Bento Gonçalves conta com cerca de 20 beneficiários inscritos no programa. Lançamento de edital está em fase final. Com isso, atletas vão desfrutar, no máximo, de quatro meses do auxílio
O Brasil celebra os Jogos Olímpicos de Tóquio com o melhor desempenho em número de pódios de sua história, justamente quando o país deixou de lado o esporte e mantém sem reajuste, desde 2010, o principal auxílio dos competidores, o Bolsa Atleta.
Em Bento Gonçalves, o benefício alcançou cerca de 20 atletas em 2020, de diferentes modalidades. Entre elas: capoeira, padel, tiro esportivo, tiro com arco, jiu-jitsu, muay thai, taekwondo, ciclismo, ciclismo downhill, atletismo e levantamento de peso.
Em junho deste ano, o secretário de Esportes e Desenvolvimento Social (Sedes), Eduardo Virissimo, encaminhou um ofício solicitando a abertura do edital, que ainda não foi lançado. “O Poder Público já encaminhou a documentação. Os processos foram adiados em virtude da pandemia. Vale ressaltar que estamos em fase final de assinaturas do auxílio para as entidades de Bento”, pontua.
O investimento mensal varia, dependendo do evento em que os esportistas vão disputar. “As modalidades e as inscrições ficam em aberto, ou seja, aquelas que possuem ranqueamento, os atletas estão aptos a participar do edital”, ressalta o gestor.
Tendo em vista que serão quatro meses para que os desportistas usufruam do auxílio, o secretário esclarece ainda que será destinado o montante de R$ 20 mil, além do investimento com as entidades que foi de R$ 400 mil.
O Edital do Bolsa Atleta, por Lei, fica em vigência apenas dentro do ano corrente. “Se inscreve, faz a participação e presta conta para que possa estar apto ao benefício para no ano seguinte”, explica Virissimo.
Bento-gonçalvense é destaque no padel
No padel, uma das representantes é a adolescente Giulia Perusso Betim, 14 anos, que há quatro se dedica à prática do esporte. Um dos grandes incentivos veio do pai Juliano Muller Betim, que participava de torneios.
Em 2017, depois do Sul-americano e da Copa Fabrice Pastor, decidiu que treinaria padel, mas ainda disputava torneios pela Ginástica Artística AACB, seu esporte do coração, até então. Um ano depois, optou somente pelas raquetes.
A tão sonhada primeira vaga para a Seleção Brasileira de Padel, na categoria Sub14, veio em agosto de 2019. Em setembro deste ano, ela viaja até o México para conquistar o título no XIII Mundial de Menores de Padel (FIP). Desde que iniciou, foram 41 competições, sendo 15 vitórias.
A jovem afirma que o principal benefício é mirar os objetivos. “Acredito que é poder estar com a cabeça leve, focada somente nos meus treinamentos, dentro e fora da quadra e nos jogos, e não ficar pensando nos gastos e como conseguirei ir ao próximo mundial”, sustenta.
O recurso que ganha é utilizado em treinos, na compra de material, em deslocamento e hospedagem, além de inscrições de torneios, alimentação e acompanhamento psicológico. “Embora o padel seja um dos esportes que mais crescem no mundo, o incentivo é baixo e acaba que os gastos saem de dentro de casa e com ajuda de empresários amigos, como apoiadores e patrocinadores”, pondera.
Ela comenta que ainda tem muito a crescer e lugares para conhecer. “Meu sonho é continuar representando o Brasil e que o padel se torne um esporte olímpico para que eu jogue com a amarelinha nas olimpíadas”, estimula.
Representatividade na capoeira
Luan Lucas de Barba, 30 anos, conhecido como professor Cordilheira, há 20 pratica a expressão cultural que mistura esporte e arte: a capoeira. Atualmente é um dos beneficiários do Bolsa Atleta. Somente em 2019, participou de quatro campeonatos: foi campeão nos Jogos Abertos do Cerrado em Goiânia e Jogos Gaúchos, ficou em terceiro lugar nos Jogos Sul-Brasileiros e chegou à semifinal nos Jogos Mundiais.
Ele conta que o auxílio proporcionou a representação da cidade nos eventos esportivos. “É de fundamental importância para o crescimento do esporte em nosso município e para a viabilidade de atletas de alto nível que temos”, destaca. Ele comenta ainda que o valor é direcionado à participação em campeonatos. “Treinamento ainda fica por nossa conta, por meio de patrocínios ou, até mesmo, de trabalhos paralelos”, afirma.
Barba ministra aulas em projetos sociais que tem em parceria com a prefeitura, escolas e espaços de capoeira. Quando se trata de apoio ao setor no país, ele opina que “o investimento ainda está abaixo do necessário, porém, hoje, em Bento Gonçalves, estamos muito mais amparados com a gestão atual, tendo um olhar que nunca havia sido tão cuidadoso em nosso município. Ainda temos muito a fazer, mas muito vem sendo feito”, reitera.