Clacir Rasador
Sem o intuito de catequisar ninguém e tão pouco desrespeitar a fé e a crença de cada um, já pensaram como seria hoje o oitavo mandamento – não levantar falso testemunho – num mundo em que a mentira, a fofoca não é mais de boca em boca, de janela em janela, mas de tecla em tecla, de postagem a postagem, de fake news em fake news e, via de regra, sempre eivado de “interésses”, como já dizia Brizola.
Cada qual com sua imaginação. E, pensando bem, melhor deixar isso para QUEM é lá de cima e sabe não somente quantos cabelos temos, mas cada tecla que clicamos…
Aqui embaixo, por estas paragens, começa a pipocar – não, não, fevereiro já passou, não se trata do festejado e alegre carnaval pipoca da Bahia – mas, sim, de notícias na mídia, em especial na grande mídia, de que a Polícia Federal não identificou qualquer indício de crime das vinícolas em relação à grave denúncia de trabalho análogo à escravidão.
Sinceramente, vista a primeira manchete de capa, me veio em mente a fábula das penas do travesseiro ao vento, porém, agora, são estas “penas” mais leves do que àquelas do tempo do nono (avô); trata-se de “penas digitais” as quais tomam o mundo em segundos e podem macular, destruir vidas, reputações e histórias construídas honestamente há séculos.
Se no primeiro ato, já condenaram pelo teor da notícia, seguem agora no segundo ato catando algumas penas ao vento, embora se esgueiram e se esquivam de uma retratação pública, ao dar uma versão dúbia ao que publicaram inicialmente, se utilizando do tecnicismo jurídico, mais conhecido popularmente pela linguagem do juridiquês.
Importa dizer sim que na fria e crua realidade deste mundo de meu DEUS, se de um lado tivemos INÚMEROS PRODUTORES DE INVERDADES contra as vinícolas citadas, por outro lado, FALTARÃO AGORA OS CATADORES DE MENTIRAS, pois muitos ficarão no sórdido e covarde silêncio dos hipócritas, dentre elas, até o momento, figuram autoridades que pegaram o “trem da alegria”, outros então negarão muito mais que três vezes o nefasto pré-julgamento que fizeram. E haverá ainda àqueles que por ideologia seguirão cegamente condenando, adeptos da doutrina do quanto pior-melhor e no final, se processados, “tudo bem…não dá nada”.
Sinceramente, fazendo jus ao título desta “breve” coluna, não sei se a expressão latina “in vino veritas”, cujo significado literal é “no vinho está a verdade”, foi dita por Plínio, o Velho (filósofo romano) quando este já estava embriagado ou não, entretanto, uma coisa é certa: sempre faltará sobriedade àqueles que se fartam do gosto amargo do fel das mentiras e, ademais, assim creio, não leva tempo para dolorosamente regurgitarem a verdade.
Enfim, de tudo isso, espera-se não menos que seja apurado todos os fatos e assim seja feita JUSTIÇA aos nossos irmãos baianos. Da mesma forma, das penas largadas INJUSTAMENTE e irresponsavelmente ao vento, resta por ora a sede de JUSTIÇA, afim de que se transformem em penas da lei pela difamação e prejuízos causados, tanto em relação às vinícolas citadas na grave denúncia, quanto ao escárnio e xenofobismo contra as raízes de nossa história, nossa cultura e nosso povo.
Nesta terra bordada de parreirais, continuemos com a fronte erguida, cantada no hino de nossa querida Bento Gonçalves, e sigamos com paz e trabalho estampado em nossa bandeira, nos orgulhando sempre de sermos a CAPITAL BRASILEIRA DO VINHO!