As Olimpíadas terminaram, mas o Semanário dá continuidade à sua série de reportagens, destacando a paixão dos bento-gonçalvenses pelas modalidades olímpicas que foram disputadas na cidade luz, Paris

As Olimpíadas de 2024, teve seu início na sexta-feira, 26 de julho, e seguiu até o domingo, 11 de agosto. A competição contou com 10.500 atletas de cerca de 206 países, disputando 28 esportes diferentes, com um número igual de atletas masculinos e femininos, totalizando 5.250 de cada sexo, abrangendo modalidades como, vôlei, esgrima, natação, ginástica rítmica, basquete, atletismo, ciclismo, e entre outras. Os Jogos Olímpicos de Paris foram um dos eventos mais aguardados globalmente, com o Brasil destacando-se ao classificar 266 atletas, sendo 152 mulheres e 114 homens.

O Semanário se fez presente nesta festa esportiva, dedicando-se a mostrar diferentes modalidades olímpicas praticadas na Capital Nacional do Vinho. Agora, vamos continuar a série de reportagens e contar suas histórias e trajetórias no esporte, oferecendo aos nossos leitores uma cobertura especial desta edição dos Jogos. Para continuarmos nossa série de reportagens escolhemos o levantamento de peso olímpico.

O levantamento de peso também conhecido como levantamento de peso Olímpico existe há milhares de anos, mas o objetivo permanece o mesmo, o atleta que levantar mais peso vence. Evidências do esporte datam do antigo Egito e da Grécia, onde as pessoas levantavam pedras pesadas em competições de força. O levantamento de peso ressurgiu no século 19, quando o primeiro campeonato mundial foi realizado em 1891.

Breve resumo das regras

O programa do levantamento de peso Olímpico evoluiu muito ao longo do tempo. Desde os Jogos de Montreal 1976, há dois formatos de levantamento na competição: o arranco e o arremesso. No arranco, a barra é levantada do chão até acima da cabeça em um movimento. Em contrapartida, o arremesso é uma ação de dois estágios: primeiro, a barra é levantada até os ombros; depois, é puxada sobre a cabeça. Esses exercícios são extremamente exigentes e demandam força física excepcional e uma rígida determinação mental.

Atualmente, os competidores executam os dois tipos de levantamento em três oportunidades e os melhores resultados em cada levantamento são combinados para determinar sua pontuação final. O atleta com maior pontuação é declarado vencedor.

História olímpica

O levantamento de peso foi destaque nos primeiros Jogos Olímpicos modernos, realizados em Atenas, em 1896. Excluído do programa olímpico em algumas edições dos Jogos (1900, 1908 e 1912), o levantamento de peso foi reintroduzido em 1920 nos Jogos de Antuérpia e permanece desde então. A competição feminina foi realizada pela primeira vez nos Jogos de Sydney 2000.

No início do século 20, os Comitês Olímpicos Nacionais (CONs) da Europa particularmente Alemanha, Áustria e França dominaram o levantamento de peso.

A partir da década de 1950, os atletas soviéticos subiram ao pódio até a década de 1990, quando os atletas representando a República Popular da China, a Turquia, a Grécia e a República Islâmica do Irã começaram a conquistar a maioria das medalhas oferecidas. A China domina o levantamento de peso feminino desde sua inclusão como esporte Olímpico oficial que ocorreu no ano de 2000.

Bento-gonçalvense no esporte

César Casarotto, aos 41 anos, é um verdadeiro ícone no levantamento de peso. Seu amor pelo esporte começou em 2002, na academia, onde sua inclinação natural para treinar com cargas mais altas o levou a descobrir o powerlifting dois anos depois. “Gostava de sempre tentar pôr um pouco mais de peso, mas não tinha conhecimento e podia me machucar”, relembra. Foi então que seu mestre, Nei Pradiee, o orientou a explorar mais sobre a modalidade. Depois de assistir a algumas competições, César percebeu que o powerlifting era para todos, independentemente do tipo físico, idade ou sexo. “O objetivo é erguer mais peso que o adversário. Ganha quem levantar mais peso na categoria”, explica.

A partir daí, sua jornada foi marcada por dedicação e foco. César destaca que as mudanças começaram pela mente: “Você tem que ficar regrado, ou segue o planejamento ou não sai do chão, não evolui.” A atenção aos detalhes é crucial a posição das mãos, dos pés, das pernas, das costas, tudo deve estar alinhado para garantir a performance ideal. Ele também enfatiza a importância de uma boa alimentação e descanso para maximizar os resultados dos treinos.

Ao longo de sua carreira, César conquistou títulos que poucos atletas conseguem. Com 18 títulos consecutivos de campeão brasileiro, nove sul-americanos e três pan-americanos, ele se estabeleceu como uma verdadeira lenda do powerlifting. Mas são os quatro títulos mundiais consecutivos (2015, 2017, 2019 e 2021) que brilham mais forte em sua memória, especialmente a competição de 2019, quando seu filho de apenas oito anos competiu ao seu lado. “Esses são, sem dúvida, os momentos mais importantes”, afirma.

Além das conquistas, Casarotto também carrega um sonho: ver o powerlifting tornar-se um esporte olímpico. Ele acredita que o Brasil tem potencial para ser uma potência em vários esportes, incluindo o levantamento de peso, mas lamenta a falta de incentivo e visibilidade que a modalidade ainda enfrenta. “O levantamento de peso é um dos esportes mais antigos praticados nas olimpíadas, introduzi ele nos meus treinos em certos momentos como exercícios de suporte. Meu sonho é que um dia o powerlifhting se torne um esporte olímpico. Se isso acontecer e eu ainda estiver em condições de participar, claro que iria. Mas vejo esse momento cada vez mais distante por causa de algumas ideias que freiam a modalidade”, destaca.

Casarotto é mais do que um atleta. Ele é um líder que inspira e apoia outros atletas, tanto como treinador quanto como árbitro internacional. Mesmo com a pressão para continuar competindo, seu foco agora é ajudar sua equipe, divulgar o esporte e orientar quem tem vontade de conhecer o powerlifting. “Meu objetivo principal é treinar. Para mim, sem a pressão das competições, quero divulgar o esporte e ajudar atletas que já estão nesse meio”, conclui.