Juliana Galves, uma moradora do bairro Eucaliptos, em Bento Gonçalves, enfrenta uma batalha diária contra o Mieloma Múltiplo, um tipo raro de câncer que afeta as células do sangue e, no caso dela, compromete principalmente os ossos. Aos 38 anos, Juliana descobriu a doença há dois anos, e desde então, sua vida e a de sua família foram marcadas por uma luta intensa.

O Mieloma Múltiplo é uma doença que, embora não tenha cura, pode ser controlada com tratamento adequado. Para Juliana, o caminho tem sido particularmente difícil. Ela já passou por ciclos de quimioterapia, e no início deste ano, foi submetida a um transplante de medula óssea. Infelizmente, o tratamento não termina por aí. Ela ainda precisará continuar com a quimioterapia nos próximos meses, o que representa um desafio constante.

Os efeitos do Mieloma Múltiplo são devastadores. A doença não apenas enfraquece os ossos, mas também provoca dores intensas e limitações físicas. Juliana já sofreu 15 fraturas na coluna devido à fragilidade óssea causada pelo câncer.

Juliana compartilha que sua batalha começou antes mesmo do diagnóstico formal. Ela explica que antes de ser diagnosticada corretamente, estava sendo tratada por um ortopedista que, após uma densitometria óssea, identificou um quadro de osteoporose avançada, algo incomum para sua idade, e a encaminhou para um hematologista. “Eu e minha família fomos afetados alguns meses antes do diagnóstico do Mieloma Múltiplo, porque, como é uma doença que atinge os ossos, ela me deu algumas limitações. Cheguei ao ponto de não conseguir fazer mais nada. Um médico até sugeriu a possibilidade de eu ficar em uma cadeira de rodas,” relata Juliana.

Após a notícia, a vida de Juliana e sua família teve que mudar. “O dia em que recebi o diagnóstico foi o pior dia da minha vida. Estávamos eu e meu esposo na consulta, e o médico nos disse que eu tinha Mieloma Múltiplo, um tipo de câncer dentro da medula óssea, que não tem cura, só tratamento,” relembra Juliana. Desde então, ela passou por 24 sessões de quimioterapia e foi submetida a um transplante de medula óssea autólogo. Apesar de todo o tratamento, ela ainda enfrenta desafios, como a necessidade de uma medicação cara que não é fornecida pelo SUS. “Graças a Deus, já fiz o transplante de medula, e agora estamos na justiça para tentar conseguir a medicação que preciso,” conta.

A doença trouxe impactos severos à sua qualidade de vida. “Afetou muito minha capacidade de realizar atividades diárias. A maioria das tarefas em casa eu não consigo mais fazer. As dores só aliviam quando eu deito. Além disso, a doença impactou minha autoestima. Ganhei muito peso e, junto com a impossibilidade de fazer exercícios físicos, me sinto muito diferente de quem eu era,” desabafa.

Além disso, o câncer afetou sua face e dentes, tornando urgente a necessidade de remoção dos dentes danificados e a colocação de próteses dentárias. No entanto, devido à fragilidade dos ossos, a colocação de implantes não é possível, o que aumenta ainda mais a complexidade do tratamento. A condição também afetou sua saúde bucal. “Já tinha problemas nos dentes, mas agora, com a doença, fiquei muito tempo sem poder fazer nada no dentista, porque a medicação que tomava trazia o risco de gangrena se mexesse na boca. Estou com alguns dentes caindo sozinhos e só consigo comer alimentos moles,” explica ela. Agora, ela está em tratamento com um dentista, que está tentando preservar alguns dentes para melhorar sua qualidade de vida.

Juliana é casada e mãe de quatro filhos. Pedro, o caçula, tem apenas dois anos e recebeu o diagnóstico de autismo em agosto de 2023. A condição de Pedro adiciona uma camada extra de desafio para a família, que já enfrenta uma situação difícil. Juliana, além de lidar com a dor e o tratamento, precisa de ajuda para os cuidados pessoais, da casa e para lidar com os filhos pequenos. Ela sente constantemente a necessidade de medicamentos, antivirais, antibióticos e fisioterapia para manter sua qualidade de vida. “Tenho quatro filhos maravilhosos, minhas razões de viver, minhas razões de lutar todos os dias. Cada um dos meus filhos lida de uma maneira diferente com o meu diagnóstico. O Pedro, sofreu um impacto de uma forma mais drástica. Ali no início da descoberta da doença, até um pouco antes de descobrir, não conseguia mais pegar ele no colo. Alguém colocava ele no meu colo para a amamentação dele. Afetou, a vida dos meus outros filhos também, porque sempre fui uma pessoa bem ativa tinha os meus momentos para interagir com eles. Então, toda a nossa rotina de vida foi mudada, depois da doença, a gente não viveu mais”, conta emocionada.

Além da própria doença, a família ainda precisou enfrentar o diagnóstico de autismo de Pedro, o filho caçula, em um momento extremamente delicado. “Pedro recebeu o diagnóstico de autismo quando tinha um ano e oito meses, justamente no final das minhas quimioterapias. Isso abalou profundamente toda a nossa família. As crianças mais velhas, Gabi, Brea e Ju, apesar de ainda serem jovens, conseguiram lidar melhor com a situação. No entanto, para nós, adultos, foi mais complicado. Nós viemos de uma época em que pouco se falava sobre autismo, então, processar tudo isso foi difícil. Também me culpei muito no início, me perguntando como não percebi antes, como não notei os sinais. Mas, devido à minha própria doença, estava menos atenta. Isso me trouxe um grande sentimento de culpa. Entretanto, comecei a fazer terapia para lidar com essas emoções, e a psicóloga me ajudou a entender que as coisas não funcionam dessa forma, e que não havia motivo para me culpar. Afinal, há muitas crianças que só recebem o diagnóstico de autismo bem mais tarde”, declara.

Para ajudar a enfrentar essa situação desafiadora, a família de Juliana lançou uma rifa com o objetivo de arrecadar fundos para cobrir as despesas do tratamento e os cuidados necessários. Cada número da rifa custa R$ 10 e pode ser adquirido pelo WhatsApp (54) 9 9912.2635. Além disso, doações diretas podem ser feitas via Chave PIX CPF 015.775.720-09 em nome de Juliana Galves de Oliveira.

A rifa é uma tentativa de garantir que Juliana possa continuar recebendo o tratamento necessário e ter acesso aos cuidados que tanto precisa. O apoio da comunidade é essencial neste momento, e qualquer contribuição pode fazer uma grande diferença na vida de Juliana e sua família. “Ver o apoio das pessoas, mesmo aquelas que eu não conheço, tem sido uma das poucas coisas que me dá forças para continuar. Estou muito grata por cada pessoa que tem ajudado de alguma forma,” finaliza.