmente bom. As indústrias também têm um cuidado especial, principalmente com a destinação correta dos resíduos. No Município temos a Fundação Proamb, que é referência estadual e nacional, o que nos dá o entendimento de que estamos no caminho certo.
Como você avalia o comportamento das crianças e adolescentes perante questões ambientais?
Hoje temos mais acesso a informações, mas tudo depende de como elas são passadas para o público. As crianças e adolescentes precisam ser estimulados. Ainda falta muito. Vemos que hoje alguns filhos já repreendem os pais por suas atitudes, e isso é muito bom. Mas se eles, desde muito cedo, não forem incentivados, vão acabar esquecendo ou deixando de lado. Tudo, absolutamente tudo, está vinculado à educação.
No que diz respeito à indústria, comércio, turismo, como você vê o desenvolvimento do município?
Bento Gonçalves é uma das cidades na qual o setor industrial é um dos melhores. Somos uma das cidades mais buscadas no turismo. No meu ponto de vista, tudo tem que ser melhorado, mas estamos num cenário muito positivo. Temos uma situação perfeita para a evolução de todas as áreas. Bento é uma cidade teoricamente grande, com pensamento de interior e uma característica empreendedora muito grande, motivo de orgulho para todos que vivem aqui.
Na sua opinião, a população de Bento Gonçalves é preocupada com o meio ambiente, com a reciclagem, com a separação de resíduos?
Com certeza, sim. Claro que a parcela da população que está tendo essa consciência ainda é minoria, mas está muito além que as demais cidades do Brasil. Mas também tem o seguinte: não adianta as pessoas fazerem sua parte se quem transporta não tem responsabilidade. Para o reciclador, quanto mais separado o resíduo estiver, obviamente é melhor. Ainda precisa melhorar muito, em todos os quesitos.
O desafio de ser presidente da Fiema. Como chegou até aqui?
Existe sempre uma trajetória, um relacionamento, um exercício de participar. Profissionalmente e pessoalmente este desafio soma muito na minha carreira e na minha vida. A temática da Fiema é de suma importância com a visão de negócio que ela desenvolveu com o passar dos anos. É um evento com motivo “meio ambiente”, mas com soluções para a qualidade de vida no planeta. Dentro da Fiema temos inúmeras áreas, startups voltadas a questões ambientais. Há muitos anos eu participo, me envolvo, mas não esperava assumir tão importante posto.
A Fiema 2020. Quais eram as expectativas, qual é a realidade e quais são as perspectivas diante da mudança que precisou ser feita?
As expectativas eram as melhores possíveis, por algumas situações do cenário mundial. Queira ou não é uma feira com grade foco, que atrai público de um viés um tanto eclético. Certamente o número de visitantes seria maior, o expositor estava procurando muito por espaços, tínhamos grandes negócios fechados. Mas o cenário mudou e precisamos nos readequar. De qualquer forma, nossa perspectiva segue muito positiva, uma vez que todos os contratos continuam válidos, todos os envolvidos nos parabenizaram pela atitude da mudança e permanecem conosco. Isso nos dá muito ânimo. Sem contar que os eventos técnicos, como seminários e o congresso atraem um grande público.
Interprete Pasin, Leite e Bolsonaro.
São perfis totalmente diferentes.
Pasin: tem sido um bom gestor, pelos números apresentados, pelos resultados. Conseguiu fazer uma boa administração, isso dentro da minha visão. Teve sim alguns problemas, como todos vão ter. Parece estar realmente sempre pensando na população. Tem boa comunicação no cenário político. Foram bons oito anos. Não deixou a desejar.
Leite: para atestar algumas situações, temos que ter conhecimento de causa. Neste primeiro ano, ainda não dá para tirar conclusões. Vejo que é uma pessoa que tem condições de gerir o Estado, mas alguns de seus objetivos serão difíceis de alcançar se não implementar mudanças drásticas.
Bolsonaro: foi a mudança que a população pediu e estava precisando. Suas falas são muito polêmicas e podem atrapalhar seu desempenho, mas está tentando fazer o que se propôs. Vejo que algumas de suas propostas vão contra o que a política quer, num desencontro a agrados políticos. Porém, independentemente de cores partidárias, se a pessoa chegou lá, está lá, temos que acreditar nela.
Qual o seu Brasil sonhado? Acredita nele?
Acreditar, obviamente acredito. Temos que acreditar. Ainda sou um pouco cético, pois no nosso país, infelizmente, – e não somente no nosso – tudo está ligado e esbarra em questões relacionadas à política. Queremos saúde, educação, segurança, mas muitas vezes não fazemos a nossa parte. Temos pessoas interessadas, engajadas, com vontade de fazer o melhor, mas nem sempre elas têm oportunidade de mostrar o seu trabalho. Então, como tudo está diretamente ligado à política, o que precisamos são líderes políticos mais responsáveis. Nós, brasileiros, temos uma maneira de ser diferente do que é visto nos demais países, mas também temos o entendimento de que falta muita coisa. Porém, é importante que se diga que não vamos mudar o mundo pela nossa opinião, mas sim, pelos nossos gestos.
O que falta para o Brasil chegar a um bom nível de desenvolvimento no quesito ambiental?
Faltam investimentos, incentivos fiscais, políticas públicas que forcem o desenvolvimento destas questões. Falta foco.
No que se resume seu lazer: culinária, atividade física, condições de saúde. Se puder, dê algumas dicas.
Dicas, não tenho. Mas meu lazer se resume numa palavra: futebol. Já o ritual para desestressar é um bom churrasco com os amigos da confraria, nas quintas-feiras.