Enquanto alguns moradores pensam que cidade precisa avançar sobre a zona rural, outros veem a questão com resistência
Com o crescimento expressivo de Bento Gonçalves, entra em discussão o rumo ideal para os distritos do município. Enquanto alguns moradores acreditam que o caminho é a urbanização, uma vez que não há mais espaço para o crescimento dentro da cidade, outros veem a possibilidade com desconfiança, sobretudo pela vocação turística da região.
Na Eulália, há uma ampla zona industrializada e, além disso, estão sendo abertos novos loteamentos. No caso de Faria Lemos, de acordo com moradores, já há terrenos que estão surgindo sem a devida infraestrutura. Por outro lado, também há reclamações sobre a burocracia para abrir um novo negócio nessas regiões.
Para o vice-presidente da Associação Caminhos de Faria Lemos, Vanildo Enderle, a urbanização e a preservação precisam estar em equilíbrio, visto que o distrito pode se tornar um exemplo de proteção da natureza. “O município de Bento Gonçalves já está suficientemente urbanizado. Aqui em Faria Lemos a natureza é fundamental”, comenta. Ainda de acordo com ele, existem pressões e divergências, de forma que se houver um ‘afrouxamento’ da legislação, o risco de urbanizar se torna maior.
Uma pessoa que preferiu não se identificar, moradora do distrito de Faria Lemos, conta que está tentando abrir uma casa de eventos, mas que por conta da burocracia, a liberação demorou mais de dois anos. “Tudo tem que passar por uma comissão”, afirma.
Apesar disso, ele diz não ser favorável à urbanização de forma desorganizada. “Também não sou tão favorável, se for um loteamento classe média alta, tudo bem. Mas classe média baixa, não. Eles querem que cresça, mas para crescer tem que trazer empresários”, opina.
De acordo com o proprietário de uma vinícola em Faria Lemos, Flávio Rotava, é necessário que tenha urbanização para que o crescimento não se dê de forma desorganizada. “Tem diversos lugares que fizeram loteamento, mas não tem infraestrutura. Aí começa a dar problema porque não tem postes de luz, não tem esgoto. Isso já está acontecendo em Faria Lemos”, avalia.
Ainda segundo ele, é necessário que o direito dos proprietários dos terrenos, em construir, seja preservado. Sobre o turismo, na opinião de Rotava, a urbanização, se organizada, não deve prejudicar. “Primeiro temos que pensar no pessoal que vive na nossa cidade e, depois, no turista. A maioria das pessoas vêm, no máximo, duas ou três vezes”, ressalta.