Novamente realizadas em conjunto, feiras reunirão cerca de 500 expositores de máquinas, matérias-primas, acessórios e móveis, no Parque de Eventos da Fundaparque
De 28 a 31 de agosto serão realizadas, pela segunda vez em conjunto, duas das maiores feiras voltadas à produção moveleira da América Latina: a Movelsul Brasil e a Feira Internacional de Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria Moveleira (Fimma Brasil). Os eventos, promovidos respectivamente pelo Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis) e pela Associação das Indústrias de Móveis do Rio Grande do Sul (Movergs) deverão reunir, no Município, arquitetos, designers, lojistas, representantes, empresários, num público que gira em torno de 30 mil pessoas.
A presidente do Sindmóveis, Gisele Dalla Costa, e o presidente da Movergs, Euclides Longhi, falam sobre a edição conjunta, as expectativas, as dificuldades e o trabalho em prol do setor, que é o de maior representatividade na economia de Bento Gonçalves, e das feiras, que movimentam não apenas a área moveleira, como também o turismo e os negócios no Município.
Jornal Semanário: A primeira edição conjunta da Fimma e da Movelsul superou as expectativas, tanto de público, quanto de negócios. Quais foram os benefícios que ambas trouxeram para o setor?
Gisele Dalla Costa: Foi um momento realmente atípico. A pandemia nos trouxe algumas situações em que precisamos nos remodelar e encontrar alternativas para poder nos manter. Com as entidades, Movergs e Sindmóveis, não foi diferente. As duas já estão unificadas, então, entendeu-se que as feiras também poderiam passar por esse processo. A realização de 2022 comprovou que foi uma decisão acertada, e estamos repetindo ela agora no ano de 2023, pois entendemos a importância de termos tudo numa única feira, desde as máquinas e matérias-primas, todos os materiais que são necessários para serem utilizados, chegando ao produto pronto. Esse modelo permanecerá também em 2025.
Euclides Longhi: É realmente isso. Para nós foi uma decisão muito pensada, mas pensada no momento exato. A pandemia mudou muitas situações, muitas coisas foram atípicas. O resultado deu muito certo, foi um sucesso total. Essa cadeia produtiva, junta, beneficia muito as expectativas dos visitantes, tanto do setor moveleiro quanto dos lojistas também. A Fimma Brasil contém todas as matérias-primas, acessórios, máquinas para produzir o móvel. E nos pavilhões da Movelsul, o visitante conhece como foi produzido o móvel.
JS: Bento Gonçalves tem um Parque de Eventos com 57 mil metros quadrados de área coberta, que foi ampliado provisoriamente em 2022 para receber todos os expositores. Vocês já falam na realização conjunta em 2025. A unificação deu certo?
GDC: Sim, deu muito certo. Foi importante apresentar tudo numa cadeia, do início ao fim. Entendemos que foi uma decisão muito acertada e acreditamos que a sequência desse trabalho, tanto para 2023 quanto para 2025 no momento, é uma decisão muito importante de ser mantida nesse formato.
EL: Nessas modificações, em 2022, quando foi tomada a decisão devido ao momento pós-pandemia, muitas feiras sumiram do mercado, em vários segmentos. Essa unificação deu certo, pois se formou a primeira e única feira do Brasil com toda a cadeia junto. Isso para nós, no quadro fabril que temos em Bento Gonçalves, nos traz um contentamento muito grande. É uma equipe profissional que vem trabalhando, tanto na Movergs, na Fimma, no Sindmóveis e na Movelsul. São pessoas capacitadas e que fazem acontecer. Por isso que repetiremos em 2025. Temos a feira a cada dois anos. Por ser um evento internacional, não conseguimos realizar anualmente, porque é muito trabalho com os expositores do exterior. Hoje, temos mais de 120 importadores, tanto de móveis quanto de matérias-primas, demonstrando o interesse das pessoas nas nossas feiras.
