Reportagem do Semanário traz um panorama geral destes espaços de convivência do município, ouvindo os planos da prefeitura e a opinião de moradores

As praças de Bento Gonçalves desempenham um papel essencial no cotidiano da população, oferecendo espaços para lazer, convívio social e atividades físicas. Contudo, a percepção da comunidade em relação às condições desses locais é diversa, refletindo um contraste entre o trabalho realizado pela Prefeitura e as expectativas dos moradores.

Segundo o Secretário Municipal do Meio Ambiente, Volnei Tesser, as praças são tratadas como prioridade. “Temos uma equipe dedicada à manutenção regular, com serviços de roçada, limpeza, poda e inspeção de brinquedos e equipamentos de recreação, seguindo um cronograma mensal”, explica. Além disso, algumas praças contam com recursos inovadores, como bebedouros com água quente e fria para pessoas e animais de estimação.

Projetos de revitalização estão em andamento, incluindo expansão de espaços pet e equipamentos de acessibilidade, especialmente em uma praça do bairro Progresso, que oferece brinquedos adaptados para pessoas com deficiência. O orçamento para essas iniciativas está previsto anualmente e é destinado à compra de novos brinquedos e manutenções gerais.

O desafio dos chafarizes

No que se refere aos chafarizes, Bento Gonçalves possui atualmente apenas um em funcionamento, o Chafariz de Vinho na Via Del Vino.

Segundo o secretário, o chafariz em frente à Prefeitura está desativado devido a problemas estruturais, como entupimento de tubulações e superaquecimento do motor. “Esses defeitos técnicos exigem reparos especializados e uma intervenção mais complexa para restaurar o chafariz e garantir que ele volte a operar corretamente”, frisa.

Embora não haja um cronograma definido para sua revitalização, a SMMAM mantém cuidados constantes com o chafariz ativo.

Opinião dos moradores

Para a moradora Carla Krug, apesar de algumas melhorias recentes nas praças centrais, há desafios persistentes. “Encontrei equipamentos de ginástica quebrados, que são muito usados por idosos. E, em cinco anos, nunca vi o chafariz da Praça Vico Barbieri funcionar”, comenta.

Ela destaca que a falta de manutenção prejudica a estética da cidade e impacta o bem-estar dos moradores. “Gostaria de ver os chafarizes em forma de animais da Vico em funcionamento. Parece falta de preocupação com a população que faz uso desses espaços no perímetro urbano”, salienta.

Carla acredita que praças bem cuidadas podem elevar o astral da cidade. “Nem todo mundo tem acesso ao Vale dos Vinhedos ou aos Caminhos de Pedra. Ter praças bonitas com brinquedos em boas condições e bebedouros funcionando seria essencial para o lazer de todos. Também gostaria de ver manutenções no cachoródromo da Vico e seria interessante ter um zelador por praça para que fizesse o básico da manutenção diária”, destaca.

Já o arquiteto Jovani Bortoncello reforça a importância de uma gestão integrada para a revitalização dos espaços públicos, considerando o valor cultural das praças e a necessidade de um planejamento urbano que harmonize a infraestrutura com as demandas da população. “Muitas delas ainda necessitam de melhorias estruturais essenciais, como mobiliário urbano apropriado, acessibilidade universal e espaços dedicados a atividades culturais e recreativas.

Para Bortoncello, para que as praças da cidade cumpram seu papel social de maneira efetiva, é necessário adotar um planejamento urbano mais integrado, que combine os conceitos de arquitetura paisagística, urbanismo e sustentabilidade. “O espaço público precisa ser repensado não apenas como um lugar de lazer, mas como um ambiente dinâmico de interações sociais, onde a mobilidade, o conforto e a acessibilidade sejam projetados de maneira harmônica e eficiente. Estudos sobre espaços urbanos comprovam que áreas multifuncionais, que atendem a diferentes necessidades, têm um impacto positivo na segurança e no bem-estar da população. Por isso, é essencial que as praças se tornem locais versáteis e acessíveis, com infraestrutura adaptável para diversos tipos de eventos e atividades ao longo do ano”, pondera.

Segundo arquiteto, o mobiliário urbano das praças merece mais atenção, especialmente no que diz respeito à sua funcionalidade, conforto e estética. “Bancos modulares, áreas de descanso sombreadas e espaços de interação com o ambiente natural são essenciais para tornar as praças locais mais acolhedores e agradáveis. Em muitas cidades ao redor do mundo, tem-se adotado peças de mobiliário que atendem a diferentes públicos, com designs que variam em altura e adaptabilidade. Essas mudanças fazem as praças mais inclusivas e atraentes, promovendo a permanência das pessoas e a convivência comunitária”, destaca.

Além disso, Bortoncello destaca que práticas sustentáveis, como o uso de pavimentos permeáveis e o manejo adequado da vegetação, devem ser incorporadas no planejamento dessas áreas. “A implementação de soluções eficientes de drenagem e a valorização da vegetação local não só preservam o meio ambiente, mas também contribuem para a criação de espaços públicos mais responsáveis ecologicamente”, finaliza.

Parcerias e participação popular

A SMMAM também incentiva a participação da comunidade por meio do programa “Adote uma Praça”, que permite que empresas e cidadãos contribuam para a revitalização e manutenção dos espaços públicos. “Por meio dessa iniciativa, qualquer pessoa pode apresentar projetos para a melhoria das praças à SMMAM. Após a análise e aprovação do projeto, é firmado um Termo de Cooperação entre o adotante e o poder público, definindo as responsabilidades e as ações a serem realizadas para a melhoria dos espaços”, finaliza Tesser. 

Além disso, a população pode registrar reclamações e sugestões através da Ouvidoria do município pelo telefone 162.