Seis estudantes da Universidade de Caxias do Sul (UCS) uniram esforços para desenvolver o projeto social “Mochila Solidária”, uma iniciativa focada na arrecadação de fundos e materiais escolares essenciais para alunos carentes de uma escola pública no Bairro Fátima, em Bento Gonçalves. Inspirados pela vontade de contribuir para uma educação mais inclusiva, o grupo, formado por Alfeu, Amanda, Carlos, Eduardo, Lucas e Giordana, busca garantir que alunos de baixa renda tenham acesso ao básico para um aprendizado de qualidade e igualitário.
Amanda Weber, de 23 anos, uma das idealizadoras, explica que a motivação do grupo veio da percepção de que, mesmo com o acesso gratuito à educação, muitos alunos enfrentam desafios por falta de materiais escolares. “Nosso objetivo é assegurar que esses jovens possam ter uma experiência escolar digna. Para isso, escolhemos uma escola no bairro Fátima, onde 30% dos 550 alunos vêm de famílias em situação de vulnerabilidade. Sabemos que, sem itens básicos, eles acabam prejudicados no desempenho escolar”, explica Amanda.
A escolha da escola no Bairro Fátima foi estratégica. Em Bento Gonçalves, estima-se que cerca de 4.422 pessoas vivam em extrema pobreza. A equipe identificou o educandário como uma instituição de necessidade evidente, onde o impacto do projeto seria real e imediato. “A proximidade entre a escola e os integrantes do projeto facilitou a identificação das necessidades e a comunicação com a direção, permitindo uma visão mais precisa sobre o que realmente era necessário para os alunos”, relata.
O projeto conta com a parceria de empresas locais, como a Papelaria Botafogo e o Mundo do Presente, que se tornaram pontos de coleta dos materiais doados. Segundo Amanda, essa colaboração fortalece a iniciativa, incentivando a comunidade a participar.
Apoio e desafios
A UCS tem desempenhado um papel crucial no “Mochila Solidária”, oferecendo apoio acadêmico e logístico. “A universidade nos conecta com professores e a comunidade acadêmica, o que amplia a visibilidade do projeto e facilita a captação de doações”, explica.
Entretanto, o grupo ainda enfrenta desafios para atrair o apoio de grandes empresas, que muitas vezes preferem investir em projetos com maior retorno de visibilidade. “É difícil competir com projetos de grande escala, mas acreditamos que, com o tempo, conseguiremos sensibilizar mais apoiadores ao mostrar o impacto social da nossa iniciativa”, destaca.
O “Mochila Solidária” se alinha ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) número 4, que visa garantir uma educação de qualidade. “Ao fornecer materiais essenciais, eliminamos barreiras que impedem o aprendizado e promovemos igualdade de oportunidades. Esperamos que, a longo prazo, o projeto inspire esses jovens a valorizar a educação como um caminho para um futuro melhor”, afirma.
Um dos principais contrapontos enfrentados é a dificuldade em buscar as demandas mais urgentes do educandário. “Os desafios incluíram levantar informações sobre o que realmente era necessário para os alunos e garantir que todas as doações fossem direcionadas para as necessidades mais urgentes. Além disso, houve a preocupação com a gestão de doações e voluntários para atender a todas as demandas com eficiência. Isso foi resolvido em reuniões junto a diretoria da escola para melhor entendimento das reais necessidades”, explica.
Além da entrega de materiais, o grupo pretende ministrar uma palestra de incentivo para os alunos. “Queremos mostrar que muitos de nós estudamos em escola pública e chegamos ao ensino superior. O objetivo é que eles vejam a importância da educação e saibam que podem alcançar o sucesso”, explica.
Planos para o futuro
A iniciativa também reforça o compromisso com a cidadania, ensinando aos estudantes a importância do engajamento social. Para Amanda, projetos como o “Mochila Solidária” desenvolvem a empatia e a responsabilidade social entre os jovens. “O projeto ensina a importância de ajudar o próximo e promove a cidadania ao envolver diferentes pessoas em uma causa comum”, destaca.
Quanto ao futuro, o grupo tem planos de expandir o projeto para outras escolas e regiões, dependendo do sucesso da campanha atual. “Nosso objetivo é crescer e impactar ainda mais crianças em situação de vulnerabilidade, criando uma rede de solidariedade que inspire novas gerações a contribuir para uma sociedade mais justa”, finaliza Amanda.
Com a meta de arrecadação de doações até o dia 25 de novembro, o grupo segue empenhado em fortalecer o “Mochila Solidária” e garantir a essas crianças de Bento Gonçalves um direito básico: o de aprender com dignidade.