Foi na década de 40 que o colorado Amélio Toniolo (In Memorian) levou o futebol para a Linha Eulália. Por trabalhar em Porto Alegre na época, onde a prática do esporte era mais comum, jogava com muita frequência.
Por esse motivo, quando retornou ao interior, ensinou os amigos a jogarem. “Ele jogava muito na capital, então, quando voltou, ensinou o pessoal a jogar, ensinou a colocação de cada um. Todos os domingos tinha treino”, conta o integrante do conselho do time, Cleiton Bianchi.
A partir daí, junto com outros 31 moradores da comunidade, fundaram no dia 1° de setembro de 1942 o time que inicialmente levou o nome de Sociedade Clube Atlético Guarani.
Embora não haja registros do que motivou a troca de nome, alguns anos depois, em 1948, os integrantes fizeram uma eleição para realizar a mudança. Em pauta, colocaram três opções: Inter, Juventude ou Botafogo. Como a maioria dos membros eram colorados, o Internacional da Eulália foi a opção mais votada.
Pouco tempo depois, foram criados os quadros A e B, quando a maioria dos times do interior também começaram a ter. “Então os times faziam enfrentamentos. Era a única atividade de domingo. Foi quando começou a esquentar”, destaca Bianchi.
Também de acordo com Bianchi, em 1979, Américo Locateli (In Memorian) criou o time dos veteranos da Eulália, que existe até hoje. “O que se nota é que aquele pessoal que começou a jogar futebol na década dos anos 50 e 60, estava ficando mais velho, mas queriam continuar jogando, por isso fizeram os veteranos, permanente até hoje”, afirma.
Auge: a década de 80
A década dos anos 1980 foi especial para os jogadores amadores. Bianchi ressalta que essa época ficou marcada como o grande auge dos times dos interiores.
Bianchi também destaca que, embora não houvessem muitos campeonatos, todos os domingos os campos lotavam de jogadores e torcedores. “Tinha muita gente para jogar, o dia interior. Era bem normal isso, em todas as comunidades”, salienta.
Os anos 89 também ganham destaque. Foi quando surgiram os torneios distritais. “Cada distrito fazia o seu campeonato. Nós pertencemos a Faria Lemos, que tinha nove times. Era uma disputa maluca, já tinham algumas rivalidades que existem até hoje”, afirma.
Quem saia vitorioso do torneio distrital, ia disputar o torneio interdistrital, entre os distritos. “Na época, quem estava anos luz na frente era Monte Belo, Pinto Bandeira e Santa Tereza, esses eram os times mais organizados. Foi quando a Eulália viu que para chegar naquele nível precisava de um pouco mais”, analisa.
Contudo, de acordo com Bianchi, o ápice do Inter da Eulália foi nos anos 92, quando o time teve grande evolução. “Nesse ano nós fomos campeões, batendo todos os grandes times que tinham no interior, na época”, orgulha-se.
Enfraquecimento dos campeonatos
Bianchi aponta que em 2000, embora ainda houvessem vários campeonatos, já havia sinais claros de que alguns times não ter forças para seguir adiante. “De 2006 em diante, os campeonatos começaram a ficar muito enfraquecidos. A Eulália conseguiu se manter bem até”, afirma.
Tanto é que, como consequência, os últimos campeonatos realizados já não contavam mais com o quadro A e B. “Por exemplo, os últimos campeonatos tinham um time só e forçando, deixando as regras bem abertas para ter time. Realmente é preciso se reinventar. Está difícil”, admite.
Falta de jogadores é o maior desafio
O grande desafio dos times do interior, incluindo o Inter da Eulália, é a falta de jogadores. Bianchi afirma que os jovens não têm o mesmo interesse de antigamente, pelo esporte. “Convencer alguém de 16 anos a vir jogar bola em um domingo de tarde é muito difícil, tem que ter muita paixão”, lamenta.
Bianchi acredita que a dificuldade se deve as inúmeras outras alternativas de divertimento que os mais novos têm. “A concorrência dos jovens é muito indigesta com o futebol amador. Para arrecadar dinheiro e manter a estrutura a gente dá um jeito, porque só depende de nós, mas conseguir jogadores depende deles quererem”, afirma.
A menor quantidade de integrantes entre as famílias também pode ser um dos motivos, segundo Bianchi. “Antes, de três ou quatro filhos, dois jogavam. Hoje, as famílias têm um filho e ele tem muitas outras opções”, menciona.
Ainda assim, Bianchi é enfático ao afirmar que não está decretado o fim dos times das comunidades. “Enquanto tiver um time para jogar, a Eulália vai colocar. Ainda podemos contar com aqueles que são persistentes”, afirma.
O presidente do Internacional da Eulália, Marcos Rigoti, afirma que o que mantém a estrutura viva até hoje é o time dos veteranos. “Temos cerca de 25 pessoas ativas, em média”
Escolha do espaço foi fundamental para sobrevivência do time
Entre as curiosidades do Internacional da Eulália, Bianchi menciona que logo após a fundação do time, foi cogitado criar o espaço próximo da Linha Eulália Alta. “Porém, a Eulália Baixa ficava muito distante e poderia resultar em uma dispersão”, conta.
Com receio de se estabelecer em um local muito distante do resto da comunidade e de que, como consequência a Eulália Baixa criasse outro time por estar longe, abortaram a ideia. “Nós não somos uma comunidade para ter dois times”, aponta.
Desde então, o clube está localizado em uma área central da comunidade, entre a Eulália Baixa e Alta, facilitando o acesso de todos os moradores. “Está na história, nos relatos dos fundadores que a escolha do ponto foi crucial para o time existir até hoje, isso fez toda diferença e eu também enxergo isso”, conclui.
Um time que coleciona conquistas
Com quase 80 anos de história, não poderia ser diferente, o time coleciona diferentes títulos. Entre os destaques: Campeão Distrital Quadro A. Bicampeão Interdistrital quadro A. Bicampeão Interdistrital quadro A. Tri campeão Nostra Itália quadro B. Campeão Distrital quadro B. Campeão Colonial quadro veteranos. Bicampeão Colonial de salão quadro veteranos.