Estimativa considera os dados da pesquisa mensal realizada pelo Procon Municipal
O aumento no preço nas prateleiras dos supermercados vem sendo sentido ao longo dos anos pelos brasileiros. Em Bento Gonçalves, a situação não é diferente. O custo da cesta básica aumentou 65% em três anos, com base na comparação dos dados divulgados pelo Procon Municipal em sua pesquisa mensal. O custo para uma família de quatro pessoas passou de R$654,19, em março de 2019, para R$1.080,42, no mês de 2022, em média.
O levantamento analisa 32 produtos divididos em alimentação, limpeza doméstica e higiene, referentes a nove supermercados. O aumento nos preços acompanha o cenário brasileiro. Segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor da cesta básica aumentou em 16 das 17 capitais brasileiras analisadas.
Entre os alimentos que mais registraram elevação no preço nos últimos três anos estão aqueles considerados commodities (matérias-primas com cotação internacional), como soja, café, açúcar e carne. Com relação a esses produtos, considerando o menor preço encontrado, no período, a Capital do Vinho registrou aumento de 234% no óleo de soja; 98,8% no café; 121,3% no açúcar; e 85,8% na carne de gado.
A aposentada Márcia da Sena relata que teve que se adequar em casa, devido aos acréscimos constantes. “O aumento foi geral, mas os legumes e a carne estão absurdos. Olha o valor do quilo do tomate, da cenoura, da batata, que eram coisas bem baratas. A carne está R$40, R$ 50 reais o quilo. Reduzi a quantidade de alimentos em casa, se antes se comia dois bifes, hoje se come um. Faz com batata ou com legumes, para incrementar. Compro aquilo que falta, nas ofertas. Não tem mais aquilo de tu receber e fazer o rancho do mês todo, sem condições. Corre atrás da promoção, pegando apenas o que é de extrema necessidade. Tu até deixa de comer tudo aquilo que gosta pra conseguir dar a volta”, conta.
A adaptação ocorre também na hora da compra.
A aposentada Deliana Giacomelli aponta que procura as promoções. “No geral, tudo que a gente consome no dia a dia, carne, pão, legumes, verduras, leite, tudo aumentou muito. Não vou pela marca, vou pelo melhor preço. O valor das compras pesa e bastante. Além de aposentada, tenho mais outros dois trabalhos, porque se eu viver só com a minha aposentadoria, não dá”, expõe.
A dona de casa Stefani Vitória da Silva, comenta que sentiu a subida dos preços dos produtos que compõem a cesta básica. “Aumentou bastante o preço da carne e, comparado ao mês passado, notei diferença no óleo de soja, no arroz, em todos os itens básicos, que é o que não dá pra deixar de comprar. A gente substitui por uma marca mais barata, compra em menor quantidade, sem desperdício. As famosas besteirinhas, abrimos mão. Até compra, mas com menos frequência”, salienta.
Já a auxiliar de produção, Ana Caroline Araújo dos Santos, observa o acréscimo nos gastos com o supermercado. “Prefiro fazer a feira do mês, não gosto de estar todo dia no mercado, porque sempre a gente vê algo e compra a mais. Então se precisa fruta, que é o que a gente não tem como comprar para o mês todo, procuro as ofertas, pesquiso os lugares onde tem promoção. Para fazer uma feira, a gente gasta R$300 ou R$ 400, coisa que fazíamos com um menor valor. Está sendo muito complicado comer bem hoje em dia”, aponta.
Peso no orçamento
A partir da pesquisa deste mês, o Dieese calcula quanto deveria ser o salário mínimo para a manutenção de uma família de quatro pessoas com base no custo da cesta mais cara. Em janeiro de 2022, o valor seria de R$ 5.997,14, o que equivale a quase cinco vezes o valor do mínimo atual, de R$ 1.212.
A auxiliar de produção Júlia Mesquita Nascente comenta que os preços aumentaram bastante, mas a remuneração permanece a mesma. “A gente trabalha e, quando der uma folga no final de semana, fazemos um extra. Só aumentou os produtos, mas o salário nada. Está pesando demais e, pelo jeito, a tendência é só piorar”, revela.
O pizzaiolo Evandro dos Santos confirma a posição. “Estamos trabalhando com o desperdício, quanto menos tiver, melhor, porque não dá pra se jogar nada fora. É complicado, porque se é uma família que recebe um salário mínimo, tu não sabe se compra, come, paga o aluguel ou outra conta. Vai ter que fazer um sorteio”, assinala.
