No dia 21 de fevereiro celebra-se o Dia Nacional do Imigrante Italiano, uma data que homenageia a contribuição dos italianos para a cultura e economia do Brasil. A imigração italiana para o Rio Grande do Sul, iniciada no final do século XIX, deixou marcas profundas em diversas áreas. Bento Gonçalves, uma das cidades que mais recebeu imigrantes da península itálica, tornou-se um símbolo dessa influência, especialmente no setor vinícola.

Conforme a enóloga, sommelier e docente do Senac Bento Gonçalves, Patricia Possamai, os imigrantes italianos contribuíram primeiramente trazendo mudas de videiras europeias para a região e, principalmente, com a cultura vitivinícola que já possuíam na Itália. “Então eles simplesmente mudaram o ambiente, mas continuaram fazendo aquilo que faziam lá, que era o cultivo da uva e do vinho. Graças a eles, sem dúvida, o setor cresceu muito e hoje basta ver que a maioria das vinícolas brasileiras são de imigrantes italianos”, destaca.

No entanto, a especialista explica que a adaptação não foi fácil. “Os principais desafios dos imigrantes foram a adaptação das videiras, porque o clima daqui era completamente diferente do clima europeu. Além disso, houve a questão da filoxera, que atacou o mundo e fez com que muitas mudas morressem. Como na época não havia muito conhecimento técnico, isso dificultou ainda mais o processo”, explica.

Atualmente, a cultura do vinho está intrinsecamente ligada à identidade de Bento Gonçalves. A cidade abriga algumas das mais renomadas vinícolas do país e recebe milhares de turistas anualmente, atraídos por roteiros onde é possível vivenciar a tradição por meio da enogastronomia, arquitetura e eventos temáticos.

Possamai afirma que, embora a influência italiana tenha sido marcante, a região também recebeu forte impacto da cultura francesa no setor vinícola, fazendo com que as videiras italianas perdessem espaço ao longo do tempo. Porém, ela aponta que “nos últimos 10 anos, começou um ressurgimento de uvas italianas, como, por exemplo, nebbiolo, barbeira e sangiovese”.

A profissional também reforça a importância da qualificação para a manutenção das tradições. “A qualificação profissional de qualquer pessoa é muito importante para manter uma tradição, nesse caso, o vinho. O curso de sommelier, com certeza, contribui muito, pois permite conhecer os vinhos italianos, reconhecer as uvas hoje plantadas aqui na Serra Gaúcha e poder fazer essa associação entre vinho, Itália e imigração italiana, fortalecendo o mercado”, pontua.

No Senac, os alunos aprendem sobre a história do vinho e têm aulas específicas sobre os vinhos italianos. “São nove horas de aula dedicadas exclusivamente aos vinhos italianos. Então, eles aprendem bastante a respeito dos principais vinhos e denominações de origem italiana”, descreve a docente.

Por fim, Patrícia enfatiza a importância de celebrar o Dia Nacional do Imigrante Italiano. “A maioria das pessoas que estão aqui na Serra Gaúcha são descendentes de imigração italiana e, se hoje é uma região desenvolvida, é graças ao imigrante italiano, então com certeza precisamos celebrar e valorizar a vinda desse povo”, conclui.

E para aqueles que desejam aprender e aprofundar seus conhecimentos na arte de degustar e entender os vinhos e suas culturas, o Senac Bento Gonçalves está com inscrições abertas para o curso de Sommelier de Vinhos. Para saber mais e se inscrever, os interessados devem acessar o site da escola ou presencialmente na rua Silva Paes, 415, no bairro Cidade Alta. Mais informações também podem ser obtidas pelo telefone (54) 3452-4200 ou pelo WhatsApp (54) 99269-3594.