2013 no buraco

Se o ano que inicia deveria trazer pelo menos um alento aos motoristas que trafegam pelas estradas serranas com o início das obras de recuperação patrocinadas pelo Crema, a suspensão da licitação frustra mais uma vez a expectativa serrana. Repleto de informações desencontradas, nem o governo estadual sabe efetivamente o que aconteceu, mas o que fica é o descaso com a região. Para a Associação dos Usuários de Rodovias da Serra Gaúcha (Assurcon), a licitação foi suspensa porque os editais não previam a qualidade dos serviços prestados ou mesmo a penalização pelo descumprimento, o que, convenhamos, é um absurdo completo e demonstra que algo está muito errado. Ou falta competência ao Daer ou – não sei o que é pior – há uma deliberada má vontade com a região. Ou mesmo um premeditado adiamento por conta da falta de recursos. Com a necessidade de um novo processo, só veremos obras por aqui no segundo semestre. Neste sentido, 2013 inicia como encerrou o ano que passou: no buraco.

Estão certas as entidades regionais, que concentram esforços para reverter a caótica situação protagonizada pelo Estado. Desde a semana passada, a Cics Serra, o CIC de Bento, a prefeitura e a Câmara de Vereadores apontam suas baterias para exigir uma solução imediata e cobrar o cumprimento e a ampliação das ações previstas no Crema, reforçando o que foi tratado pelos presidentes das duas entidades em reunião realizada com a direção do Daer no dia 9. Um dia depois, o governo gaúcho anunciou R$ 2,2 milhões para a manutenção das estradas, além de se comprometer a implementar as ações previstas no Crema em, no máximo, três meses. Esta semana, uma operação tapa-buracos amenizou a situação, mas ainda estamos longe do ideal. Neste sentido, as tão necessárias duplicações não passam de promessas distantes.

NA CANCELA

A Serra Gaúcha está no foco dos debates sobre o futuro dos pedágios caríssimos do estado. A primeira audiência pública do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) com as comunidades gaúchas para decidir o novo modelo de pedágios para o Rio Grande do Sul será em março. Depois, em abril, quando encerra o contrato de concessão do pedágio de Farroupilha, os motoristas que trafegam pela RS-122 estarão livres do extorsivo achaque a que estão expostos a anos. A verdade é que o modelo estadual nasceu de uma base equivocada, há 15 anos, e consolidou uma realidade em que o usuário paga uma tarifa muito alta e tem um retorno quase insignificante. O problema é que, do jeito que as coisas estão, corre o risco de que, sem o pedágio, aí sim, as estradas inaugurem um período de deterioração ainda maior. Afinal de contas, pelo que se vê, o Estado não tem capacidade de conservar as rodovias.

O preço e o bônus

A manutenção do preço mínimo da uva nos atuais R$ 0,57 o quilo não agrada aos produtores, que veem os custos de produção subirem, mas responde a um cenário desfavorável, com altos estoques de vinho e concorrência acirrada com os produtos importados. Para a Comissão Interestadual da Uva, o preço mínimo se mantém pelo menos R$ 0,10 abaixo dos custos de produção. A boa notícia é que o produtor seguirá recebendo bonificação pela qualidade da produção: o produtor receberá 7,5% a mais para cada grau babo acima dos 15 graus para uvas híbridas e de 16 para as viníferas. Em 2014, a Conab irá ampliar esse valor para 10% a mais para cada grau. Até a safra anterior, esse acréscimo era de 5%. Os produtores, que reivindicavam um preço mínimo de pelo menos R$ 0,64, não estão motivados, e a safra deverá ficar 20% menor que a anterior, depois de crescer mais de 30% em dois anos. Pelo menos, espera-se que a indústria do vinho consiga absorver toda a produção.

Em destaque

Parece que não existe vontade de tocar. Pelo contrário: queremos que o Crema seja modelo. Carlos Eduardo de Campos Vieira, diretor-geral do Daer.

Para onde vai a Fenavinho?

Agora é definitivo: a Fenavinho não será realizada este ano, e deverá ficar para 2014. Mesmo que o adiamento fosse dado como certo desde pelo menos o início do segundo semestre do ano passado, a definição ocorreu na semana passada, após um encontro entre a prefeitura e os dirigentes da Oscip que comanda a festa. Oficialmente, a justificativa para o adiamento é que não haveria tempo para planejar o evento, marcado inicialmente para os meses de janeiro e fevereiro deste ano. Ora, é claro que, se a intenção fosse realizar a festa este ano, o planejamento teria que iniciar bem antes, o que não aconteceu. Na verdade, a Fenavinho vive um dilema que precisará ser resolvido este ano. Sem data estipulada para a 16ª edição ou sequer um formato definido, a festa está atolada em dívidas e ações que cobram pagamentos atrasados na Justiça. Uma nova reunião, marcada para fevereiro, deverá bater o martelo para o início da organização do evento para o ano que vem. É necessário montar uma diretoria, escolher as soberanas e resolver os problemas jurídicos da festa. Além disso, será preciso fugir da concorrência com a Festa da Uva. A Fenavinho não pode morrer, mas precisa mudar, ser mais transparente, mais profissionalizada e se abrir à participação efetiva da sociedade organizada. Em síntese, é urgente abrir a caixa preta da Fenavinho, lamber as feridas e reinventá-la.

Ponto

A já tradicional palestra-almoço do prefeito no CIC/BG, que abre oficialmente a programação externa da entidade, já tem data marcada.

Dia 11 de março, Guilherme Pasin participa pela primeira vez da programação, e deverá apresentar as diretrizes da política econômica de seu mandato. A expectativa é grande.

Atuando desde o início de janeiro como presidente da CDL/BG em substituição a Helenir Bedin, Marcos Rogério Carbone toma posse oficial no dia 7 de março. No evento, fará a entrega do Mérito Lojista.

Um balcão de negócios com empresas que realizarão investimentos com incentivos do governo através do Fundopem em Bento. Essa é a proposta do Programa Desenvolve RS, que fechou parceria com o CIC para ampliar as atividades por aqui.

Uma boa oportunidade para aproximar as empresas locais de oportunidades de investimentos regionais e nacionais.

A Fepam definiu que na próxima semana deverá retomar os processos de licenciamento ambiental, paralisados desde o final de novembro.

A ausência da Fepam tem gerado problemas para as empresas de Bento e prejudicado projetos de expansão.

2013 começa com perspectivas de mais inflação e crescimento menor. Será preciso muita criatividade para crescer.