Clicando na década passada, encontrei um texto de 2008 que homenageia um casal grávido de uma menina de nome Rafaela, hoje com quase doze anos. Estou puxando pela memória, mas não consigo localizar os personagens… Segue o texto com alguns cortes:
“Eles se conheceram, se apaixonaram, coisa e tal. Então selaram o compromisso com uma aliança de mentirinha, depois com uma de verdade, que mudou de dedo no casamento. O casal seria perfeito – duas metades da laranja – se não fosse por um detalhe. Em seus DNAs, reside um átomo, unzinho só, de cunho conflitante, aquele que tem a ver com certa paixão que a razão não explica: futebol. Enfim, ele é colorado obsessivo; ela, gremista doente. A família diz que a menina vai pôr a cara no mundo em setembro, quando o frio amainar e as flores desabrocharem. Enquanto isso, a dupla Gre-Nal está providenciando, entre outras coisas, a camiseta PP dos respectivos sonhos, para a futura torcedora. A galera sorri na expectativa. As interrogações giram em torno da escolha da menina, assim que souber apontar o dedinho para a cor de sua preferência. Mas já surgiu uma questão de ordem depois da última ecografia: que a fada madrinha seja de coração azul. Sabe como é! Mamães têm seus direitos. Na semana passada, Rafaela foi mais uma vez clicada pelo “paparazzo” de plantão. A ecografia em quatro dimensões permitiu visualizar o bebê em detalhes curiosos: chupando o dedo, se coçando e sorrindo. “É colorada”, garantiu o pai. “É gremista”, assegurou a mãe. Já em casa, com a família reunida, o CD contendo a filmagem do exame foi para a tela da TV. E então, o fantástico. Havia um fundo musical, saído provavelmente de algum som retumbante que escalou os andares e penetrou na saleta da Clínica, através da persiana, sem que ninguém percebesse. A melodia se repetiu durante todo o processo da ultrassonografia, que durou uma hora e meia. Era esta: Até a pé nós iremos/Para o que der e vier/Mas o certo é que nós estaremos/Com o Grêmio onde o Grêmio estiver/Cinqüenta anos de glória/Tens, imortal tricolor/Os feitos da tua história/ Canta o Rio Grande com amor/Até a pé nós iremos… E então? Há forças ocultas tendenciosas ou não?”
Essa é a narrativa da época. Resta agora saber se a pegadinha do Universo exerceu alguma influência sobre o time escolhido por Rafaela… Será que seu coração é azul ou vermelho?