Entre Bento Gonçalves e Manaus a diferença é de duas horas. Quando meus colegas de Empresa estiverem ainda dormindo nós aqui do Sul já estamos peleando no trabalho.
No horário do almoço é necessário um plantonista pois o Brasil do Norte está trabalhando enquanto no Brasil do Sul estamos almoçando. E os negócios não param para almoço.
Este descompasso provocado pelo horário de verão tem consequências piores no nosso organismo humano, especialmente naqueles em que funciona como um relógio biológico.
Todas as manhãs acordo às 6h30min. Almoço às 12h, quando tenho fome, janto às 19h e vou dormir “com as galinhas”, ou seja, cedinho. Depois de um copo de vinho nem o Jornal Nacional me segura com os olhos abertos. Até o netinho já sentenciou: – “Vovô, vai dormir!”.
Agora o bicho vai pegar: tudo muda uma hora e, quando o corpo está quase se acostumando, termina o verão e volta a rotina.
Lembro de um cavalo que estavam ensinando a trabalhar sem comer e quando ele estava quase se acostumando, morreu.
Vou sobreviver a mais este verão e tentar compensar os prolongados finais de tarde com algum lazer. No domingo tentarei compensar as horas mal dormidas espichando o tempo de cama no amanhecer. Não vai ser fácil mas: horas de sono é questão de conta corrente: débito e crédito.
O lado bom é que no final do dia vai dar para aproveitar o pátio da casa e quem sabe o tardar da noite favoreça um churrasquinho. O problema é que se tiver o bendito vinho, estou sujeito a fazer o assado e não comer a carne. Já é um pesadelo.
Para quem gosta de levar os pequeninhos para a pracinha é um prato cheio. Para quem gosta de caminhar, o final da tarde estimula.
Também vai ter muita gente bocejando no trabalho, olheiras empapando o rosto e barriga roncando fora de hora.
Tudo bem! Se é para o bem do Brasil, VIVA o horário de verão.