Está prevista para entrar em operação no ano de 2026 uma escola de Ensino Médio do Sesi-RS em Bento Gonçalves. A instituição de ensino terá mais de 4,3 mil metros quadrados de área construída, incluindo salas de aula, laboratórios, biblioteca, espaço maker para trabalhos com tecnologia, ginásio de esportes, além de outras estruturas educativas. A estrutura terá capacidade de atendimento de até 360 alunos, dos 15 aos 18 anos.
Os detalhes sobre a construção foram apresentados durante a semana pelo superintendente do Serviço Social da Indústria (Sesi-RS), Juliano Colombo, em encontro com a imprensa. Além de Colombo, o presidente do Conselho Consultivo do Sesi-RS, Ivacir Foresti e a conselheira regional do Sesi-RS e representante das indústrias do setor moveleiro, Maristela Cusin Longhi, estiveram presentes.
A construção da escola em Bento Gonçalves integra o programa ‘A Indústria pela Educação’, lançado pela Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) no dia 25 de maio. “Estamos trazendo para Bento um modelo de escola em turno integral, que o Sesi constituiu, em formato inovador e diferente das demais. Neste caso, o aluno transita nas salas, não o professor. É uma instituição em que as ferramentas tecnológicas permeiam a sala de aula. Professores de português, artes, de ciências, utilizam robótica em suas aulas, então todas as ferramentas tecnológicas estão à disposição em todo o processo educacional”, enfatiza Colombo.
Para o superintendente, este é um modelo de escola baseada nas melhores existentes no mundo. “Que deram certo e que realmente contribuíram para transformar a educação nos países que estão mais avançados. É uma escola onde o aluno pode fazer as suas escolhas ao final de três anos, pois toda a trajetória escolar é focada no desenvolvimento de um projeto de vida, então ele pode seguir uma carreira técnica no Senai, pode seguir para a faculdade ou ser empreendedor. A ideia é uma escola realmente que dê conta daquilo que o jovem hoje busca”, explica.
A decisão de concentrar investimentos no Ensino Médio, por meio de um modelo diferenciado de educação, surgiu a partir da constatação de que era preciso mudar a forma de ensinar, já que a escola tradicional não está conseguindo formar jovens preparados para os desafios da sociedade no século 21, bem como para as mudanças no mundo do trabalho. “A lógica da escola que estamos disponibilizando é que ela nunca vai trazer todas as respostas, mas tem a ideia de responder muitas das questões que dizem respeito ao que o jovem deseja. Uma instituição centrada nele, mas ao mesmo tempo conectada com o mundo do trabalho. Porque o modelo educacional que temos hoje não é de hoje, há um descolamento entre o mundo do trabalho, realidade das empresas, do trabalho e da educação”, reflete.
Mudança começa pela educação
A escolha por Bento Gonçalves é exatamente por o município ser um polo industrial. “É uma escola voltada prioritariamente para filhos de trabalhadores da indústria. Portanto, a escolha foi definida pela quantidade de indústrias, volume de trabalhadores e consequentemente volume de dependentes. Abrimos vagas para quem não é da indústria, mas quem tem direito são os filhos de trabalhadores da indústria”, ressalta Colombo.
Quem ganha com a novidade, além do segmento como um todo, são os próprios estudantes e a cadeia produtiva como um todo. “Bento é referência nos setores moveleiro, metalmecânico, vitivinícola entre outros extremamente importantes, e isso contribuiu para que fosse uma das cidades escolhidas. Ficamos muito felizes por poder proporcionar aos filhos de nossos trabalhadores e para a nossa cidade uma escola deste porte. Vimos que onde estas escolas estão inseridas, elas realmente provocaram mudanças na vida dessas pessoas” revela Maristela.
Para ela, o intuito de uma instituição de ensino é agregar conhecimento e não competir com os educandários já existentes. “Nossa posição, como Sesi, não é concorrer com o ensino, mas justamente unir esforços, estar lado a lado com o Poder Público para que possamos ter uma integração e qualificar cada vez mais esses alunos. Esperamos que essa qualificação possa ser revertida em benefícios também para as indústrias que precisam de mão de obra qualificada, comemora.
O espaço
A primeira opção para a instalação da instituição de ensino é no Centro Esportivo Sesi de Bento Gonçalves, no bairro Fenavinho. Estudos sobre a viabilidade do terreno estão em andamento pelo setor de engenharia do Sesi-RS, além de avaliação de questões legais que envolvem a área. “Começamos a tratar destes trâmites, nesta semana e a ideia inicial é fazermos esse complexo no Centro Esportivo do Sesi, transformando aquele lugar em um complexo educacional. Entre projeto, licitação e execução geralmente demora em torno de dois anos, depende agora de como tramitarão as questões legais que precisamos. É um investimento elevado.
Além de Bento, também serão construídas escolas em Caxias do Sul, Canoas, Lajeado, Novo Hamburgo e Santa Cruz do Sul, além da ampliação da estrutura já existente em Pelotas. “A ideia é termos polos, em cidades referência, e que ali se consiga disseminar essa metodologia, principalmente em escolas públicas. Não é um método exclusivo, ele pode ser copiado e replicado, mas o que a gente traz é que precisa mudar. Não é fácil, mas tem que começar e estar ao lado da escola pública. Não existe transformação e evolução da indústria sem a transformação do todo e esse projeto vem para isso”, conclui Colombo.