ONG vem trabalhando no resgate de animais desde sua fundação, em 2018, mas ações se intensificaram durante as enchentes de 2023 e 2024
Durante as enchentes devastadoras que atingiram Bento Gonçalves e região, em maio de 2024, o Instituto Por Mais Empatia atuou no resgate de diversos animais sob o comando de Letícia Bonassina, agora vereadora eleita para a Câmara Municipal de Bento Gonçalves pelo Partido Liberal (PL).
Segundo ela, já em setembro do ano passado, o instituto esteve atuando em municípios afetados. “O Instituto Por Mais Empatia assumiu a liderança de diversas ações para apoiar as famílias que precisavam de ajuda com seus animais. Oferecemos alimentação e suporte totalmente gratuitos para aqueles que necessitavam. Durante as enchentes de maio de 2024, formamos uma equipe de voluntários para resgatar uma protetora que tinha mais de 60 animais em sua casa. Ao longo do trajeto, entre subidas e descidas, também conseguimos recolher vários animais que estavam vagando pelas ruas”, destaca.
Letícia aponta que só em maio deste ano, mais de 400 animais passaram pelo instituto. “Cada um deles deixou uma marca profunda em nossos corações. Muitos, com a ajuda incansável de nossa equipe, puderam ser reunidos com seus tutores e retornar para seus lares. No início, nossa base de operações foi na Escola Bento, um local temporário onde começamos a ação com toda a dedicação possível. Com o tempo, conseguimos um novo espaço na Panazzolo, onde permanecemos por um bom período, sempre improvisando e nos adaptando, mas com o compromisso de dar o melhor apoio possível aos nossos resgatados”, ressalta.
Atualmente, a ONG opera em um sítio no Vale dos Vinhedos, perto da empresa Sucos Suvalan, onde oferece segurança e cuidados a cerca de 70 animais sob sua tutela, incluindo cães, gatos e até um cavalo. “Chegamos a ter 94 animais sob nossa tutela ao mesmo tempo, cada um com sua história de superação. Hoje, ainda mantemos cerca de 70 animais sob nossa responsabilidade e apesar de todas as dificuldades, seguem nos ensinando todos os dias o verdadeiro significado da resiliência e do amor incondicional. Desse total, pelo menos, cerca de 40 são animais que foram abandonados ou se perderam dos donos durante as enchentes. “Na época das enchentes, resgatamos cerca de 400 animais. Vários voltaram para os seus lares e outros foram adotados por novas famílias”, pondera.
Desafios e necessidades
O Instituto enfrenta diversos desafios, desde a falta de apoio público até a necessidade urgente de campanhas de castração para controle populacional. “Nossa maior necessidade é que a comunidade se envolva mais profundamente nas ações que o instituto promove, como rifas, bingos e feiras de adoção. Esses eventos não são apenas oportunidades de arrecadar recursos, mas de unir forças em nome da vida e do bem-estar de tantos animais que dependem de nós. A cada dia, a demanda por ajuda cresce, e nosso trabalho não para. Usamos uma quantidade imensa de material de limpeza, ração e medicamentos para todas as espécies, porque, além de cuidar dos nossos resgatados, também recebemos inúmeros pedidos de auxílio. São famílias que pedem uma medicação para aliviar o sofrimento de um animalzinho ou um apoio mensal para garantir que seus companheiros de quatro patas tenham o alimento necessário para sobreviver. Cada ajuda é um gesto de amor, e, juntos, podemos fazer a diferença na vida desses seres que só sabem nos dar carinho e lealdade”, afirma Letícia.
Ela reitera que todos os recursos vêm exclusivamente de doações espontâneas da comunidade. “Não recebemos nenhum aporte financeiro de prefeituras, governos estaduais ou federais. O que mantém nosso instituto de pé são as contribuições generosas de pessoas que acreditam no nosso trabalho e se importam com o bem-estar dos animais. Sem o apoio contínuo e voluntário da comunidade, não seríamos capazes de continuar nossa missão. É com o coração aberto e a solidariedade de todos que conseguimos seguir em frente, cuidando, resgatando e oferecendo um futuro melhor aos nossos queridos animais”, reforça.
Gabriela Toniolli, uma das voluntárias da ONG, aponta que durante o momento das enchentes ela pode ver como os animais estavam esquecidos e precisando de voluntários. Gabriela conta sobre a rotina do voluntariado no instituto. “Com os animais do sítio, começamos cedo, com a alimentação e limpeza, mas claro que ao mesmo tempo dando muito carinho. Também checamos a saúde dos animais, afinal, temos alguns que estão machucados, que vieram após atropelamentos, maus-tratos ou com doenças mesmo, que precisam de um olhar mais cuidadoso, incluindo limpeza de feridas e/ou medicação. Também aproveitamos, em especial agora no verão, para dar banho neles. Em meio a isso temos as questões das redes sociais, onde recebemos diversos pedidos de ajuda diariamente e onde realizamos alguns sorteios para nos auxiliar em relação aos gastos”, revela a voluntária.
Reencontros
Os momentos mais emocionantes do trabalho do instituto são os reencontros entre tutores e seus animais. Letícia conta a história de Meg, uma cadela que, apesar do carinho recebido no abrigo, demonstrou tristeza evidente até o dia em que seus donos apareceram. “Sempre é comovente ver os animais reconhecerem os tutores assim que eles chegam. A Meg ficava extremamente triste e chorava no abrigo, apesar de todos tentarmos alegrá-la. Mas, quando seus donos finalmente conseguiram nos localizar, algo mudou nela. A expressão dela se transformou completamente. Ainda levou alguns dias para que ela voltasse definitivamente para casa, pois sua família estava se reorganizando, mas no dia do reencontro, nós a acompanhamos até lá. Foi um momento indescritível, de pura gratidão e alegria para todos nós”, relembra.
Adoções e conscientização
A maioria dos animais no sítio estão disponíveis para adoção. Letícia explica o processo para adotar. “Para garantir que tenham um futuro seguro e feliz, realizamos uma entrevista detalhada e acompanhamos cada caso de perto após a adoção. Nosso compromisso é assegurar que os adotantes tenham plena responsabilidade e consciência do ato que estão realizando. Afinal, estamos lidando com vidas que merecem respeito e cuidado. No Instituto Por Mais Empatia, acreditamos que toda vida importa. Adotar é um gesto de amor, mas é também uma decisão que traz consigo a responsabilidade de oferecer cuidados, alimentação, carinho e atenção constantes. A adoção não é o fim da jornada, mas o começo de uma nova vida para o animal, e queremos que essa nova etapa seja repleta de bem-estar e felicidade para todos”, complementa.
Sobre número de doações de animais, a coordenadora da ONG, reitera que, embora não tenha uma estimativa anual precisa, mensalmente conseguem realizar a doação de cerca de cinco a seis animais. “Um número bastante significativo que demonstra o impacto positivo do nosso trabalho”, expressa Letícia.
Alguns dos animais disponíveis para adoção responsável:
Por fim, ela evidencia também a importância de políticas públicas. “Precisamos conscientizar as pessoas sobre a urgência disso. Sabemos que não seremos capazes de resolver todos os desafios da causa animal em Bento Gonçalves sozinhos. Mas nossa missão é reduzir ao máximo os impactos e cuidar com todo empenho dos animais que estão sob nossa responsabilidade. No entanto, isso não é tarefa apenas dos protetores independentes. O Poder Público precisa se envolver ativamente, direcionando recursos e criando ações concretas. Somente com a colaboração de todos conseguiremos enfrentar os problemas diários e proporcionar soluções duradouras para a causa animal”, finaliza.