No município, 6.145 pessoas fazem tratamento pelo SUS. Além disso, o Brasil é o sexto país no ranking de incidência de diabetes no mundo e o primeiro colocado entre os países da América Latina

No domingo, 26 de junho, foi celebrado o Dia Nacional do Diabetes. Conforme dados divulgados pela Federação Internacional de Diabetes (IDF), a doença acomete cerca de 537 milhões de adultos com idade entre 20 e 79 anos, o que simboliza 10,5% da população mundial incluída nessa faixa etária.

Em Bento Gonçalves, 6.145 pessoas fazem tratamento para a doença pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que corresponde a 5% da população. Além disso, o Brasil é o sexto país no ranking de incidência de diabetes no mundo e o primeiro colocado entre os países da América Latina. Ao todo, são 15,7 milhões de adultos diabéticos, e até 2045, a probabilidade é que a doença alcance mais 23,2 milhões de brasileiros.

O endocrinologista do Hospital Tacchini, Alexandre Paggi, afirma que diabetes é uma situação clínica descrita há muitos anos, que se caracteriza pelo acúmulo de açúcar no sangue. “Esse excesso faz com que as pessoas urinem exageradamente, e esse sintoma é que deu o nome da doença, que em grego, significa ‘fonte”, explica.

Conforme o médico, existem dois tipos de diabetes: a mais comum é a tipo 2, que se manifesta em adultos e, das crianças, que é chamada tipo 1. Em adultos, o diagnóstico é feito, na maioria das vezes, através de exames laboratoriais de rotina. “Isso indica que a partir dos 45 anos de idade, mais ou menos, as pessoas precisam fazer pelo menos uma dosagem anual de glicose, devendo isso ser feito mais cedo se as forem obesas, sedentárias ou tiverem familiares com a doença”, menciona.

Atenção às crianças

No tipo 1, a doença é sempre sintomática, e Paggi alerta que é preciso prestar atenção nos sinais. “Crianças que começam a tomar muita água, urinar demais, na escola passam a pedir repetidamente para ir no banheiro, as que já não faziam mais xixi na cama voltam a urinar à noite. Os pais e familiares têm que estar atentos, porque elas podem estar desenvolvendo diabetes”, alerta.

Na primeira suspeita de que uma criança esteja com a doença, o endocrinologista destaca que é necessário procurar atendimento médico. “Através de um teste simples no dedo, consegue-se saber se a glicose das pessoas está normal ou alterada. Nos pequenos, o retardo do diagnóstico pode causar uma situação muito séria, que é a chamada cetoacidose diabética, que põe a vida em risco. Em qualquer desconfiança, tem que procurar um serviço de saúde e insistir que seja feito um teste”, reitera.

Causas do diabetes

De acordo com Paggi, existe uma correlação genética familiar de predisposição da ocorrência do diabetes, mas o tipo 2 é associado à obesidade, ao sedentarismo e aos maus hábitos alimentares. “Por isso que o consumo de alimentos deve ser dos menos industrializados, deve-se ingerir a comida de verdade e realizar atividades físicas”, indica.

Além disso, existem, também, medicamentos que colaboram com o surgimento da doença, especialmente os corticoides. “As pessoas têm que estar atentas, que quando elas têm uma tendência a desenvolver diabetes, tenham a glicose que fica no limite, ao usar corticoide por algum outro problema de saúde, podem fazer com que a glicose aumente e desenvolvam o diabetes”, alerta.

Doença silenciosa

A auxiliar de limpeza, Marlene Fátima da Costa, 58 anos, afirma que descobriu a doença, do tipo 2, há 18 anos. “Trabalhava em um hospital, me senti mal no trabalho, fiquei suada e me senti tonta, com um mal-estar muito grande. Fui para o ambulatório e, chegando lá, já entrei para o oxigênio. Foi feito o exame e eu estava com diabetes. A glicose não era muito alta, estava 114 quando descobri, e já passei mal”, conta.

Antes desse dia, ela não teve nenhum outro sintoma. “Essa doença é bem silenciosa, quando você vê, está com a doença e nem sabe. Foi por causa do meu estresse que apareceu o diabetes, e hoje, se eu tiver estressada o nível da glicose sobe, mas sou de controlar bastante. Comprei o aparelho (medidor de glicose), então fico sempre olhando se está tudo bem”, relata.

Na ocasião, Marlene relata que seu médico lhe deu muitas recomendações. “Ele pediu para cortar totalmente o açúcar, o café, disse que não posso me estressar. Nas comidas, nada de gordura, mais coisas integrais para levar a vida, porque o diabetes não tem cura”, cita.

O tratamento para o caso dela não inclui administração de insulina. “Tomo meu remédio todos os dias, duas vezes e dá para controlar bem”, finaliza.

Diabete gestacional

A diabetes gestacional costuma se desenvolver devido a uma resistência à insulina provocada pelos hormônios da gestação. Normalmente, esse tipo da doença desaparece depois do parto e, raramente, gera sintomas, embora, em alguns casos, possa surgir visão turva e muita sede.

A diabetes gestacional quase sempre tem cura após o parto, no entanto, é importante seguir corretamente o tratamento proposto pelo médico, já que existe um risco elevado de se desenvolver diabetes mellitus tipo 2 em cerca de 10 a 20 anos e também de sofrer com a diabetes gestacional em uma outra gravidez.

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