*Rodrigo Otávio Câmara Monteiro
Maio de 2024 passou. Não foi um mês qualquer para Bento e para o RS. Deixou muita devastação, muitos prejuízos e, principalmente, muita dor. Expôs fragilidades, mas também mostrou virtudes e trouxe ensinamentos.
Depois de todo esse evento, não resta qualquer dúvida de que o Rio Grande do Sul é fortemente sensível aos reflexos dos impactos ambientais em nível global. A entender, El Niño e La Niña, fenômenos que justificam em boa medida o que aqui vem acontecendo nas últimas décadas e que também ajudam a entender o aumento na frequência de ocorrência desses eventos climáticos extremos.
Tá dado o recado: teremos que aprender a conviver com eles, seja extremo de cheias como de secas. E aqui cabe a necessidade de melhor compreensão de como estes eventos impactarão em cada região. Em Bento Gonçalves, com topografia bem acidentada em boa parte do município e com ocupações em áreas de cotas baixas, é estratégica a implantação de tecnologias de monitoramento contínuo hidrológico, geológico e meteorológico com dados confiáveis e de boa cobertura, assim como a estruturação de um plano de contingência para a prevenção de futuras tragédias.
Toda a reação, força, resiliência e solidariedade que Bento mostrou nas últimas semanas, seja da prefeitura e de suas estruturas, seja do Corpo de Bombeiros, sejam das instituições que compõem o Bento+20 e os movimentos “Unidos por Bento” e Bento em Ação”, seja do 6°BCom e das Forças de Segurança e, sobretudo, dos milhares de voluntários, deve permanecer e deve se consolidar como referência e exemplo também na constante aproximação entre as políticas públicas e a ciência, utilizando-se, exaustivamente, das experiências e expertises das Instituições e Conselhos de Educação, de Ciência, de Inovação e de Tecnologia, assim como manter, sempre que possível, perfis técnicos em cargos estratégicos na estrutura do poder público.
Vamos trabalhar juntos pelo futuro de Bento. Vamos aproveitar o potencial de mobilização de todos os entes do nosso município para a seca de impactos climáticos indesejáveis e pela enchente de ciência e tecnologia nas políticas do nosso município.
*Diretor-geral do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS)