Proteína humana ANKLE2, essencial para o desenvolvimento cerebral, é usada pelo vírus em benefício próprio

Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em estudo publicado na revista científica mBio, descobriram que o vírus Zika sequestra a proteína humana ANKLE2, fundamental para o desenvolvimento do cérebro. Esse mecanismo contribui para a microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas durante a gestação.
Quando o Zika infecta gestantes, atravessa a placenta e pode ocasionar microcefalia, condição em que o cérebro do feto apresenta tamanho reduzido. A proteína viral NS4A interage com a ANKLE2, formando estruturas que servem como fábricas para a produção do vírus, aumentando sua eficiência e dificultando a detecção pelo sistema imunológico.

O estudo aponta que outros vírus da mesma família, como dengue e febre amarela, também utilizam a ANKLE2 de maneira semelhante. A descoberta oferece novas perspectivas para o desenvolvimento de vacinas e tratamentos específicos contra esses arbovírus.

Origem e primeiros casos do Zika

O vírus Zika foi isolado pela primeira vez em 1947, em macacos na floresta Zika, em Uganda, com o primeiro registro de infecção humana em 1953, na Nigéria. No Brasil, os primeiros casos foram confirmados em 2015, marcando o início de um surto que rapidamente ganhou atenção global devido ao aumento significativo nos casos de microcefalia.

Síndrome congênita do Zika

O mosquito Aedes aegypti é transmissor de várias doenças, incluindo Zika, dengue, chikungunya e febre amarela

De acordo com o Ministério da Saúde, a síndrome congênita do Zika engloba diversas alterações congênitas, incluindo problemas visuais, auditivos e neuropsicomotores, em fetos expostos ao vírus durante a gestação. A gravidade dos sintomas está relacionada ao momento da infecção, sendo mais severa quando ocorre nos estágios iniciais da gravidez.

A transmissão do Zika em gestantes ocorre principalmente pela picada do mosquito Aedes aegypti, mas também pode se dar por relações sexuais com parceiros infectados ou transfusões de sangue – estas últimas, de acordo com o órgão, apresentam baixo risco devido aos protocolos de triagem e testes realizados nos bancos de sangue.

A síndrome foi identificada em 2015, quando houve um aumento inesperado nos casos de microcefalia no Brasil. Inicialmente considerada uma emergência de saúde pública nacional, a situação ganhou relevância global. Posteriormente, ficou confirmado que a infecção pelo vírus Zika durante a gravidez estava diretamente associada à microcefalia e outras anomalias neurológicas.

Prevenção e controle do vetor

O controle do mosquito Aedes aegypti é a principal estratégia para prevenir o Zika. Medidas como a eliminação de criadouros, uso de repelentes, instalação de telas de proteção e campanhas educativas são essenciais. Para gestantes, evitar viagens a áreas de alto risco e seguir rigorosamente as orientações de saúde pública são recomendações prioritárias.

Resposta do SUS e perspectivas futuras

O Sistema Único de Saúde (SUS) reforçou a vigilância epidemiológica, ampliando campanhas de conscientização e investiu em pesquisas para lidar com a emergência de saúde pública causada pelo Zika. Além disso, a ciência avança em busca de vacinas e tratamentos que possam bloquear a interação entre o vírus e a proteína ANKLE2, uma estratégia promissora para combater o impacto do Zika e outros arbovírus.

A compreensão do impacto do vírus Zika e das medidas necessárias para sua prevenção reforça a importância de estratégias coordenadas entre governo, comunidade científica e sociedade civil na proteção da saúde materno-infantil.