Apesar de diminuição do indicador em julho e agosto deste ano, o percentual de 2021 está em 16,75%

O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), também conhecido como inflação do aluguel, por ser base para o reajuste de contratos de locação, teve inflação de 0,66% em agosto, uma diminuição perante julho, que teve 0,78% e agosto de 2020, com 2,74%. Os dados foram divulgados pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que também destaca a alta de 16,75% no ano e de 31,12% em 12 meses.

O IGP-M é composto por outros três indicadores, o índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que constitui 60% do total, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que tem peso de 30% e o Índice de Nacional de Custo da Construção (INCC), que compõe 10% da taxa. A alteração da inflação do aluguel depende da variação no valor dos itens correspondentes a esses indicativos.

Em Bento

O proprietário da Aliança Imóveis, imobiliária que faz parte da Associação dos Corretores de Imóveis e Imobiliárias da Região Nordeste (Ascori), Juliano Pessali, destaca que o IGP-M é o índice que rege a maioria dos contratos de locação. “Este vem tendo uma correção muito além da estimada, buscamos uma negociação com as partes para que a locação dê continuidade”, destaca.

Além disso, Pessali realça que as opções de negociação surgem quando é demonstrado para as partes que o equilíbrio é o melhor negócio. “Há de se destacar que os imóveis em oferta estão com valores de mercado, atuais. Assim, migrar para de menor preço implica em abrir mão de algo, localização, tamanho ou estado”, explica.

O empresário salienta que é papel dos corretores e imobiliárias, como intermediadores, buscarem o equilíbrio e mostrarem para os proprietários e locatários as soluções mais coerentes. “Precisamos observar que por um período o índice ficou próximo a zero ou até negativo, e gerou um descontentamento aos locadores, agora com o índice elevado gera um à outra parte”, pondera.

Sindilojas vai ao STF para trocar o IGP-M pelo IPCA

O Sindilojas Regional Bento está, há alguns meses, orientando seus associados a negociarem seus aluguéis. O tema ganhou destaque nacional e o Sindilojas de Belo Horizonte, do qual a entidade de Bento faz parte, liderou um movimento que se materializou em um documento entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando a troca IGP-M, índice de reajuste das locações, pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O IPCA teve variação de 6% ao ano, valor significativamente abaixo dos 30% estipulados pelo IGP-M. O presidente do Sindilojas-BG, Daniel Amadio, explica que não há uma definição sobre a ação que a entidade aderiu. “Como é caráter de urgência, acreditamos que poderá ser dada uma prioridade, mas depende da ordem dos processos e da velocidade de despachos. O certo é que se for concedida uma liminar, poderemos colocar em prática”, explica.

Os lojistas, em sua maioria, estão fazendo negociação no valor dos aluguéis. “Eles são compreensíveis e, muitas vezes, ofertaram mesmo sem ter recebido a solicitação para a aplicação do IPCA. Raros casos, devido ao momento pelo qual o comércio passou, nem reajuste aplicaram. Porém, há alguns casos que chegam a nós de proprietários que querem o reajuste pelo indicador distorcido. Nesse caso, como não temos uma decisão judicial favorável, a aplicação é inevitável, virando, assim, uma especulação financeira. Cabe ressaltar que saindo a liminar, todos os contratos ficam obrigados a cumprir com o reajuste pelo IPCA”, frisa.

Foto: Cleunice Pellenz