Um dos principais desafios para o Poder Público municipal, em 2015, foi assegurar vagas nas escolas de Educação Infantil para as crianças que estavam na fila de espera. O ano está encerrando com déficit de 545 lugares para acomodar todas, isso além das que já estudam nas instituições particulares em vagas compradas pela Secretaria de Educação. O desafio para 2016 se projeta ainda maior, já que mais crianças nasceram em Bento Gonçalves e mais famílias chegaram aqui para trabalhar. O problema não só se manterá, mas também aponta para um crescimento, o que começa a envolver a iniciativa.
A comunidade reivindica uma solução, pelo menos, temporária, mas a Secretaria de Educação garante que a união de falta de verba e vagas em berçários deve manter a situação preocupante. A maioria destas crianças que aguarda na fila precisa de uma vaga em berçário, as que custam mais caro e que mais estão em falta. Por outro lado, as instituições que ainda possuem vagas nesta modalidade optam por não vendê-las para o Poder Público devido ao baixo valor oferecido pela prefeitura.
A diretora da escola Parque do Sabiá, Ana Baggio, afirma que a instituição não tem condições de aceitar a venda, já que o custo para manter um aluno no local ultrapassa o valor em quase o dobro. “Nós gostamos de oferecer um bom trabalho. Aqui há comida boa, profissionais bons e para isso existe um custo. Não tenho como absorver isso porque a diferença é muito grande. Contudo, eu também não posso aceitar as crianças do município pelo que é oferecido e os privar das atividades que as demais crianças executam, isso seria muito ruim”, ressalta.
O diretor da Escola Infantil Meu Anjo, Marcos Casagrande, afirma que as escolas então tentando negociar com a Secretaria de Educação para que o valor por criança aumente. Assim as possibilidades de venda aumentam. Ele tem 20 crianças nos maternais e pretende oferecer vagas também para 2016, mas não para o berçário. “Hoje, nós recebemos R$ 376,00 por criança por mês para mantê-la, esse valor ainda dá para cobrir as do maternal, que têm entre 2 e 3 anos, mas para manter os bebês de até um aninho fica muito complicado porque o gasto é muito maior”, explica.
Marcos detalha que para cada profissional do berçário apenas cinco crianças são permitidas. Além disso, são necessários os berços individuais, lactários e mais estrutura para garantir a segurança dos pequenos. “A responsabilidade com os bebês é maior, não podemos dar muitas crianças para uma única profissional, há um limite a ser respeitado. Oferecemos qualidade e segurança e não podemos comprometer isso devido aos problemas financeiros. Então é melhor não oferecer o serviço do que apresentar riscos para a família e a escola”, reflete.
O diretor justifica também que o salário mínimo de uma profissional que toma conta de cinco bebês é de R$ 1,4 mil e garante que para manter uma criança no berçário seria necessário o mínimo de R$ 565,00. “Isso porque somos uma escola de bairro. As instituições do centro ou que possuem grandes estruturas precisariam de um valor mínimo ainda maior”, observa.
Para Marcos, a situação em 2016 deve ficar ainda pior se uma medida alternativa não for encontrada. Segundo ele, as entidades precisam se unir e fazer um planejamento para que o problema não saia do controle. “Os pais vão ficar na mão, isso nós já observamos em 2015, mas temos que tentar manter o número e diminuir, se aumentar muito as consequências devem ser piores”, finaliza.
Leia mais na edição impressa do Jornal Semanário desta quarta-feira, 18 de novembro.