Aumento nos preços é motivado por diversos fatores, aponta AGAS
Segundo o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS), Antônio Cesa Longo, uma série de motivos está pressionando os preços. “O contexto internacional não é favorável, com alta de exportações e as incertezas da Guerra na Ucrânia. A reação em cadeia é inevitável”, ressalta.
Longo afirma que o setor tem buscado alternativas para minimizar este impacto, como novos fornecedores, realizando promoções e espremendo suas margens. “Há aumentos de custos em toda a cadeia, que impactam no preço final dos produtos e que não podem, neste momento, ser absorvidos pelo consumidor. É um cenário em que os clientes estão com menos renda e o setor supermercadista tem buscado fazer sua parte para se ajustar a isto”, defende.
Para ele, há uma mudança no comportamento do cliente. “Ele passou a visitar menos vezes o ponto de venda durante a pandemia e, só agora, começa a retomar a frequência anterior às lojas. Além disso, está mais ansioso e valorizando muito seu dinheiro, que está reduzido. A capacidade de gerir seus recursos faz do consumidor brasileiro um verdadeiro professor de finanças neste momento, tais são as engenharias que percebemos em nossos estabelecimentos”, declara.
Procon atua na fiscalização de preços abusivos
Conforme o órgão público, vários fatores podem influenciar na variação dos preços dos produtos do supermercado, tais como: valor da moeda nacional, oscilação de mercado, inflação, oferta e demanda, situações de escassez e também questões climáticas, que afetam diretamente os valores de comercialização dos produtos que compõem principalmente os itens da cesta básica. Nesse sentido, o Procon realiza a fiscalização, com a verificação quanto a existência ou não de abusividades relacionadas aos preços, por exemplo, quando se tem um aumento sem justificativa plausível.
Segundo o coordenador do Procon Municipal, Maciel Giovanella, a atuação também compreende a fiscalização com relação à validade de produtos, precificação, cumprimentos de ofertas e promoções. Além disso, em conjunto com outros órgãos, também trabalha em relação à qualidade e quantidade de produtos, bem como questões voltadas à segurança alimentar.
Giovanella orienta que sempre que o consumidor estiver em dúvida quanto aos seus direitos deve procurar o Procon, o que pode ser feito através dos telefones (54) 3055-8547 e (54) 3055- 8544, ou então presencialmente.
As irregularidades verificadas também podem ser denunciadas pelo e-mail procon@bentogonçalves.rs.gov.br ou por meio da abertura de reclamação via Procon Online, acessando o link: https://bentogoncalves.atende.net/cidadao/pagina/procon-online
Preço dos medicamentos sobe até 10,86%
O governo federal autorizou o reajuste dos preços de medicamentos desde sexta-feira, 1º de abril. Conforme anúncio da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), em publicação no Diário Oficial, os remédios terão aumento de até 10,89%.
Desde a sexta, as farmacêuticas já podem aplicar o reajuste – mas cabe às empresas definirem os novos preços, já que os percentuais são os de reajustes máximos.
A alta nos preços já havia sido antecipado pelo Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) e ficou acima da inflação do ano anterior: em 2021, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 10,06%.
A pesquisa leva em consideração os seguintes itens:
Óleo de soja 900 ml
Extrato de tomate Sachê 340 gr
Sardinha 125 gr
Vinagre de Vinho 750 ml
Massa com ovos 500 gr
Acúcar 5 Kg
Arroz Tipo 1- 5 kg
Feijão Preto Tipo 1- 1 Kg
Farinha de Trigo Especial 5 kg
Farinha de Milho Média 1 Kg
Sal 1 kg
Biscoito Doce 400 gr Maria
Biscoito Salgado 400 gr Água e Sal
Café em Pó 500 gr
Achocolatado 400 gr
Margarina 500 gr
Ovos vermelhos 1 dúzia
Leite Integral Cx
Chuleta kg
Costela minga kg
Carne de Frango kg
Creme Dental 90 gr
Sabonete 85 gr
Papel Higiênico 4 rolos 60m
Sabão em Pó 1 kg
Detergente Líquido 500 ml
Desinfetante Pinho 500 ml
Esponja de aço pacote 8 unidades – 60gr
Esponja dupla face unidade
Água Sanitária 1lt
Amaciante 2lt
Sabão em barra amarelo 400 gr
Foto: Laura Kirchhof