Com o início das Olimpíadas na sexta-feira, 26 de julho, seguindo até o domingo, 11 de agosto. Competição conta com 10.500 atletas de cerca de 206 países, disputando 28 esportes diferentes, com um número igual de atletas masculinos e femininos, totalizando 5.250 de cada sexo, abrangendo modalidades como, vôlei, esgrima, natação, ginástica rítmica, basquete, atletismo, ciclismo, e entre outras. Os Jogos Olímpicos de Paris são um dos eventos mais aguardados globalmente, com o Brasil destacando-se ao classificar 266 atletas, sendo 152 mulheres e 114 homens.

O Semanário está presente nesta festa esportiva, dedicando-se a mostrar diferentes modalidades olímpicas praticadas na Capital Nacional do Vinho. Vamos contar suas histórias e trajetórias no esporte, oferecendo aos nossos leitores uma cobertura especial desta edição dos Jogos. Para continuarmos nossa série de reportagens escolhemos o montanhismo.

A escalada esportiva é um esporte moderno que se tornou bastante popular nos últimos 20 anos. É um esporte jovem e misto, em que 39% dos atletas com menos de 18 anos praticado tanto ao ar livre como em um formato mais urbano em local fechado, existem mais de 25 milhões de praticantes em 150 países em todo o mundo.

Em 1985, um grupo de escaladores se reuniu em Bardonecchia, perto de Turim, na Itália, para um evento chamado “SportRoccia”, que se tornou na primeira competição organizada de Lead (guiada), em que os atletas escalam em um determinado limite de tempo. Um ano depois, a primeira competição em uma parede de escalada artificial foi realizada em Vaulx-em-Velin, perto de Lyon, na França.

Breve resumo das regras

Nos Jogos Olímpicos, a escalada esportiva envolve três modalidades: boulder, velocidade e guiada. No boulder, os atletas escalam paredes de 4,5m de altura sem cordas em um período limitado de tempo e com o menor número de tentativas possíveis. A prova de velocidade é uma corrida espetacular contra o relógio em rodadas de eliminação, um contra um, que combina precisão e explosão física. Os melhores atletas escalam uma parede de 15 metros de altura e cinco graus acima em menos de seis segundos para homens e sete segundos para mulheres.

Na prova guiada (lead), os atletas sobem o mais alto que conseguirem em uma parede de mais de 15m de altura em seis minutos sem ter visto o percurso antes.Os percursos desta prova são cada vez mais complexos e desafiadores durante a competição, exigindo toda a capacidade física e mental dos atletas.
Em Tóquio, cada atleta competiu nas três modalidades e as pontuações finais refletiram os resultados combinados das três competições. A pessoa com a maior pontuação levou para casa a primeira medalha de ouro Olímpica da história da escalada esportiva.

Em Paris 2024, duas competições diferentes irão coroar seus campeões na escalada esportiva. Uma delas será a competição combinada entre bouler e guiada; a segunda contará apenas com provas de velocidade.

História olímpica

A escalada esportiva deu seus primeiros passos no palco Olímpico nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2018, em Buenos Aires, e provou ser um grande sucesso entre o público na Argentina. Então, a escalada esportiva estreou nos Jogos de Tóquio 2020, entrando no programa Olímpico como um novo esporte.
A originalidade das provas de escalada esportiva, além da emoção e do seu caráter visual e estético, faz dela uma modalidade popular e amplamente praticada por jovens que pode ocorrer em diversos ambientes – tanto urbanos quanto naturais. A escalada esportiva também será um dos quatro novos esportes de Paris 2024, ao lado de breaking, surfe e skate.

Brasil na modalidade

A Associação Brasileira de Escalada Esportiva (ABEE) divulgou a lista de atletas que integrarão a seleção brasileira da modalidade em 2024. Serão 15 nomes, entre as categorias principal e juvenil.

Jornada de um bento-gonçalvense

Anderson Cará, de 50 anos, começou a praticar montanhismo há 25 anos em Carlos Barbosa, onde inicialmente era praticante de trekking. “Nas caminhadas que fazíamos, passávamos pelo Salto Ventoso. Lá, conhecemos o pessoal da AGM, que estava começando a conquistar as primeiras vias de escalada. Fiquei curioso e rapidamente comecei a praticar”, relembra.

Para Cará, a escalada é mais do que um esporte; é uma filosofia de vida. “O que me motivou foi o contato com a natureza e a filosofia de vida da escalada. Sempre pratiquei esportes, e a escalada combinou o alto rendimento com a natureza.” O montanhismo trouxe mudanças significativas em sua vida. “Cuidar do corpo e da alimentação, evitar bebidas antes de escalar, isso se tornou uma filosofia. A escalada me fez viajar para novos lugares, conhecer novas culturas e pessoas”, comenta

A prática do montanhismo traz inúmeros benefícios, tanto físicos quanto mentais. “A escalada trabalha nossos medos, superando-os e nos tirando da zona de conforto. Isso é levado para fora do esporte também, incentivando a enfrentar desafios na vida. O esporte é muito físico e mental, requerendo um trabalho contínuo de pensamentos e superação”, comentou.

Cará enfatiza que, na escalada, as maiores conquistas são pessoais. “A escalada é dividida em graus de dificuldade. Superar nosso próprio limite é a maior conquista. Desenvolver novos setores de escalada para futuras gerações também é uma grande realização. “Ele ressalta que o desafio é constante. “Enfrentamos nossos medos, treinamos para superar dificuldades. Não participo de campeonatos, prefiro a natureza. Meu treinamento inclui escalada no ginásio municipal, yoga, e uma boa alimentação”, diz

Brasil no cenário olímpico da escalada

Apesar de o Brasil estar longe de competir em nível olímpico na escalada, Cará vê um futuro promissor. “Estamos começando a desenvolver centros de treinamento avançados. Em alguns ciclos olímpicos, acredito que teremos atletas competindo em alto nível”, enfatiza.

Cará também é presidente do Leão Grupo, um dos clubes de montanhismo mais ativos do estado. “Desenvolvemos setores de escalada e promovemos ações de treinamento. A escalada pode se tornar uma ferramenta de turismo, como em outras cidades onde tudo gira em torno da escalada, promovendo o comércio e a educação física nas escolas”, diz.