Um dos objetivos do mês é levar a informação de prevenção para a população e quebrar tabus relativos ao tema
Uma vida cada vez mais atarefada muitas vezes influencia as pessoas a colocarem a saúde a mental em segundo plano. Para evitar isso, há seis anos, é promovido o Janeiro Branco, mês voltado para a importância aos cuidados e prevenção contra os problemas mentais e psicológicos junto a população.
A campanha possui vários objetivos, sendo um deles derrubar o preconceito ao redor do tema e trazer qualidade de vida ao cidadão, sempre com a ajuda de especialistas na área da saúde.
Quebrar mais esses paradigmas e aumentar os cuidados com a parte mental se justifica. O Brasil tem os maiores índices de ansiedade e depressão do mundo, e ocupa o oitavo lugar em incidência de suicídios.
Em Bento, a questão mental vem recebendo procura. No ano passado, por exemplo, os três Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) atenderam mais 24 mil pessoas de todas idades mediante o acompanhamento de profissionais da saúde.
A tendência é que os números de atendimentos, aumentem, segundo Maurice Bouwary, coordenador de saúde mental do Caps. “É uma questão e de projeção mundial que cada vez haja aumento na procura de atendimento. Vivemos em um paradigma da impossibilidade de falarmos das nossas questões afetivas. Hoje, dificilmente se fala sobre as tristezas. As pessoas se fecham e isolam em seus mundos após suas atividades e não tem escape para expor seus problemas”, analisa.
Em torno dos cuidados mentais preventivos, no entender da psicóloga Franciele Sassi, janeiro é um período especial para esse processo. “Por ser um período de recessos e desligamentos, com possibilidade de descanso e lazer, o ano novo traz a simbologia das mudanças, a necessidade de reorganizações, despendimento de energias e disposição. Isso lança a possibilidade de as pessoas olharem mais atentamente às suas condições psíquicas e existenciais. Porém, as novas construções, que poderiam ser um prazer, muitas vezes acaba gerando angústia e mal-estar. Olhar para dentro de si mesmo, de fato, nunca foi uma condição simples”, indica.
Ainda para Francieli, o debate em torno do assunto, inclusive na região é fundamental. “A cultura ainda carece de prevenção e, sobretudo nesta região, apresenta resistência aos tratamentos para a saúde mental. Verifica-se que nem progresso das ciências, nem a perseverança das crenças religiosas, nem a extensão da educação formal conseguem evitar o crescimento das taxas de depressão, suicídio e ansiedade em meio à população”, aponta.
A profissional dá uma dica importante para o equilíbrio mental. “Aproveitar os bons dias, o clima quente para sair mais de casa, ver a luz do dia, estar com pessoas que transmitam alegria, podemos contar e confiar.Testar-se fazendo coisas novas ou mesmo resgatar coisas antigas que em algum momento as pessoas sentem falta. Apostar nos caminhos que promovem encontro, vida e energia”, aconselha.
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