Número de entorpecentes ultrapassa os 16kg, enquanto celulares chegam a 246 confiscados
Considerando o ano de 2021, a Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves realizou, ao todo, 129 apreensões, dos quais celulares, drogas, facas e chips foram confiscados antes de entrarem no local ou em revistas e rondas dos agentes penitenciários. Em diversas dessas ações, os seguranças não removeram somente um item de cada, havendo casos em que mais de 20 telefones foram apreendidos em um único dia.
O local, que fica no bairro Barracão, possui pouco mais de dois anos de existência. Antigamente, a casa prisional se encontrava no centro da cidade, e a mudança de endereço e estrutura veio a fim de impor um comportamento mais regrado aos apenados. Uma das vertentes que influencia isso é a fiscalização de ilícitos no recinto. Nesse sentido, as modificações do novo espaço também ajudaram, conforme explica Volnei Zago, diretor da casa prisional.
Apreensões de 2021
Com os dados cedidos por Zago, a partir da autorização da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), a reportagem do Semanário teve acesso as apreensões da Penitenciária Estadual de Bento em 2021. Dessa forma, é possível identificar quais itens têm maior tentativa de entrada e quais as quantidades que poderiam adentrar na casa prisional dentre esses 129 episódios de fiscalização, caso não houvesse um processo meticuloso de segurança.
Começando pelos entorpecentes, o local conseguiu confiscar, ao todo, 16,3 kg de ilícito. A droga que mais tentam colocar dentro das grades é a maconha, que representa 85% dos confiscados nesse tema, o que totaliza 13,8 kg em um ano. Depois, a cocaína aparece com números relativamente inferiores, mas ainda assim com 2,4 kg. Por fim, houve também uma tentativa de adentrar com 128 gramas de ecstasy.
Já no campo dos objetos, o que mais se destaca é o telefone celular, que em 65 apreensões na penitenciária, 246 foram interditados. Na sequência dos dados, o próximo item que tem uma taxa de tentativa de entrada alta são os estoques ou facas, utilizados diretamente com propósito violento e intimidador. Num todo, foram 68 desses artifícios confiscados. Por fim, para complementar o lado eletrônico, os chips de telefone também surgem em grande quantidade, pois em apenas duas apreensões foram pegos 40 deles.
Influência do novo espaço
Para que todas essas interceptações fossem possíveis, a Penitenciária Estadual conta com artifícios extras de segurança em relação ao antigo presídio na área central. Um desses casos é o scanner corporal, que segundo Zago, “detecta praticamente tudo o que entrar com a pessoa. Nessa parte, ele contribui muito para diminuição dos casos, pois até inibe o visitante de entrar com algo ilícito, pois vai aparecer no aparelho, no raio-x”, explica.
Ele também conta sobre casos inusitados de apreensões, em que visitantes já tentaram levar entorpecentes para dentro, escondendo os ilícitos na parte interna de uma garrafa térmica, entre o plástico e a ampola. As marmitas também são usadas para transportar esses itens. O diretor da penitenciária destaca que as visitações estão entre as oportunidades de entrada de ilegalidades, até mesmo em partes íntimas das visitas.
Outra modalidade usada no transporte de bens ilegais para dentro da casa prisional é o arremesso dos objetos, que Zago menciona ter sido mais frequente no antigo local. Agora, no novo espaço, foram implantadas telas externas ao redor das proximidades da janela das celas, fazendo com que não seja mais possível esse tipo de delito.
Em relação a todo o tema de apreensões, o diretor deixa claro que esse tipo de entrada de objetos ilegais não é impossível. Porém, ele defende a efetividade de sua casa prisional. “É uma das cadeias com melhor estrutura para inibir a entrada de ilícitos”, pontua.