Algumas empresas exigem o domínio do idioma pelos funcionários. Imersão através de leitura, música, filmes ou, até mesmo videogames pode ajudar na fluência. Além disso, profissionais explicam que quanto mais cedo uma criança começa a aprender, mais fácil será o processo
Estudar inglês, há algum tempo, deixou de ser apenas um hobby para quem gosta de aprender línguas estrangeiras. De alguns anos para cá, o idioma se tornou essencial também para o mercado de trabalho, sendo pré-requisito para boa parte das vagas disponíveis.
Segundo a professora de inglês do Senac, Tatiane Gonçalves, as pessoas que aprendem um novo idioma geralmente melhoram a função cerebral, ativam os neurônios e estimulam boa memória. “Os indivíduos processam informações de maneiras diferentes dos demais. Consequentemente, os benefícios vão além de falar ou entender, eles ampliam a visão de mundo. Ao inserir tais vantagens em um ambiente profissional, temos colaboradores diferenciados, as empresas sabem e reconhecem isso”, pontua.
Conforme Tatiane, no mundo de hoje, a prestação de serviços básicos não é suficiente e os clientes estão cada vez mais exigentes. “Por isso, o conhecimento do inglês tornou-se parte integrante de muitas empresas. Por exemplo, as multinacionais precisam de especialistas fluentes em outros idiomas para facilitar os contatos com o mercado externo e melhorar os resultados das negociações”, explica.
A professora sublinha também que, de acordo com um estudo realizado pelo LinkedIn, nos próximos 10 anos, 100% das empresas vão recrutar colaboradores que falam inglês. “Atualmente, 60% das vagas exigem que os candidatos saibam. Um estudo publicado no site de empregos da Catho no final de 2021 descobriu que fluentes ganham salários 83% mais altos do que não falantes de inglês”, frisa. Ela também diz que a mesma pesquisa de 2017 concluiu que funcionários podem ter 38% em aumento de salário, o que simboliza aumento da remuneração média em 45% para os diversos cargos analisados.
Ainda segundo Tatiane, estudos realizados pela empresa Enjoy Work Coworking destacam que, além dos altos salários, dominar o inglês traz outras vantagens para a carreira profissional, como maior possibilidade de carreiras e oportunidades de trabalho internacional. “Além disso, a pesquisa destaca que uma boa comunicação é essencial no cotidiano das empresas e que essa necessidade aumenta de acordo com a posição do cargo do colaborador”, expõe.
Para a educadora, todos esses estudos e pesquisas mostram que profissionais que têm domínio da língua inglesa podem negociar salários de até 70% maiores do que aqueles não falam inglês. “Esse fator significa que conhecer um segundo dialeto não apenas ajudará a encontrar oportunidades, mas também será um fator importante para aumentar sua remuneração”, esclarece.
A respeito do tempo de fluência, Tatiane descreve que o período em sala de aula não é o suficiente para ter-se o domínio de um idioma. “A dedicação, interesse e o tempo de imersão no idioma que a pessoa dispensa no seu cotidiano é que fará a diferença no quanto demorará para aprender a língua, seja em um nível básico até o mais avançado. Quanto mais exposição, seja em leitura, música, filmes ou, até mesmo videogame, mais rápido será o aprendizado”, garante.
De acordo com a professora do Senac, caso o indivíduo tenha condições de fazer programas de imersão ou viagens de intercâmbio, o aprendizado acontece com mais rapidez e de forma mais natural. “O importante é nunca desistir em casos de dificuldade. Nem todas as pessoas têm a habilidade inata para entender uma língua estrangeira, o que é normal em qualquer área de aprendizado. Portanto, é necessário dedicar tempo e energia para alcançar a proficiência, ainda mais em um curto período”, completa.
Sobre qual a idade ideal para aprender inglês com facilidade, ela evidencia um estudo do Massachusetts Institute of Technology (MIT), o qual aponta que a melhor faixa etária para desenvolver uma língua estrangeira é a dos 10 anos. “Para o MIT, o melhor momento para aprender um idioma é durante essa fase, já que o cérebro é mais estimulado nessa fase. Existe uma idade crítica em que o aprendizado, de forma geral, é mais difícil. Tal período é durante a adolescência, mas varia de acordo com as características de fatores biológicos, cognitivos, afetivos e o input linguístico no ambiente em que o adolescente está inserido”, analisa.
Ela indica que, quanto mais cedo a criança entrar em contato com uma língua estrangeira, mais fácil será para ela adquirir esse conhecimento. “À medida que cresce, a aprendizagem não se torna impossível, mas mais difícil e exigirá mais esforço de adultos, lembrando que os fatores citados acima também fazem parte de todo processo de formação linguística, independentemente da idade do indivíduo”, ressalta.
A sócia-proprietária do Yázigi de Bento Gonçalves, Denise Deon Carpeggiani, conta que na escola de idiomas há material didático para crianças a partir dos 3 anos. “Atendemos esse público com sucesso. Eles se comunicam com muita destreza, não veem barreira nenhuma, não acham que existe dificuldade para eles. Só estão recebendo informações e as usam de uma maneira habilidosa. Quanto mais cedo, melhor”, comenda.
Denise também destaca que cada pessoa tem seu ritmo de aprendizado, sendo que uma pode aprender mais rápido que a outra, mas também pode demorar. “O básico da língua seria se comunicar formalmente e informalmente, comprimentos, apresentações, fazer solicitações básicas de comida, objetos de uso pessoal no trabalho, as direções e informar o que gosta. Isso demanda 200 horas de estudo, no mínimo”, assegura.
A empresária também diz que para alcançar um inglês pré-avançado ou avançado, é necessário ter, pelo menos, 500 horas de estudo. “Hoje em dia as pessoas são profissionais completos, elas sabem o seu trabalho, usar as redes sociais e têm que saber língua estrangeira. Os concorrentes estão se qualificando bastante”, evidencia.
Conforme reitera a professora do Yázigi, vagas específicas, em níveis profissionais, principalmente para aqueles que já terminaram a faculdade e já têm trabalho no mercado, exigem o domínio do inglês. “Eles (os contratantes) já têm certeza de aquela pessoa sabe, é uma coisa que faz parte do currículo. Inclusive gostam e querem que tenha tido experiência no exterior e feito intercâmbio. Tem muita gente que já está pronta”, revela. Para ela, o idioma faz diferença, pois um cargo muito bem remunerado requer a língua inglesa.