Dentre tantas histórias da tragédia das chuvas que assolam Bento Gonçalves e todo o Rio Grande do Sul, está a de uma família residente na comunidade de Linha Ferri, no interior de Bento Gonçalves, onde o deslizamento de terra deixou pais e avós de Alexandre Francisco Morais, pedreiro de 31 anos, presos em suas casas destruídas. Com a situação cada vez mais crítica, a família abrigou-se em um barraco próximo, mas agora enfrenta o risco iminente de desabamento.
Thayslaine do Nascimento Morais, assistente administrativo, de 28 anos e companheira de Morais, relata o desespero da situação. “A gente está aqui, pois, pelo menos nós temos alguma informação, um consolo. O que nos angustia é que eles estão presos lá desde ontem”, revela. A preocupação é ainda maior devido à condição de saúde da avó do pedreiro, de 81 anos, que está enferma após quebrar o quadril e não consegue se locomover.
Segundo relatos, o resgate enfrenta grandes dificuldades para chegar até o local, com pelo menos três barreiras impedindo o acesso por terra. A instabilidade do solo aumenta a tensão, pois o local onde a família está abrigada já começou a deslizar ainda mais terra. “O último contato que tivemos com o avô dele foi às duas da tarde, de que a terra estava deslizando lá onde eles estão”, conta Morais.
A aflição é palpável entre os familiares, que buscam desesperadamente por informações e assistência. Thayslaine relata que o prefeito informou que o resgate só seria possível por helicóptero, mas até o momento não receberam notícias sobre essa operação. “Estamos aqui na aflição, no desespero, querendo uma resposta”, desabafa o rapaz, que aguarda por respostas.
Enquanto aguardam por notícias e ajuda, a comunidade de Faria Lemos mobiliza-se para prestar solidariedade e oferecer apoio à família do pedreiro e dezenas de outras que seguem desabrigadas.
Foto: Renata Carvalho