O Semanário dá continuidade à sua série de reportagens, destacando a paixão dos bento-gonçalvenses pelas modalidades olímpicas que estão em disputa na cidade luz, Paris

Com o início das Olimpíadas na sexta-feira, 26 de julho, seguindo até o domingo, 11. Competição conta com 10.500 atletas de cerca de 206 países, disputando 28 esportes diferentes, com um número igual de atletas masculinos e femininos, totalizando 5.250 de cada sexo, abrangendo modalidades como, vôlei, esgrima, natação, ginástica rítmica, basquete, atletismo, ciclismo, e entre outras. Os Jogos Olímpicos de Paris são um dos eventos mais aguardados globalmente, com o Brasil destacando-se ao classificar 266 atletas, sendo 152 mulheres e 114 homens.

O Semanário está presente nesta festa esportiva, dedicando-se a mostrar diferentes modalidades olímpicas praticadas na Capital Nacional do Vinho. Vamos contar suas histórias e trajetórias no esporte, oferecendo aos nossos leitores uma cobertura especial desta edição dos Jogos. Para continuarmos nossa série de reportagens escolhemos o handebol.

O esporte foi praticado pela primeira vez no final do século 19 na Escandinávia e na Alemanha, onde o handebol de campo também ganhava reconhecimento como esporte. G. Wallström introduziu a modalidade na Suécia em 1910. As duas versões do esporte foram praticadas até 1966, quando o handebol de quadra começou a substituir o handebol de campo.

Breve resumo das regras

A versão moderna é disputada em uma quadra coberta de 40m x 20m entre duas equipes de sete jogadores cada. Os atletas podem dar até três passos sem driblar e segurar a bola por, no máximo, três segundos. Vence a equipe que fizer mais gols ao final de dois tempos de 30 minutos. Doze seleções competem nos torneios feminino e masculino dos Jogos Olímpicos.

O handebol é um esporte de contato em que atacantes e defensores podem fazer contato corporal com o adversário, sendo uma modalidade bastante física e exigente para os atletas envolvidos. Estratégias faltosas são até incentivadas porque o jogo passivo é ilegal. A resistência e a força são, portanto, qualidades vitais para os jogadores; no entanto, este esporte também envolve tática, trabalho em equipe e flexibilidade, já que todos se alternam entre ataque e defesa.

História Olímpica

O handebol de campo fez sua estreia Olímpica nos Jogos de Berlim 1936 e foi esporte de demonstração na edição de Helsinque 1952. A versão de quadra apareceu pela primeira vez no programa Olímpico 20 anos depois, nos Jogos de Munique 1972.
A primeira competição feminina foi realizada quatro anos depois, nos Jogos Olímpicos Montreal 1976.

Um talento no esporte

Eduardo Henrique Dondé Pereira, de 17 anos, é um exemplo vivo da paixão local pelo handebol. Ele começou a praticar o esporte em 2018, e desde então tem treinado intensamente. Pereira compartilha que sua jornada no handebol começou influenciada por seu irmão e pela sua habilidade no esporte durante as aulas na escola. “Fui fazer uma aula teste, acabei gostando e nunca mais deixei de jogar”, relembra.

Ao longo dos anos, Pereira enfrentou desafios, especialmente relacionados a lesões, dado o contato físico intenso do esporte. Ele enfatiza a importância da preparação física para evitar lesões, algo que ele vem trabalhando com a ajuda do seu preparador físico. “Acredito que o que mais me atrapalha são as lesões por ser um esporte de muito contato. Nunca joguei 100% fisicamente e faço uma preparação física bem focada para tentar evitar isso”, diz.

Lições e experiências do handebol

Para Pereira, o handebol é mais do que apenas um esporte; é uma família. “Primeiramente, aprendi a nunca desistir porque é um jogo muito rápido, trabalho em equipe, mas principalmente porque ali dentro somos uma família e tu vai fazer o que for preciso parta o cara que está do teu lado e sabe que ele vai fazer o mesmo por ti”, afirma. Ele destaca a experiência marcante de uma viagem à Europa, onde não só aprimorou suas habilidades, mas também adquiriu valiosas lições de vida, desde conhecer novas culturas até desenvolver independência. “Foi uma experiência única, tenho nem palavras para descrever, aprendi muita coisa nessa viagem, foi desde conhecer culturas novas a ter que se virar ‘sozinho’ por 19 dias”, enfatiza.

Conquistas e perspectivas futuras

Entre suas principais conquistas, Pereira menciona o segundo lugar na Droninglund Cup 2022 na Dinamarca e o segundo lugar no Zonal e na Copa Arujá em 2023. No entanto, ele é realista quanto às oportunidades de profissionalização no handebol brasileiro. “Nunca sonhei em me profissionalizar, até porque não tenho altura para isso e não vale a pena. O handebol no Brasil é muito pouco valorizado, então a chance é nula”, enfatiza.
O jovem expressa ceticismo sobre o futuro do handebol no Brasil, citando a concentração de competições e talentos na região de São Paulo devido ao maior poder aquisitivo. “O futuro do handebol brasileiro é muito improvável, penso que vai continuar assim por muito tempo, como já está. Não tem mudanças faz muito tempo”, reitera.

Benefícios do handebol

Apesar das dificuldades, ele acredita que o handebol oferece inúmeros benefícios. “Treinar handebol e praticar o esporte te traz mais disposição como pessoa e te dá mais confiança. O trabalho em equipe é muito utilizado dentro do esporte, tanto é que o jogo funciona à base disso; sem a equipe, não é nada”, menciona.

Sua rotina de treinos é rigorosa, combinando academia cinco vezes por semana com três treinos de handebol semanais. Ele enfatiza a importância da preparação para os campeonatos e o controle emocional durante as partidas. “A pressão sempre vai existir, o que pode diminuir isso é sabendo controlar bem suas emoções e sempre ter calma e paciência”, declara.

No futuro, o jovem não se vê continuando no handebol, mas planeja seguir uma carreira militar e na área de Direito. Ele destaca a importância do apoio de familiares e amigos para manter a motivação e desenvolver uma mentalidade forte no esporte. “Ver sempre alguém te apoiando é muito importante para se seguir motivado”, diz.

Pereira está focado nos próximos desafios, incluindo o Campeonato Estadual e a Seleção Gaúcha Juvenil. “Se Deus permitir, nós da equipe iremos trazer a vitória para casa e fazer ótimos jogos”, conclui.