Para celebrar a data, o Semanário traz uma reportagem especial sobre a história e os desafios atuais do município

Amanhã, 11 de dezembro, Farroupilha comemora 90 anos de emancipação política. O município foi criado a partir do desmembramento de territórios dos municípios de Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Montenegro, em 11 de dezembro de 1934, através do decreto estadual 5.779.

O nome Farroupilha foi escolhido em homenagem ao centenário da Revolução Farroupilha, que ocorreu no ano seguinte. A emancipação foi resultado de um movimento de moradores dos novos núcleos, que queriam autonomia política e administrativa.

A cidade de Farroupilha é conhecida como o “Berço da Imigração Italiana no Estado do Rio Grande do Sul”. As primeiras famílias de imigrantes chegaram em 1875, vindas da província de Milão, na Itália, e denominaram o local de Nova Milano. “Uma história construída por muitas mãos. Desde os pioneiros — como as famílias Sperafico, Crippa e Radaelli, que se estabeleceram no Berço da Imigração Italiana— até as personalidades políticas do movimento emancipacionista dos anos 1930, empreendedores, lideranças sociais, intelectuais e trabalhadores de diversas áreas foram essenciais para moldar a cidade e conduzi-la ao sucesso atual. Um marco desse desenvolvimento foi o prefeito Avelino Maggioni, que, no início dos anos 1970, criou o primeiro distrito industrial do Rio Grande do Sul, impulsionando a industrialização da cidade e fortalecendo o comércio local”, informa Edson Paesi, diretor da Casa de Cultura de Farroupilha.

Segundo o último Censo, divulgado pelo IBGE, o município tem 69.885 habitantes

A cultura de Farroupilha é predominantemente italiana e a cidade se fortaleceu através da agricultura familiar, principalmente da vitivinicultura. A economia da cidade é diversificada, com a indústria, o comércio atacadista e varejista, a agricultura e os serviços como principais contribuintes.

O atual prefeito, Fabiano Feltrin (PL), destaca os desafios enfrentados pela administração municipal nos últimos anos. “Sem dúvidas a pandemia da Covid-19, além de estiagens, enchentes em 2023 e 2024, eventos que acabam impactando em muitas coisas dentro do município. Mas com resiliência, com muita austeridade e, principalmente, cuidando das pessoas, enfrentamos estes piores momentos e estamos entregando uma Farroupilha muito melhor, com recorde em número de obras, com a arrecadação crescendo em vários setores, como o turismo, além da desburocratização de processos e modernização de sistemas, novas edificações na Saúde, na Educação e na Assistência Social”, pondera.

Ele evidencia o turismo do município. “A Romaria de Nossa Senhora de Caravaggio é um marco na história de Farroupilha, milhares de pessoas vem de todas as partes do Estado e do Brasil para nossa cidade. Nossos shoppings, de atacado e de varejo, são referência para todos. Além disso, neste ano, recebemos o título de Capital Nacional da Moda de Inverno, reconhecendo os esforços que nos levam as mais diversas feiras de vestuário, como a Feira Nacional da Indústria da Moda (Fenin), em Gramado, onde o Poder Público banca o espaço para os lojistas interessados. Temos ainda as belezas naturais, como Salto Ventoso, local de intensa visitação e que já serviu de cenário para grandes produções do cinema nacional”, afirma.

Parque Salto Ventoso é um dos destaques no turismo de Farroupilha

Jonas Tomazini, vice-prefeito e próximo gestor municipal para 2025 destaca avanços em infraestrutura. “Com a criação do Programa Caminhos do Interior, por exemplo, conseguimos levar asfalto para mais de 45 trechos do nosso interior, com investimentos que superam os R$ 23 milhões nessa área. No centro, houve pavimentações nas principais ruas, criando um anel viário que facilita a locomoção da nossa população. Investimos muito nos acessos da cidade, como a Avenida Armando Antonello, a Rua Pedro Grendene, o acesso pela VRS-813, entre outros”, comenta.

Preservação da história

Tomazini destaca planos para a cultura. “Com o aval da comunidade e da Câmara de Vereadores, o Poder Público adquiriu o prédio histórico do Moinho Covolan, onde pretendemos criar um espaço cultural para todos. A nossa Casa de Cultura segue com diversas atividades, como aulas de musicalização, eventos que reúnem milhares de pessoas, além de promover atividades ao longo de todo o ano. Nossos Museus contam a nossa história e temos cuidado deles com reformas e modernização dos locais para preservar nossa história”, pontua.

Paesi evidencia esta incumbência da Casa de Cultura. “O papel desta é promover as mais diversas formas de manifestações culturais e artísticas. Junto à Casa de Cultura, temos a Escola Pública de Música, que atende gratuitamente aproximadamente 550 estudantes, a partir dos oito anos, sem limite máximo de idade, oferecendo ensino em variados instrumentos e canto. Realizamos atividades como Quintas da Arte, Sobremesa Musical, Mostra de Alunos, exposições artísticas, shows, Festival de Inverno, Noite no Museu, Festival Primavera Piano, além de reuniões e encontros com o setor cultural, entre outras atividades abertas ao público. Além da continuidade destas ações, o Conselho Municipal de Políticas de Cultura desenvolverá ao longo do ano atividades voltadas para a política cultural e o fomento, como oficinas”, pondera.

Paesi, que também foi professor de Ciências Humanas por muitos anos em Farroupilha, compartilha sua percepção em relação às principais mudanças do município. “Com o advento do distrito industrial no início dos anos 1970, Farroupilha passou de uma cidade essencialmente agrícola para um importante polo industrial. Nossa cidade apresenta uma economia diversificada, com setores agrícola, industrial, comercial e de serviços em pleno desenvolvimento. Somos também referência nacional na produção de Moscatel. A comunidade rural tem buscado incorporar as tecnologias modernas, e, ao longo do tempo, o perfil das famílias se modificou: hoje elas são menores, e muitos jovens optam por oportunidades na cidade”, declara.

Por fim, Paesi destaca os museus da cidade como outros pontos turísticos. “O Museu Municipal Casal Moschetti foi inaugurado em 1972, durante o governo de Avelino Maggioni, e abriga o acervo doméstico do casal italiano Luiz e Lydia Moschetti. Entre os itens expostos, destaca-se a lendária boneca centenária chamada Lenci. O Museu Municipal Casa de Pedra, inaugurado em 1988, pelo então prefeito Wilson Cignachi, narra a história da colonização italiana em Farroupilha e na Serra Gaúcha. Seu acervo reúne utensílios típicos da época, e o prédio, construído em 1896, serviu como residência e comércio para a família de Domênico Finn”, evidencia.

Ambos os museus são administrados pela Secretaria Municipal de Educação, Cultura, Esporte e Juventude e funcionam de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. O Museu Casal Moschetti está localizado na Rua Rui Barbosa, n.º 49, no centro da cidade, e o Museu Casa de Pedra na Rua Domênico Finn, s/n, no bairro Nova Vicenza.

Para comemorar os 90 anos da cidade houve o Vivere – Edição Especial de Natal, na sexta, 6, e a festa de aniversário, no domingo, 8, com distribuição de bolo e shows gratuitos para a comunidade.

Confira algumas imagens do evento: