O Hospital passou de aproximadamente 17,5 litros para 70, um aumento de 300%
O Hospital Tacchini atualmente está com 71 litros de leite no Banco de Leite Humano AMA Tacchini, uma quantidade recorde. No início do ano, o Hospital passou por um momento crítico, quando dispunha de pouco menos de 17,5 litros, sendo uma quantidade capaz de alimentar os bebês da UTI Neonatal do Hospital Tacchini por 7 dias.
No entanto, neste mês o Banco de Leite teve sua quantidade recorde, 71 litros que atendem 30 dias, aumentando a possibilidade de atendimento a diversas mães, que por uma razão ou outra não podem amamentar os filhos por conta própria.
O Hospital realiza a coleta do leite a domicílio, com as mães que se encaixam nos critérios para serem doadoras. A coleta a domicílio no município é feita a partir da parceria com o Corpo de Bombeiros de Bento Gonçalves, que se responsabiliza pelo recolhimento e transporte do leite até o hospital.
Além de atender Bento Gonçalves, o Hospital Tacchini atende toda a Serra Gaúcha, por isso o hospital viabiliza por conta própria a coleta de leite materno à domicílio em outros cinco municípios da região: Flores da Cunha, Caxias do Sul, Garibaldi, Carlos Barbosa e Farroupilha.
A nutricionista do hospital, Graziela Zortéa, explica que as doações são realizadas apenas no hospital, sendo a coleta do leite materno realizada fora. “O hospital apenas busca o leite em outros municípios, a gente coleta o leite doado, pasteuriza e ele é utilizado de forma exclusiva, aqui dentro do hospital. A gente não pode por lei transferir esse leite para outros municípios depois de pasteurizado”, enfatiza a profissional.
Ela reforça que desde o mês passado o hospital está contando com a ajuda dos bombeiros, com a Secretaria de Segurança Pública e com o 6º Batalhão de Comunicações, uma divisão do Exército brasileiro, para coletar leite no município de Bento Gonçalves.
Graziela conta que estão atualmente com 20 doadoras ativas e que ao longo de 2024 conseguiram atender 243 crianças.
Felicidade ao fazer o bem
Fabiana Uez Borges, professora e doadora assídua para o Banco de Leite conta que é muito gratificante ser doadora, pois sabe bem como é querer seu filho sempre saudável. “Minha filha nasceu com baixo peso e eu precisava fazer ela ganhar. Tinha pânico de pensar que ela poderia precisar internar para ganhar peso. Me formei na faculdade de enfermagem, não atuo na área, mas conheço bem os benefícios da amamentação. E continua: “A minha maior felicidade é poder fazer um carinho no coração das mães que têm seus bebês internados, mesmo de longe, doando esperança, para que possam crescer fortes e saudáveis. Eu fico muito alegre em poder contribuir para os bebês irem para casa o mais rápido possível, com suas famílias. Em 3 meses minha bebê ganhou 2.700 gramas e já está com o peso dentro do esperado para seu desenvolvimento. O leite materno salva. E, se eu puder salvar alguém, serei ainda mais feliz”, ressalta.
Graziela conta que quando falta o leite, são feitas campanhas de incentivo a doação: “A gente tenta ficar mais na mídia, tenta informar a comunidade que a gente precisa de doadoras. Os meses de dezembro, janeiro e fevereiro são de férias, dessa forma várias doadoras acabam saindo do município e não doando nesse período, então a gente sempre tenta manter um estoque elevado”, comenta a nutricionista.
O Banco de Leite existe desde 2021, sendo que a média de estoque, segundo Graziela, sempre fica em torno de 40 à 50 litros. “Quando a gente tem um estoque que fica para pelo menos 15 dias, a gente já liga o alerta de que vamos precisar fazer algo; então são feitas campanhas para aumentar as doações”, finaliza.
As campanhas têm demonstrado resultado, já que do início do ano para este mês o estoque aumentou 300%, saindo de aproximadamente 17,5 litros para o recorde de 70 litros.
Gabriela Belitzki, outra doadora assídua conta que o processo é bem tranquilo. “Você precisa ter o interesse, preencher alguns critérios para ser incluída e apresentar os exames (sorologias) recentes. Depois que você se torna doadora, é adicionada em um grupo de WhatsApp, onde toda semana somos questionadas sobre alguma infecção viral recente, tratamento para alguma doença, uso de medicação, drogas ou álcool, bem como realização de tatuagem”, conta a doadora, que também trabalha como pediatra do hospital.
Ação de bem
Amanda Paiz e Clelia Lisboa, são duas mães que receberam as doações e relatam a importância dessa ação. Amanda, de 16 anos, conta que seu filho nasceu prematuro e logo veio parar na UTI Neonatal do hospital. “Quando a introdução de leite dele começou eu ainda não tinha uma produção muito grande, então ele recebeu doação nos primeiros dias. Assim que cheguei no hospital fui direcionada para o Banco de Leite para começar a ordenha, fui muito bem atendida e direcionada pelas mulheres que trabalham no Banco e no hospital”, comenta.
Já Clelia, de 42 anos, disse que precisou de doações porque teve complicações no parto. “Acabei precisando dos cuidados da UTI, houve um atraso na estimulação do leite por fatores como a medicação na qual fui tratada, que diminuíram a minha produção de leite. Dessa forma, meu bebê precisou que essa falta fosse complementada com leite de doadoras”, explica.