Pandemia do coronavírus abriu leque de possibilidades para criminosos aplicarem golpes na internet

Uma aposentada, de 72 anos, que preferiu não ter o nome divulgado, recebeu uma mensagem no aplicativo WhatsApp, supostamente da filha, informando que trocou o número de telefone. Contudo, a conversa não parou aí. Logo após, o remetente pediu dinheiro emprestado, alegando precisar pagar uma fatura.

Como é de costume emprestar dinheiro à filha, a aposentada não desconfiou. No dia 16 de abril, a idosa foi até a Caixa Econômica Federal do bairro Cidade Alta, em Bento Gonçalves, onde fez o depósito de quase cinco mil reais, em uma conta enviada durante o diálogo. “Às vezes empresto e ela me devolve depois. Claro, nunca um valor tão alto, mas ela disse que devolveria no outro dia de manhã”, relata.

A surpresa aconteceu ao voltar para casa com o comprovante em mãos. Ao encontrar a filha pessoalmente, descobriu que ela não havia solicitado nada. Ao se dar conta de que havia caindo em um golpe, imediatamente as duas retornaram ao banco, mas foram informadas de que nada poderia ser feito. “O rapaz que nos atendeu disse que o dinheiro estava perdido, porque já tinha depositado”, lembra.

Inconformadas com a situação, dirigiram-se até a delegacia de polícia, onde registraram um boletim de ocorrência. Com o documento, foram até a Caixa do centro, onde o final feliz aconteceu. “Conversei com minha gerente, que conseguiu reverter. Recebi meu dinheiro de volta, porque o golpista não tinha retirado ainda, estava aguardando o comprovante de deposito”, conta.

Aumento significativo dos golpes online

O isolamento social, imposto como medida de proteção contra a pandemia do coronavírus, fez com que as pessoas interagissem ainda mais pelas redes sociais. A partir daí, de acordo com o titular da Delegacia de Pronto Atendimento, delegado Álvaro Becker, “abriu um leque de possibilidades de golpes pelos cybercriminosos, tendo em vista as fragilidades dos usuários quanto a aplicação da segurança nos aplicativos”, aponta.

Desde o início da pandemia, os golpes foram aumentando cada vez mais. O pico ficou entre os meses de junho e julho do ano passado, com registros de ocorrências acima de cem. Ao todo, segundo o delegado, entre 2020 e março de 2021, foram registradas 1.184 ocorrências. “Envolvendo vários tipos de fraudes pela internet, entre eles, o de pedir dinheiro para contatos, que por sinal é o mais comum, num percentual de 40% desse total”, revela.

Fique atendo aos sinais

1) A verificação em duas etapas no WhatsApp é uma das melhores maneiras de garantir a segurança dos dados, segundo especialistas em cybercrimes. A função pode ser habilitada no próprio aplicativo, na aba “configurações” e depois em “conta”.

2) Jamais informe códigos de SMS para ninguém

3) Não clique em links suspeitos ou de origem desconhecida, recebido por redes sociais, e-mail ou mensagem de texto

4) Observe sempre a grafia dos textos escritos, erros grosseiros de português podem ser um alerta de golpe

5) Desconfie de ligações oferecendo serviços especiais e exclusivo

6) Ao receber mensagens pedindo dinheiro, verifique por outro meio se a pessoa que está solicitando é a verdadeira

Cai em um golpe. E agora?

Existem maneiras de recuperar a conta com o mesmo número. De acordo com Becker, caso ela ainda não apresente autenticação, a verificação em duas etapas será criada pelo golpista logo após se apoderar dela. “A dica é entrar no aplicativo e quando solicitado o código único, tentar qualquer combinação sete vezes. Após as tentativas erradas, o próprio Whatsapp vai bloquear a conta, inclusive no celular dos criminosos, por sete dias”, explica.

O próximo passo é enviar mensagem para o suporte do aplicativo (support@whatsapp.com), informando a situação. “O aplicativo irá pedir informações para comprovar quem é o titular da conta. A liberação pode demorar até uma semana”, conclui.