Já são mais farmácias do que restaurantes em Bento Gonçalves.
Sempre estivemos bem servidos por farmácias.
Lembro, dos tempos em que eram sete farmácias: a do Sesi, a Santo Antonio, do Seu Alcides; a Providência, do Doutor Amélio; a Farmácia Darrigo e a Brasil, na Marechal Deodoro; uma farmácia próxima da Igreja Cristo Rei e outra mais em São Roque.
Nos armazéns da cidade só eram comercializados: o Biotônico Fontoura, o óleo de rícino (baita purgante), a Emulsão de Scott e o elixir paregórico, para dor de barriga. O restante, tudo na farmácia. Até a pomada “Minancora” era coisa de farmácia.
Quanto a perfumaria e sabonetes, as ofertas eram muito limitadas. Até hoje uso a mesma marca de shampoo: Colorama, babosa.
Desodorante era coisa de “fresco”. A “Água de Rosas”, produto feminino, não era bem vista pelos machistas. Depois apareceu o “Van Ess” e finalmente o desodorante “Avanço” moralizou a praça e todos esqueceram do fedido sovaco das camisas de “banlon” e das Volta ao Mundo, nas cores claras: azul, branca, verde e amarelo.
Quando apareceram os primeiros preservativos, as tais de “camisinhas-de-vênus”, era possível comprar na farmácia do Doutor Amélio. Parecia que se estava cometendo um pecado e os que se aventuravam compareciam com um toque de constrangimento.
Foi a cidade de Belém, capital do Estado do Pará, que me chamou a atenção para a quantidade de farmácias: uma em cada esquina. Na ocasião relacionei o fato com a pobreza daquele povo. Acreditei que o promissor mercado farmacêutico era diretamente proporcional a condição econômica da população. Ledo engano! Farmácia vende de tudo, como as lojas de conveniências nos postos de combustíveis que também vendem gasolina e diesel.
Atualmente também sou frequentador de farmácias. Muitas coisas encontro nos supermercados, postos de conveniência e até no bar da esquina. Remédio, tem que ser lá: na farmácia.
Estou tomando três comprimidos todas os dias, após o café da manhã. Um é para a memória e os outros dois não me lembro.