Para recuperar danos na educação causados pela pandemia, estudantes terão a opção de continuar estudando por mais um ano
Desde o ano passado a realidade das escolas mudou de forma inesperada, tanto para estudante, quanto para professores. Por causa da pandemia, todos precisaram se adaptar aos estudos virtuais e agora, aos poucos, as aulas presenciais estão retornando.
Tendo em vista os danos causados pelas mudanças no ensino, o governo do estado confirmou a criação de um quarto ano do ensino médio a partir do ano que vem para os alunos da rede estadual. O modelo será opcional. O currículo com as disciplinas ofertadas no ano de estudos adicional ainda está sendo planejado. O objetivo é fazer com que o acréscimo traga suporte para suprir as lacunas de aprendizados deixadas em 2020 e 2021.
Segundo o professor de matemática, Paulo Rusezyt, esse é um assunto novo para todo mundo e os professores ainda não tiveram muito tempo para refletir sobre as mudanças. Para ele, o único pró para os estudantes seria a convivência com os colegas, que considera de extrema importância para a formação. “Como contras, acho que seria pior para os estudantes que estão entrando no ensino médio, sabendo que as escolas, hoje, possuem número apertado. Com a questão estrutural da pandemia, precisamos ter um determinado número de alunos por sala de aula. As escolas não têm estrutura para isso e quem vai sair prejudicado é o aluno, ao meu ver”, acredita.
Rusezyt salienta, ainda, que muitas instituições abririam mais turmas de 1º, 2º e 3º anos, caso tivessem mais salas. “Mesmo que a pandemia parasse, não temos essa estrutura. Não adianta a gente ter mais um ano de ensino com uma qualidade baixa”, argumenta.
O professor afirma que o ideal seria uma reforma social para que o aprendizado melhore. “Trabalho em uma escola muito boa, mas não acho que apenas a pandemia tenha afetado a educação. Ela vem sendo pejudicada por muitos fatores desde o início da história. Se a gente parar para pensar, escutamos assim: ‘os alunos não têm acesso à Internet, eles não estão conseguindo se adequar à tecnologia’. Poxa, estamos no século XXI, a educação está sofrendo essa defasagem, pois não houve um plano pré-pandemia. A culpa não é apenas das administrações atuais, mas dos governos como um todo. O professor é desvalorizado, o aluno está indo para escola fugir dos problemas. Não acho que é de hoje essa dificuldade em aprender, mas ela vem de muito tempo”, ressalta.
Um dos desejos do educador é que a escola seja um local mais adequado para o aluno, de forma com que os aprendizados passados no ensino básico sejam o suficiente. “Que a gente consiga lidar com todas as diferentes realidades, que possamos preparar eles de forma melhor, principalmente com o apoio da sociedade e da família”, pensa.
O que dizem os alunos?
Para a estudante do 3º ano do ensino médio, Jenifer Damke, 18 anos, mais um ano de estudos pode auxiliar nas dificuldades de aprendizagem que a pandemia impôs sobre os alunos. “Principalmente para aqueles que se afastaram dos estudos por conta das aulas EAD. Isso não irá postergar sonhos ou objetivos, por ser algo opcional”, sublinha.
Jenifer, porém, não pretende continuar estudando após finalizar o atual ano letivo. “Tenho enfoque em ingressar em uma faculdade, já que busquei outras formas de estudo durante o período de pandemia. Mas caso isso não seja possível, vejo o 4° ano como uma possibilidade de estar mais qualificada e preparada para a realização de vestibulares”, pressupõe.
O aluno também do 3º ano, Herik Willian Radtke, 17 anos, destaca que vai continuar estudando, mas não no 4º ano. “Como será opcional, acredito que as pessoas que foram afetadas com isso, poderão aproveitar bem”, prevê.
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