JS: A feira é segmentada, uma parte dos pavilhões é utilizada para a Fimma e outra para a Movelsul. Quantos expositores vai ter em cada uma das feiras? Existe lista de espera?
GDC: Nós estamos com as duas feiras 100% comercializadas. Falamos em torno de 500 marcas, bem aproximado, então são cerca de 250 para cada segmento. O fato de termos comercializado 100% só reforça que os próprios expositores entendem a importância que estas feiras têm. O foco agora é entregarmos uma excelente feira a todos.
EL: Por serem feiras internacionais, tanto Fimma quanto Movelsul, no nível de profissionalismo que apresentamos, temos fila de espera. Isso demonstra o interesse das empresas em estarem numa feira desse nível em Bento Gonçalves, que une todos os segmentos profissionais.
JS: Politicamente falando, estamos num novo Governo, num ano de transição. Quais as expectativas para os próximos anos?
GDC: Em qualquer troca de governo precisamos nos readequar, entender qual será a nova linha de trabalho. Acabamos retomando um pouco a questão da pandemia, porque tivemos um momento, falando do moveleiro, bem diferente do que estávamos habituados a trabalhar. Passamos por um momento de auge, de não termos matéria-prima. O fato de as pessoas terem se recolhido em suas casas deu uma ênfase para a substituição de móveis, da busca por mais conforto. Após, obviamente, as coisas voltaram à sua normalidade. Esse ano, novamente, é uma retomada, uma readequação. É gradativo. Precisamos ter a percepção de que novos governos sempre virão. E temos que entender também que nós, enquanto indústrias, temos que ir nos readequando às novas realidades, às novas necessidades, seja no mercado interno, seja buscando alternativas no mercado externo.
EL: Nós temos uma preocupação neste segundo semestre, inclusive, porque as mudanças não ocorreram somente no Brasil. Após a pandemia, tivemos a guerra da Rússia com a Ucrânia e isso começou a nos prejudicar mundialmente. O próprio Estados Unidos, que é um grande importador do Brasil, diminuiu as suas compras, porque eles precisam fazer um caixa, pois tiveram problemas financeiros. No Brasil, especificamente, nas mudanças de governo, temos adaptações, o país inteiro brigando para baixar a taxa Selic, e até começar a reduzir, fica um pouco mais difícil para os investimentos. Com essa baixa esperada para este segundo semestre, começa a nos dar um novo ânimo. A vida não para, ela continua, e nós temos, sim, uma feira para nos ajudar. Nós, que somos moveleiros tradicionais, antigos, experientes, passamos por muitas situações, como Plano Cruzado, Plano Verão, Plano Bresser, entre outros, então, o que estamos passando hoje não é nada. Temos é que arregaçar as mangas e trabalhar. Temos uma certa experiência e enfrentamos isso como realidade.
JS: A criatividade é um dos fatores essenciais para a manutenção dos negócios. A Fimma terá um novo espaço, o Ecossistema. Nos fale sobre esse espaço.
EL: O Ecossistema é uma inovação que foi plantada na gestão anterior e estamos melhorando agora, nessa gestão de 2023. Temos o Renato Bernardi, que é nosso diretor, uma pessoa especializada no segmento de tecnologias. O Ecossistema é uma incubadora de tecnologia. Então, estamos convidando todos que gostam desta área de informática, sob o segmento profissional, a visitar o Ecossistema da Fimma. Vamos ter nove startups ligadas ao setor moveleiro, novidades que estão chegando a um nível tecnológico muito avançado e estamos expondo para as pessoas. Irão ocorrer mais de 20 palestras abertas ao público profissional. Também teremos muitas novidades em termos de máquinas, da Alemanha, da Itália, da China, do Brasil, além de matérias-primas muito importantes.
JS: O Salão Design da Movelsul é de grande relevância para os profissionais. Como este espaço é visto dentro da feira?
