Na terça-feira, 6 de agosto, celebrou-se o Dia Nacional dos Profissionais da Educação, uma data instituída pela Lei nº 13.054, sancionada pela então presidente do Brasil Dilma Rousseff, em 22 de dezembro de 2014.
A data visa homenagear o trabalho de todos os profissionais que atuam na formação de novos cidadãos, entre eles professores, diretores, assistentes, coordenadores, supervisores e ocupantes de cargos no poder público voltados a educação.
A celebração se faz presente em um momento crucial, onde novas tecnologias, como o Chat GPT, causam impactos significativos nas salas de aula, gerando conflitos e debates acerca do uso. Muitos educadores temem um mau uso dessas ferramentas, com receio de que elas causem um relaxamento nos alunos, ou, que dissolvam as relações humanas como conhecemos. Ao mesmo tempo que a tecnologia traz incertezas, os profissionais da educação trabalham para aproveitar os benefícios presentes nessas inovações.
Para o docente Alexandre Cortez Fernandes, doutor em educação pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), onde é professor integral, e também professor na Faculdade da Serra Gaúcha (FSG), é essencial que seja encontrada uma solução onde as tecnologias se tornem colaborativas no ambiente educacional:
“O avanço da inteligência artificial é uma questão importante a ser debatida. Já convivemos com essa tecnologia há bastante tempo, como no Word, que corrige automaticamente palavras digitadas erradas. No entanto, o ChatGPT é muito mais complexo. Na sala de aula, é importante adotar essas tecnologias e inseri-las de forma colaborativa, ao invés de vê-las como algo maléfico”, diz.
Alexandre apresenta uma visão cética acerca das tecnologias: “Preocupa-me que a Inteligência Artificial esteja destruindo as relações sociais no ambiente educacional. Como disse um filósofo, temo que acabemos ‘na ponta dos dedos’, com as pessoas desaprendendo. Não sou contra a tecnologia, simplesmente proibir o ChatGPT e outras ferramentas similares, seria uma atitude extrema, acredito que devemos nos educar sobre o assunto, e nossa geração deve ser responsável por esse processo. Não podemos resumir tudo a um clique. Zygmunt Bauman é um dos pensadores que destacam essa deterioração nas relações humanas”, explica.
Márcio Pilotti, diretor da Escola Municipal de Ensino Médio Alfredo Aveline e mestre em Docência Universitária pela Universidade Tecnológica Nacional – Faculdad de Buenos Aires, defende que “os professores devem estar aliados às novas tecnologias, incluindo metodologias ativas no fazer pedagógico, compreendendo que os adventos tecnológicos são ferramentas à serviço da aprendizagem.” Ele destaca que essas tecnologias, com a devida utilização, podem complementar e enriquecer práticas tradicionais como a literatura e o estímulo ao pensamento lógico-matemático, elementos que “devem permear todo o processo de ensino”, diz.
Pilotti também ressalta o papel crucial da interação entre professor e aluno para uma educação eficaz: “A interação entre educador e estudante é imprescindível nesse processo.
Nortear o fazer pedagógico, aliado às novas tecnologias, fará com que o aluno relacione as habilidades ao seu cotidiano, tornando assim ainda mais significativa sua aprendizagem.” Reforçando a necessidade de integrar ferramentas modernas com práticas pedagógicas.
Aproveitando os benefícios das novas ferramentas, o ambiente de ensino se torna mais dinâmico e relevante para os alunos.
A secretária de Educação do município de Bento Gonçalves, Adriane Zorzi, também conscientiza sobre a inserção de aparelhos tecnológicos no âmbito educacional, ressaltando que “o uso das tecnologias no ambiente escolar colabora com a pesquisa e o desenvolvimento dos alunos”. Ela também alertou que a utilização inadequada dessas ferramentas pode prejudicar o processo de ensino, especialmente se não houver um planejamento focado por parte dos professores.
Quanto às medidas tomadas pelo poder público para que haja um bom uso das tecnologias, Adriane detalhou os esforços da Secretaria Municipal de Educação, enfatizando a formação continuada de professores e o desenvolvimento de projetos multidisciplinares. Ela mencionou a importância de “espaços como a Sala de Proficiência, investimentos em equipamentos para as escolas, e parcerias com instituições de Ensino Superior” como iniciativas cruciais. Além disso, os Projetos Norteadores Escolares, segundo Adriane, estão alinhados com os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável e a Agenda 2030, promovendo o uso responsável das tecnologias e o estímulo ao pensamento científico.