Entendo perfeitamente as estratégias de como influenciar as pessoas a comprar um produto, apaixonar-se por algo e odiar outra coisa e, até, decidir-se politicamente. Como mestre em marketing (UFRGS) e professor por 25 anos, o segredo está em focar no que é interessante ser dito e evitar a todo custo tocar em assuntos que não interessam, ressaltando os diferenciais competitivos valorizados pelo público. O instrumento principal para esse objetivo é a propaganda. Poucos estrategistas da comunicação optam por dizer coisas negativas.

Na política, assim como no consumo de produtos e serviços, essa regra é basicamente a mesma: falemos das coisas boas e evitemos tocar nos assuntos negativos.

Fala-se, também, que o povo brasileiro teria memória curta principalmente em termos eleitorais. Esqueceríamos facilmente coisas em poucos anos. Seria isso verdade?

Como essa coluna é sobre economia, vamos a alguns fatos que podem interferir no futuro econômico muito importantes que estão ficando fora do debate sobre o destino de nosso país:

Dilma (presidente entre 2011 e 2016), nos primeiros meses de governo, contrariou a vontade de setores do próprio partido de regulamentar a imprensa e declarou que “a imprensa livre é imprescindível para a democracia” (R7, 22.02.2011), sendo que, seu segundo mandato foi marcado por uma grave crise econômica e política no país, com o PIB per capita (por pessoa) encolhendo mais de 9% entre 2014 e 2016, caindo mais do que toda a década perdida (O Globo, in Wikipedia ).

Em termos de PIB nominal, os últimos anos do governo Dilma foram catastróficos para a economia do país com uma redução de 7% em 2 anos, o que nunca antes havia acontecido em toda a história do Brasil em sequência.

Entre 2010 e 2014, o Brasil foi o país que mais perdeu posições no ranking mundial de competitividade, caindo do 38º lugar para o 54º entre as sessenta economias analisadas pelo International Institute for Management Development (IMD) e pela Fundação Dom Cabral.

A balança comercial do Brasil em 2012 teve seu pior desempenho até então, com o superávit caindo 34,75%, o pior desempenho em 10 anos ( g1, 02.01.2013).

Dilma buscou inovar com o PAC 1 e PAC 2 para investimentos em infraestrutura. Louvável mas, na opinião de Michael Reid, um dos editores da revista The Economist, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2) teria trazido mais problemas do que soluções (BBC Brasil, 24.10,2013).

A presidente baixou a taxa de juros dos bancos estatais e baixou a tarifa de energia elétrica quase que por decreto, atitudes que se mostraram nefastas logo após. A oposição acusou a presidente de estelionato eleitoral alegando que foi uma manobra para reduzir a conta de luz às vésperas da campanha presidencial de 2014, mas com a indenização prevista, o consumidor sofreria um aumento após as eleições (g1, 05.12.2012).

No Governo Dilma a carga tributária subiu em todos os anos. Em 2014, a carga tributária chegou a 36,3% do PIB, recorde histórico, e a 2ª maior da América Latina (g1. 20.01.2014). Nesse ano, também, pela quinta vez consecutiva, pesquisa feita pelo IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação) apontou o Brasil como país com pior retorno de impostos à população.

Em termos de popularidade, Dilma também conseguiu os piores índices da história, chegando a somente 5% em fevereiro de 2016, sendo 79% de ruim ou péssimo (Instituto Ipsos, in Diário do Poder, 01.02.2016).

E ainda teve-se que conviver com todo o mensalão, o petrolão, manifestações enormes do povo contra a corrupção, gastos com a copa do mundo e olimpíadas em vez de hospitais e escolas, por exemplo. A política dos campeões nacionais com investimentos do BNDES em poucas grandes empresas (JBS, Eike Batista, etc )em detrimento das pequenas e médias também se mostrou ineficiente. Houve fatos bons mas esse período acabou ficando marcado por muitas situações negativas que levaram ao impeachment da presidente Dilma. Isso é fato.

Esconder do povo as realidades não é um bom caminho, independente de ideologias políticas, principalmente quando o que está em jogo é o futuro de uma nação inteira. Sempre a verdade é que deve ser buscada por todos.

Sem esquecer que o PT votou contra o melhor plano econômico de todos os tempos, o plano REAL, acusando-o de eleitoreiro. Foi com o plano Real que a inflação foi contida e, contendo-se a inflação, a melhor política de renda para todos, especialmente os mais pobres, conseguiu ser implementada. Isso também é fato.

O filme e suas 5 versões Esqueceram de mim (John Hughes) parece que deixou frutos.

Estratégia de marketing?

Pense nisso e sucesso.

(Texto escrito e publicado em outubro de 2022. Compare com as narrativas atuais).