GDC: As indústrias têm percebido cada vez mais a importância do design. Não é simplesmente produzir um móvel. É levar ele para dentro das casas com design, com inovação, com diferencial. E o Prêmio Salão Design vem a cada edição se consolidando ainda mais. Os profissionais que participam entendem que é um prêmio focado, muito importante não só para a Movelsul. É algo que se sobressai, realmente. Temos 11 projetos premiados que neste ano estarão expostos no hall de entrada do Pavilhão A, para todo o público poder visitar e analisar.
JS: Bento, como um todo, trabalha o turismo não somente de férias, de passeio, como também o turismo de negócios. A gastronomia, a receptividade, a hospitalidade devem andar juntas com os grandes eventos. Qual a visão de vocês a respeito?
GDC: Nossa cidade não é só focada nas feiras. Sabemos o quanto estamos crescendo em termos de turismo, porque realmente temos condições de estar apresentando o melhor para quem vem nos visitar. São muitas as alternativas. Temos contato próximo aos prestadores de serviço, como restaurantes, atrativos, roteiros, para que nossos visitantes tenham um diferencial quando eles chegarem aqui. Os detalhes fazem a diferença, então tudo o que pudermos fazer para agradar os nossos visitantes será de grande valia para retornarem e divulgarem Bento Gonçalves. Assim, todos acabam sendo privilegiados.
EL: Bento Gonçalves é um fenômeno em termos de cidade. Não sou muito bairrista, mas gosto muito daqui. Realmente é uma cidade diferenciada pelo segmento de feiras, de turismo, metalmecânico, alimentação, vinícola. Nas nossas divulgações de feiras anteriores, nas cidades fora do Rio Grande do Sul, falamos muito sobre nossa cidade. Todo o ser humano gosta de turismo. E esta cidade é o segundo polo de turismo do Rio Grande do Sul. As pessoas, quando vêm para cá numa feira, elas têm também o turismo em suas mãos. Então, pedimos para os munícipes sempre ajudarem e respeitarem as pessoas de fora. São 30 mil pessoas circulando aqui em apenas quatro dias. Então temos que ter a compreensão, pois acaba tumultuando a hotelaria, os restaurantes. Precisamos da compreensão e da paciência de todos. Nossa cidade tem 120 mil habitantes, com 120 restaurantes de alto nível, 3750 leitos oficializados, 82 vinícolas, mais de 400 pontos turísticos e isso nos traz grandes benefícios, porque os visitantes, além de conhecerem e circularem pela feira, vão querer conhecer a nossa região.
JS: Quem visita as feiras sempre busca encontrar novidades. Quais são as expectativas com relação a visitantes para esta edição?
GDC: A cada feira, a cada nova diretoria, sem sombra de dúvidas, a ideia é se sobressair no sentido do que podemos trazer de novo, o que podemos fazer para melhorar. Isso é fundamental quando estivermos analisando situações pontuais. Hoje, na Movelsul, temos um trabalho junto à Abimóvel e à APEX, que trazem os importadores para as rodadas de negócios e, vinculado a isso, a própria feira vai trazer importadores com o propósito de podermos proporcionar negócios. Precisamos buscar novas alternativas, justamente com este foco. Vamos também ter rodadas de negócios em parceria com o Sebrae, com visitantes selecionados para que as micro e pequenas empresas possam estar apresentando seu produto, fazendo novas negociações.
EL: Além disso, temos toda a estrutura do Parque, que foi totalmente remodelada em parceria com a Prefeitura. Temos que agradecer ao prefeito Diogo Siqueira e toda a sua equipe. O Parque está todo asfaltado, sinalizado com led. Quem conheceu o parque na época da brita, hoje não existe mais isso, o que é um ganho também para o público que vem nos visitar. Foi feita, ainda, uma inovação junto com o CIC e colocamos wi-fi gratuito para o público. São ponto que a cada evento vamos mudando, evoluindo, entre outras novidades que temos guardadas para a próxima edição, com certeza.