Mais de 40 cães e gatos salvos das enchentes na região estão em abrigos, com auxílio de voluntários, enquanto tutores ainda têm incertezas quanto ao futuro
Cerca de 397 cidades do Rio Grande do Sul foram atingidas pelas fortes chuvas, que resultaram em enchentes e deslizamentos de terra. Mais de 850 mil pessoas foram afetadas pelas condições climáticas, entre elas as que tiveram que sair de suas casas, muitas apenas com a roupa do corpo, deixando seus pertences e lares para trás, na incerteza de um retorno. Isso significa que 80% dos municípios e 7,5% da população do estado foram impactados. Em Bento Gonçalves, com o esforço e o trabalho contínuos de equipes do poder público e, principalmente, de voluntários corajosos, aproximadamente mil pessoas foram resgatadas.
Solidariedade
Mas não só a população está sofrendo com todos estes acontecimentos, como também os animais. Há registros nas redes sociais de diversos resgates de animais nadando, ilhados, perdidos ou até mesmo soterrados.
Na esperança de ajudar estes seres indefesos, o Bento Pet está atuando com uma base no Salão da Comunidade de Faria Lemos, local que está servindo de abrigo para os resgatados das chuvas. Desde a última sexta-feira, 3 de maio, já foram atendidos em torno de 40 cães, entre animais que chegam no local com seus tutores, ou que estejam perdidos, além dos que são levados por voluntários ou ONGs ou os resgatados por protetoras.
A veterinária e coordenadora técnica do setor, Débora Zaro, destaca que “esse é um trabalho que tem feito a diferença, pois estamos dando um suporte importante a dezenas de animais. Aqueles que chegam muito debilitados, com algum tipo de fratura, são encaminhados para uma clínica veterinária, onde recebem todo o atendimento necessário para esse tipo de situação”, ressalta. Ainda de acordo com a veterinária, as equipes receberam também doações de rações, que prontamente foram direcionadas para tutores que necessitavam.
Protetores voluntários e independentes
No ginásio da Escola Bento, no Centro da cidade, aproximadamente 30 cães estavam sendo abrigados. A maioria veio do canil de uma protetora, que também foi atingida pelas fortes chuvas e deslizamentos. Também há cães de outros tutores, que ainda não têm para onde ir, e estão sendo acolhidos no local. Cada cão possui uma baia própria e é identificado com um número, com água e ração disponíveis. Coordenada pela ONG Por Mais Empatia, uma equipe de voluntários ajuda na limpeza e organização do espaço, além do recebimento e separação das doações recebidas e de atendimento veterinário 24 horas por dia. Porém, com o retorno das aulas no colégio, os animais e as doações foram realocados em outro galpão na terça-feira, 7, mantendo o mesmo padrão de estrutura e organização.
Maria Cecília da Silva, uma das veterinárias voluntárias que estão atuando no abrigo, informa que a saúde dos cães está sendo monitorada constantemente, com administração de medicação, se necessário. “Hoje, estamos fazendo testes rápidos para cinomose, doados por parceiros. Assim, conseguimos identificar se algum animal está doente e isolá-lo. Trabalhamos para trazer um pouco de conforto e bem-estar aos cães. A situação ainda é muito incerta, não se sabe como estão as casas dos tutores, quando vão conseguir voltar. Então, por enquanto, estamos dando auxílio para esses cachorros”, comenta.
Entre os itens necessários para dar continuidade ao trabalho, estão guias e coleiras, ração, sachês, vermífugos e medicamentos em geral, papelão, jornal e tapetes higiênicos. Também são bem-vindos ventiladores para aliviar um pouco o calor dos caninos.
A também médica veterinária, Renata Benini, além de ajudar no abrigo dos cães, disponibilizou espaços gratuitos em seu hotel para felinos para o recebimento de gatos resgatados. “No momento, temos 11 gatos, sendo nove de tutores e dois ainda sem, que serão colocados para adoção futuramente. Estes nove são de famílias que moravam na região do Rio das Antas, que ainda não sabem quando e se poderão voltar às suas casas. No geral, os gatos estão saudáveis. Eu e minha sócia prestamos atendimento de primeiros socorros e cedemos o espaço para abrigar os animais, mas caso precisem de internação, encaminhamos para clínicas parceiras”, expõe. Renata ainda complementa trazendo os principais itens que são necessários para manter o trabalho de acolhimento dos gatos: areia higiênica, ração e sachês.
Rafaela Pedroso, de 26 anos, levou diversos itens para doar para os cães resgatados. “Acho importante esse tipo de iniciativa. Se cada um ajudar com o que pode, mesmo que pareça pouco, acaba fazendo uma grande diferença para uma pessoa ou animal que esteja precisando. Hoje, trouxe cobertinhas, alguns potes e sacos de ração. Me corta o coração pensar no que esses animais passaram, mas graças a verdadeiros anjos, eles foram resgatados e estão bem, na media do possível”, relata.
Como ajudar
Para contribuir, basta levar as doações diretamente nos abrigos ou entrar em contato com os responsáveis para ser voluntário, através do Instagram @institutopormaisempatia e @gatomimadohotel. Os materiais excedentes serão encaminhados para outros locais, conforme necessidade.
Doações financeiras podem ser feitas através da chave PIX: 46.877.372/0001-00.