A partir de todos os problemas que ocorreram no mês de maio, Roberto Tondo, morador de Pinto Bandeira e geólogo, trouxe considerações sobre o tema

Formado na Unisinos em 1979, Roberto Tondo trabalhou em diversos estados lidando diretamente com solos e escavações subterrâneas para poços. Ele voltou para sua cidade natal e está preocupado com a situação que seu estado enfrenta. “O homem também não está ajudando, só pensam nos interesses próprios. Os órgãos e o meio ambiente também têm que repensar, porque estão fora da realidade, não evoluíram. E tem também a questão da natureza: se você tem um problema de aumento de temperatura, ela vai mudar. São Sebastião do Caí teve 12 enchentes em um ano. Já pensou? É um absurdo o que está acontecendo. Acredito que seja um pouco de cada, tanto a ação das pessoas quanto das variáveis climáticas”, destaca.

Rios

Segundo Tondo, as catástrofes que assolaram o Rio Grande do Sul estão ligadas ao acúmulo de água registrados na região e que desembocam nas áreas mais baixas. “Todos os rios que enchem aqui deságuam no Guaíba. Minha proposta para aquela região seria fazer um canal que saia do Guaíba e vá em direção a Cidreira, abaixo de Cidreira, chamado Farol da Solidão. Um canal de 14 quilômetros de largura com comportas que vão para Mostardas. Essas comportas vão abrindo, e ao invés da água percorrer 240 quilômetros, serão apenas 70. No canal, pode-se monitorar, porque agora, se existir um canal, em vez de a água ir lá para a região de Pelotas, onde tem vento, ela vai sair para no litoral. Tem que facilitar o curso e conduzir a água para uma parte melhor”, explica.

Além do canal secundário, Tondo acredita que isso permitiria maior monitoramento das atividades do rio. “Em 1941, não havia comunicação. Hoje temos essa possibilidade, podemos monitorar tudo. Então, se houver um trabalho bem feito e monitorado, será mais fácil de resolver. Nós vivemos aqui há 70, 80 anos. Em termos geológicos, isso é um milésimo de segundo. Se não cuidarmos da natureza, não teremos mais nada no futuro. Temos que nos preocupar e tentar ajudar. É uma contribuição de cada um, que ajudando um pouquinho, resolve”, enfatiza.

Tondo ressalta que, se há suspeita de um grande número de chuvas se aproximando, é necessário um plano para evitar estragos. “O que estão falando na televisão é que houve uma pressão que segurou a água que vinha do sul, e realmente veio uma corrente da Amazônia para cá, causando uma sobrecarga de chuva. Agora, se há uma sobrecarga, tem que ser evitada, tem que haver uma solução, como um rebaixamento da água. Se a água chega demais, tem que tirá-la. Uma casa cheia de água, tem que ser furada para a água sair. É algo lógico, não é contraditório”, conclui.

Roberto Tondo, geólogo, explica sua ideia sobre a saída secundária no rio Guaíba