Um estudo recente do Ministério da Saúde, conduzido com 33 mil pessoas que já foram infectadas pela Covid-19 desde o início da pandemia, aponta que ainda persiste uma significativa desconfiança em relação à vacinação no Brasil. Realizado entre 2022 e 2024, o levantamento, que envolveu participantes de 133 cidades brasileiras, foi realizado para avaliar os impactos contínuos do vírus na sociedade e no cotidiano da população.

O estudo revelou que 9,8% dos participantes, o que equivale a 3.258 pessoas, afirmaram que não tomaram a vacina contra a Covid-19. Dentro desse grupo de não-imunizados, as razões para a recusa variam entre a falta de confiança nos benefícios da vacina e preocupações com possíveis efeitos adversos.

Desconfiança e receios em relação à vacina

Entre os não-vacinados, o levantamento mostrou que 32,4% não acreditam na eficácia da vacina, um fator determinante para a decisão de não se imunizar. Para essas pessoas, a crença de que a vacina não protegeria adequadamente contra o vírus contribui para a manutenção da hesitação em relação à vacinação.

Outros 31% dos participantes afirmaram que temem que a vacina possa fazer mal à saúde. Esse grupo de cidadãos está preocupado com possíveis efeitos colaterais ou danos à saúde a longo prazo, um receio que, apesar das evidências científicas que comprovam a segurança dos imunizantes, ainda persiste entre uma parcela significativa da população.

Além disso, 32% relataram que, embora acreditem na eficácia da vacina, passaram a adiar ou evitar a imunização devido a circunstâncias adversas, como efeitos colaterais iniciais ou informações desencontradas sobre o uso do imunizante.

“Já fui infectado” e outros motivos de recusa

Outros motivos de descrença no imunizante foram apresentados por uma minoria dos participantes. 2,5% dos entrevistados justificaram a recusa à vacina pelo fato de já terem sido infectados pela Covid-19, acreditando que, devido à imunidade natural adquirida após a infecção, não precisariam de mais proteção. Já 1,7% dos entrevistados mencionaram problemas de saúde como a razão para não terem se vacinado, embora esses casos representem uma proporção pequena do total de não-imunizados.

A pesquisa e seus desdobramentos

Este estudo é uma continuação de uma pesquisa iniciada em 2020, quando o Brasil ainda estava no auge da pandemia e a vacinação contra a Covid-19 estava sendo implementada de forma massiva. O objetivo agora é entender os impactos contínuos do vírus na saúde pública e no comportamento da população, especialmente em relação ao abandono de medidas preventivas, como a vacinação.

A pesquisa também reflete uma realidade complexa em que, mesmo com o avanço da imunização e o aumento da oferta de vacinas seguras e eficazes, uma parcela da população ainda permanece resistente ou cética em relação ao processo de vacinação.

O impacto da desconfiança na imunização em massa

Esse levantamento revela um desafio significativo para a saúde pública no Brasil: garantir que a população entenda e confie na importância da vacinação, principalmente em um momento em que o país já superou o pico de infecções e mortes, mas a pandemia ainda deixa marcas na sociedade.

Com a pandemia de Covid-19 ainda não totalmente superada, as autoridades de saúde continuam a trabalhar para conscientizar os cidadãos sobre os benefícios da imunização e a necessidade de um esforço coletivo para evitar novas ondas de contágio. A campanha de vacinação segue sendo uma prioridade, mas o estudo aponta que, para atingir a cobertura vacinal necessária, é fundamental combater as desinformações e esclarecer a população sobre os benefícios da vacina.

Em resposta a essas preocupações, especialistas destacam que a vacinação não apenas protege os indivíduos contra formas graves da doença, mas também é crucial para o controle do vírus e a proteção das comunidades, especialmente das pessoas mais vulneráveis, como idosos e aqueles com comorbidades.