Iniciada a campanha eleitoral 2024, dei-me conta de que, se fôssemos comparar as eleições municipais à contratação no mercado de trabalho, estaríamos diante de 456.923 vagas. Sim, é este o número de candidaturas até o último dia 18 de agosto pelo TSE, compreendendo “vagas” para prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.

Por maior que seja o mercado de trabalho na iniciativa privada, não há maior “contratação” em massa do que esta que ocorre por ocasião deste pleito eleitoral.

Embora cada vez mais o emprego, repito, continua desempregado, pelo menos neste oásis de oportunidades chamado Bento Gonçalves, ainda assim a mais simples análise de candidato requer a apresentação do chamado “Curriculum Vitae”, onde a qualificação profissional é analisada pelo empregador, cujas escolaridade, cursos, evolução profissional, prática, tempo de serviço são, via de regra, somadas à “prova oral” – refiro-me àquela entrevista a que, se o candidato comparecer, definirá a assinatura do contrato de trabalho de experiência (ou não).

Na democracia plena que vivenciamos em nosso país, em especial o direito de expressar-se, mesmo que algumas decisões superiores pareçam sombrear o sol da liberdade, contudo, façamos justiça, muito longe daquela “democracia relativizada” que enxerga maduro quando podre está, independente da qualificação do candidato, logicamente dentro dos critérios da lei, mas basicamente lhe bastando declarar de próprio punho e assinar não ser analfabeto, estará ele em grau de igualdade com o mais culto dos candidatos.
Algo contra?

Segure a resposta para as urnas, entretanto, e longe de fazer aqui uma defesa da falta de capacidade na maior amplitude do termo, não tente encontrar lógica na democracia, pois, nesta ciência, o culto poderá revelar-se um grande ignorante e o desprovido de diplomas e cultura um sábio na arte de equacionar problemas, aspirações, egos e vontades – o ideal sempre a boa vontade e a honestidade –, esperando-se que prevaleçam as melhores decisões em benefício do bem comum, afinal, administrar cerca de 800 milhões de reais não é para qualquer um e há de se fazer do melhor jeito e não de jeito algum.

A questão toda é ter consciência da importância da decisão de quem irá gerir onde acontece a vida de um país, e esta é cidade em que nascemos ou que adotamos para realizar os sonhos de um mundo melhor através dos nossos próprios sonhos.

Ouvir atentamente os candidatos-pedra e os candidatos-vitrine é um bom início, mas jamais ficar nisso, absorver tudo ao ponto de “virar” eleitor esponja pode se revelar um grande perigo do que irá entrar nas urnas. Ideal é ser eleitor filtro, pois amanhã estaremos todos bebendo dessa mesma “água”.
Vamos em frente!